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Contos-->Capitão Dólmen -- 26/12/2016 - 23:06 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O sol não tinha botado o olho de fora, quando Nhá deu pela falta do menino. Já era rapaz, mas para a mãe, continuava sendo ‘meu menino.’ Deixou o dia acabar de amanhecer, e seguiu as pegadas: um par de alpargatas rotas, passaram por ali, antes de cantar o galo. Tinha muita coisa a fazer naquela hora não! O dono do rastro, já devia estar longe! Filho ingrato!  Ela o pegara ainda pequeno para criar. Órfão de pai matado na festa da padroeira, e de mãe morrida no parto. Escapou. A criança não atendeu ao chamado da morte, que rondou seus  primeiros dias de vida, porque uma cabra parida, o socorreu com leite. Nhá  Santa não tinha terras, nem teto, morava de favor num casebre, como agregada do Capitão Dolmênico. Capitão Dólmen, como o povo o chamava, era uma pedra. Seu coração era uma pedra enrustida de ódio.

Nhá Santa tentou vender a cabra para o capitão, mais meia dúzia de galinhas, e uma porca sem cria.

— Não compro por preço nenhum! Estou sem dinheiro.

Vendeu no Pau d’Óleo, por alguns vinténs de cobre. Nhá pegou a estrada carroçável, sem saber para aonde ir. Talvez n’alguma fazenda, encontrasse pistas do menino.

— Bom-dia doutor!

— Bom-dia. A que devo a honra de receber uma visita nas primeiras horas da manhã?

— Sou Onofre do Borá.

— Não é tão longe. Conheces o Capitão Dolmênico?

— Trabalhei para o capitão Dólmen até ontem.

— Qual foi a desavença?

— Com ele, nenhuma! Mas desentendi com minha mãe de criação.

— Deves procurar um padre. Aqui não tem confessionário.

— Não é coisa de rir, doutor.  Viajei pedaço de noite, pra chegar até aqui.  Não tenho pai, nem mãe.  Aprendi a arte de vaqueiro com um tio que me criou. Já me acho na idade de tomar rumo na vida. Tenho dezessete anos!

— Seu tio morreu?

— Faz anos! Era marido de Nhá Santa. Mãe Nhá Santa acabou de me criar. Mas me desentendi com ela. Levei sete lapadas de relho ensebado. E fugi de casa. Aguento isso mais não, seu Generoso.  Já sou homem pra enfrentar a vida. Qualquer serviço me serve.

O fazendeiro virou o rosto de lado. Precavendo-se para esconder uma ameaça de riso: ‘sete lapadas de relho ensebado,’ apresentadas como argumento, numa entrevista de emprego!...Nunca zombara da desgraça alheia, mas naquela hora, podia ser que não conseguisse se controlar. O sorriso se desfez. Ele mesmo tinha levado sete chibatadas com vergalho de touro.

— Amanhã, você escolhe um cavalo e os arreios. Temos uma rês  debandada. Agora, vá descansar com os outros vaqueiros. Tomar intimidade com a fazenda. O almoço é às dez. 

***

Adalberto Lima - fragmento de Estrada sem fim...

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