Euzébia bebericou a comida. Vomitou o pouco que comeu e dormiu sono leve. Ouviu como que a voz de um anjo a sussurrar em seu ouvido: ‘Aprouve a Deus não poupar o próprio filho.’
Acordou.
Sentiu o perfume adocicado de canela e jasmim penetrar no quarto. Era Nhá Santa chegando com uma caneca de chá.
O som do berrante fez-se ouvir longe e Euzébia deduziu que fosse Onofre chamava o gado. Ela via com os olhos do coração José Lima montado num cavalo, afoito e ligeiro...Seu filho era o melhor vaqueiro da fazenda (depois do pai). Nem respeitou a fama que percorria de Onofre em toda redondeza e o tornara tão conhecido como Manuelzão.
O chá começava a dar efeito.
Entre um piscar e outro de olho, ela pensava: um daqueles bois caminha para a morte, sem saber. Também com o ser humano é assim. Se José Lino soubesse que ia morrer, não teria ido procurar onça no mato.
***
Adalberto Lima - trecho de Estrada sem fim...
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