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Contos-->Até que a morte os separe -- 22/05/2017 - 21:07 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Champanhes estouraram. Balões  sobem decorando o teto com diversas cores. Rodas de amigos se formam. Brindam a saúde dos noivos.
A hora avança. Os convidados se apressam.
O jantar foi servido, sem que houvesse tempo para muita conversa.
— Os noivos estão cansado — disse alguém em tom zombeteiro.
— Cansados de quê?
— De esperar que os convivas se retirem.
Houve uma explosão de riso, seguido de pisadas de vultos que se retiravam.
Finalmente, sós — pensaram os dois simultaneamente — se é que é possível ler o pensamento.
— Larga essa vassoura, Morga!
— A vida a dois começa assim, trabalhando. Não me importo com a bagunça. Diverti muito. Mas preciso limpar essas coisas...
— Posso te ajudar?
— Só temos uma vassoura. Recolha as bexigas...E as garrafas...
— Deixe que eu arrasto os móveis. São pesados demais...Não quero passar a lua-de-mel cuidando de uma doentinha.
Ela riu.
— Já esqueceste as juras: ‘na saúde...na doença...’.
— A busca pela saúde, antes de ser uma luta travada contra a doença, é um ‘exercício militar’ em campo de batalha com  um inimigo invisível. Por isso, a cautela é a melhor arma.
— Queres dizer batalha espiritual?
Ele perdeu a linha de raciocínio, esquecera-se que os pais de Morgana tiveram morte acidental.
— Não necessariamente. A batalha também é física. Os primeiros movimentos para nascer, já representam a busca incessante que devemos empreender à procura da luz. Isso pode, realmente, ter também uma simbologia espiritual.
— Vais passar a lua-de-mel filosofando?
— E tu vais passar a tua com uma vassoura na mão?
Percebeu que se saíra bem, desviando o foco de morte para a vida, embora por um momento, quase pusera a perder todo o encanto daquela noite.
— Dê cá essa vassoura! Não me casei com uma bruxa.
Ela segurou o riso. Robert   desde pequeno trazia esse perfil humorístico.
— Posso não ter me casado com um bruxo, mas me acho enfeitiçada...
Se tinha ela intenção de dizer mais alguma coisa, não conseguiu. Ambos se ocuparam em cuidar daquilo que aquela noite lhes oferecia.
A poucos metros de casa, as águas batiam  fortemente nas pedras artificialmente colocadas, para conter a ressaca do mar. Robert   estendeu a mão para desligar o abajur.
— Oh, não!... Tenho medo do escuro.
— Logo vem a aurora dissipar teus medos.
— Por que os medos se ocultarem à luz do dia, e nos atormentam, poderosamente assustadores na escuridão?
— Para explicar os medos noturnos é preciso estabelecermos um paralelo entre sonho e pesadelo.
Morgana ficou curiosa.
— Podes explicar isso, sem tomar valioso tempo de nosso sono?
— Pesadelo é a explosão de problemas reprimidos, que se manifestam em sonhos aflitivos. Quem nasceu no campo, sonha com boi querendo chifrá-lo. Isto é reflexo de seus medos e se transformam em pesadelo. Já o sonho tem um leque muito vasto de significados.
Robert   quebrou com uma gargalhada a concentração de Morgana, interessada que estava em desvendar os mistérios do sonho e do pesadelo.
— Por que riste?
— Lembrei-me de um verbete de Machado.
— Qual? — ‘O sonho coincidiu com a realidade, e as mesmas bocas uniram-se na imaginação e fora dela.’
Minutos depois...
— Safadinho! Quase me sufocou com teus beijos.
 — Gostei do ‘safadinho’! Na variante linguística carioca, isso significa menino travesso. E fazer travessuras é muito bom!
— Não me fale em Rio de Janeiro, me dá medo de bala perdida!


— Durmamos de mãos dadas, a aurora não tarda chegar.

***
Adalberto Lima, fragmento de Estrela que o vento soprou

 
 

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