Caro Infante,
“...........a gente se sente
como quem partiu ou morreu”
(Chico Buarque)
A roda viva agiganta-se, no espaço que se afunila.
Longe vai o dia em que temíamos-por fotografia-
leões e hienas ou fantasmas e bruxas
de feios semblantes. Hoje -que pena-
o medo reside no semelhante!
Inimigo
Não sou visionária,
mas a luz ordinária
da rua expressa
o medo me apressa!
E bons semelhantes
caminhantes de rua
camuflam inimigos
na sede perdidos.
Se ao menos eles fossem
gigantes algozes,
ou bichos ferozes
explicariam o medo,
que eu trago em segredo!
Mas é triste a história
quando na trajetória
nem mesmo fantasmas
assombram minh´alma.
E esse humano,
demente, insano,
é o tal inimigo,
que indicia o perigo.
É novo esse bicho,
sanguinário e com fome;
é bicho vizinho,
que tem sobrenome!
E com toda certeza,
essa fera com fome
foi somente um dia,
ingenuamente, um homem...
Maria da Graça Almeida
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