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Contos-->Fazenda Campo Grande (miniconto) -- 27/11/2017 - 13:03 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos








 O berrante cadencia o passo. O boi  faz a estrada. 
Ê boi,  ê boi... ê boi bom   cara pintada.
Ê boi, ê boi... Ê boi bom, pega a  estrada. 
Bôooi...
 




 A boiada avança rumo ao curral da ferrovia. Lança pedras com os cascos  na calçada, e segue apressada para a morte — sorte de boi. Boi-carreiro trabalha feito escravo para o patrão, e quando fica cansado de trabalhar,  vai para o corte. Pesado na balança. Cada quilo... E ainda se diz que é caro. Se a carne não for fraca, o preço bom. Também se reclama de  do ovo.  A galinha põe dezenas de ovos, e em paga,  ganha o milho, e o abraço apertado do galo... O galo nica, beija e bica a cabeça da galinha. Isso é que é carinho! Depois ela vai ao ninho, botar ovo pra chocar. Cria a pintainhada e a defende do gavião. Medroso, o galo se esconde sob as asas da galinha, como muitos maridos. Até Adão escondeu sua culpa pelo consumo do fruto proibido: ‘ A mulher que me destes, deu-me a comer... ’






O boi é bom. O homem é mau... Cara de pau,  põe careta no boi da cara preta e canta toada de ninar, que mais assusta a criançada do que faz dormir. Durma com um barulho desse:  ‘O cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada, o cravo saiu ferido, e a rosa despedaçada.’ Isso é educação que se dê aos filhos?  Rosa despedaçada... Rosa vermelha cor de sangue, em pedaços... pra leãozinho é uma boa toada. Pense nisto: O gravo não tem espinho. A rosa é que tem esporão de galo! ‘Dorme neném que a Cuca vai chegar...’  Vai ‘gostar’ do filho assim, longe de mim! Põe anjos nos sonhos de seu filho, não pesadelos. Somos todos culpados, desde pequenos: ‘A canoa virou...deixou de virar. Foi por causa de Rosinha que não soube remar... ’  Coitada da Rosinha!... Coitado do cravo: a vaca fica no pasto, comendo de mansinho. É o homem que vai pra guerra... A vaca fica nos pasto... Coitado do boi!’
Corisco sentiu-se sozinho e retornou  ao rebanho, a tempo de fazer sua viagem com destino ao céu azul dos montes claros. Também o boi ferido, sobreviveu. O  açougueiro, que veio botar preço em Lampião, descobriu que o animal sofrera um ferimento à bala na perna. Removeu o projétil com a mesma peixeira de retaliar gado, mandou aplicar mastruz e garantiu que em poucos dias o boi estaria recuperado. Não  dava mais para esconder seus pesadelos. Pururuca atirara  no boi, porque viu nele a alma de Zé Pilão. 
A boiada viaja. 
Rompe a estrada de Juramento a Montes Claros. Embarca lotando vagões da estação. Duas malas de dinheiro o fazendeiro leva pra casa. E depois da paga, vaqueiros vão à farra, endinheirados, beber cachaça  e vadiar com mulheres no cabaré da cidade. Cláudio Manuel Constâncio, o Pururuca, foi reconhecido numa batida policial de bordel. Reconhecido e preso  por um soldado amarelo, que exibiu uma precatória chegada da Bahia. Turíbio Soberbo e Dinotério confabulavam planos de criar peixe-leiteiro... E a fazenda Campo Grande, tornou-se uma página virada no livro da memória.
***

Adalberto Lima, trecho de Estrela que o vento soprou.
Imagem: internet








Adalberto Lima






Enviado por Adalberto Lima em 27/11/2017

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