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Contos-->Friendzone, Amizade em Pão de Mel -- 01/02/2018 - 19:37 (Luciana do Rocio Mallon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Friendzone, Amizade em Pão de Mel
Resumo
Shirley é uma jovem longe dos padrões de beleza que foi vítima de bullying durante o segundo grau. Por isto, pensou que nunca arrumaria um namorado. Ao entrar na faculdade, esta moça passa a frequentar um grupo de poetas. Lá ela conhece André e os dois iniciam uma linda amizade. André tem o vírus HIV, mas esconde a doença de todos. Porém Shirley descobre, mas não desiste de se encontrar com o amigo, pelo qual se apaixona. No mesmo ano, André volta para sua cidade natal e reaparece quinze anos depois para Shirley.
Capítulo 1
Era uma vez uma jovem chamada Shirley, que sofreu bullying durante a sua adolescência por ser obesa e masculinizada. Quando ela se aproximava, suas colegas mais populares cantavam a seguinte música:
- Maria Sapatão, Sapatão, Sapatão...
Sem falar dos xingamentos e expressões como:
- Gorda!
- Baleia!
- Você nunca arrumará um namorado!
Uma vez na brincadeira do amigo secreto seus colegas deram uma cueca com a palavra SAPATÃO com letras garrafais. Então Shirley foi chorar na coordenação e a pedagoga ainda disse:
- Adolescente é assim mesmo!
Capítulo 2
Shirley continuou sofrendo bullying na escola. Apesar dos problemas, em seus sonhos e fantasias, surgiu um namorado imaginário, que não possuía rosto, mas tinha alma.
Numa certa noite, esta garota estava mexendo em seu rádio. Quando, de repente, escutou a voz de um locutor declamando o seguinte poema:
“- Um namorado imaginário não é fantasia
Ele existe em algum lugar cheio de harmonia
Se ele vive em seu sonho, já é real
Feche os olhos e sinta um beijo do astral.”
De repente o disque-jóquei falou:
- Eu sou o Vargas e este é o programa Love Songs. Pois onde existe um rádio ligado, não existe solidão.
- Mande aqui, seu poema, sua carta de amor para seu namorado, marido, ou, até amigo imaginário.
- Não se esqueça de pedir aquela música que mexe com o seu coração, ou, até mesmo o tema do romance de vocês.
Quando Shirley escutou a expressão “amigo imaginário”, seu coração saltou e decidiu:
- Escreverei para ele!
A partir daquele dia, ela passou a escrever poemas dedicados a seu amigo imaginário. Esta garota, também pedia músicas de banda de rock que falavam de amor, exemplos: Escorpions, Bom Jovi, Guns, etc.
Sempre quando chegava à noite e Shirley sentia o frio da solidão, logo ela trava de ligar o rádio para escutar as cartas de amor e os poemas que o locutor Vargas declamava.
Capítulo 3
Quando Shirley terminou o segundo grau, suas esperanças se renovaram. Pois isto significava que o bullying poderia acabar e que depois do vestibular entraria na faculdade. No ano seguinte, ela prestou vestibular para o curso de Letras numa faculdade pública e passou. Assim esta garota se dedicou aos estudos de uma forma séria. Numa tarde de primavera, ela estava no corredor da instituição, quando de repente, avistou um cartaz:
- Ateliê de Poesia Para Toda Comunidade – Participação Gratuita
Quando Shirley avistou este anúncio, seus olhos brilharam. Então ela anotou tudo: data, horário e local.
Assim o tão esperado dia chegou e Shirley compareceu ao curso de Poesia. Como era tímida, resolveu se sentar na frente. Mas do outro lado avistou um rapaz muito bonito: loiro, olhos da cor turquesa e cabelos muito compridos. Ele vestia uma blusa xadrez que lembrava o cantor Kurt Cobain da Banda Nirvana.
Assim no meio curso, Patrícia, que era uma conhecida de Shirley, gritou para a professora:
- Minha amiga Shirley é rapper e faz poemas com as palavras que as pessoas sugerem na hora.
Desta forma, a coordenadora do projeto exclamou:
- Venha fazer sua arte aqui na frente!
Desta maneira, a garota se apresentou:
- Boa noite!
- O meio nome é Shirley, eu não me julgo rapper. Porém gosto de fazer poemas com os temas que o pessoal pede na hora.
- Alguém tem uma palavra para sugerir?
Desta maneira o rapaz loiro exclamou:
- Jesus!
Desta forma, a jovem fez o poema:
- Ele é o verdadeiro rei Jesus
Que sempre enche o mundo de luz
Com a sua força divina que nos conduz
Ele morreu, pela humanidade, na cruz!
Após isto, a donzela recebeu vários aplausos.
Quando Shirley foi se sentar no seu lugar. O moço loiro falou:
- Venha sentar aqui ao lado meu e de meus amigos.
Desta forma a moça acatou a sugestão. Assim o rapaz disse:
- Meu nome é André e amei conhecer este seu dom.
A garota agradeceu:
- Obrigada!
- Quais são suas atividades, André?
O moço respondeu:
- Atualmente eu vendo agendas. Mas, também, fabrico e comercializo sacos transparentes com pão de mel. Porém tenho um detalhe diferente: meus doces sempre vêm acompanhados de um poema meu.
De repente, o sinal tocou. Desta forma, André perguntou à nova amiga:
- Posso acompanhar você até o ponto de ônibus?
A jovem respondeu:
- Sim.
Capítulo 4
Após conhecer o novo amigo, Shirley ficou empolgada. Mas logo ela pensou:
- Um homem destes nunca daria bola para mim!
- Afinal, estou longe dos padrões de beleza!
- Pois sou gorda, tenho pele oleosa, nariz comprido e cabelo crespo!
- Melhor é continuar escrevendo poemas para o programa Love Songs!
Os dias se passaram e Shirley pensou em fazer sua inscrição para a monitoria de Literatura, que era um tipo de estágio remunerado. Mas esta garota ficou desesperada ao saber que uma das exigências, para a função, era Informática Básica. Pois ela não tinha dinheiro para pagar um curso destes.
Porém, naquela mesma época, ela avistou o seguinte cartaz no corredor:
- O Laboratório de Informática Está Aberto Para Todos da Comunidade.
Após ler este anúncio, os olhos de Shirley brilharam e ela pensou:
- Comprarei uns livros de Informática Básica e treinarei nos computadores do laboratório da faculdade.
Capítulo 5
Durante a aula de Poesia, André comentou com Shirley:
- Preciso aprender Informática Básica!
- Pois, não quero vender agendas e nem cozinhar pão de mel pela vida inteira.
A garota comentou:
- Você sabia que o laboratório de Informática da faculdade é aberto para toda a comunidade?
- Eu peguei uns livros de computação e aprendi muita coisa frequentando lá.
- Por isto, me proponho a ensinar Informática Básica para você neste laboratório.
André ficou contente e exclamou:
- Eu aceito!
Capítulo 6
No dia seguinte, André apareceu no laboratório de Informática. Então Shirley passou a ensinar o seu amigo a navegar, na Internet, todos os dias. O problema é que ele não parecia estar interessado no conteúdo. Desta maneira, todas as noites antes de dormir, Shirley pensava:
- Se André não deseja aprender Informática Básica...
- O que ele deseja conhecer, então?
Capítulo 7
Fazia uma semana que Shirley tentava dar aulas de Informática Básica para André. Quando, de repente no meio de uma explicação, o moço beijou as costas da donzela e exclamou:
- Agora, você é minha amiga colorida!
- A minha “friendzone” é a mais emocionante de todas!
Shirley entrou em choque e ficou paralisada.
Quando o laboratório de Informática se fechou, André acompanhou sua amiga até o ponto de ônibus e lá lhe deu um beijo mágico. Pois foi o primeiro beijo de amor que Shirley recebeu. Ela teve a impressão de que todas as imagens se derreteram e que o tempo parou. Quando o ônibus chegou, esta moça entrou no coletivo como se estivesse levantando da cama depois de um sonho emocionante.
Capítulo 8
No dia seguinte, no laboratório de Informática, André perguntou para Shirley:
- Você nunca teve um amor inesquecível?
Ela respondeu:
- Eu já gostei do irmão de uma amiga minha quando estava no ginásio.
O rapaz falou:
- Eu me apaixonei por uma moça do Nordeste, quando fui viajar para lá na época em que eu ainda era seminarista.
Shirley se assustou:
- Você foi seminarista?
- Pensei que você curtisse uma vida mais liberal...
André falou:
- Minha vida sempre foi diferente. Dentro do seminário fiquei com outros homens por curiosidade. Hoje não sou mais assim...
Após isto, os dois foram de mãos dadas para a estação de ônibus.
Capítulo 9
Novamente no laboratório de Informática, Shirley estava com uma blusa com decote estilo canoa. Então André passou a mão em seu ombro e afastou um pouco a alça do seu sutiã. Deste jeito, a garota exclamou:
- Pare, André!
- Pois, tenho vergonha!
- Como precisei usar sutiã muito apertado na adolescência, por causa das exigências da minha mãe, as alças formaram buracos nos meus ombros.
Assim o rapaz disse:
- Não fique triste.
- Lembre-se que todo o buraco vira uma lagoa mística que atrai seres da natureza como: pássaros, borboletas e libélulas.
Após isto, André derramou uma lágrima num dos buracos dos ombros de Shirley.
Capítulo 10
Ainda no laboratório de Informática, André falou para Shirley:
- Preciso arrumar um emprego fixo.
A garota falou:
- Isto você pode conseguir pela Internet.
- Por isto, cadastrarei a sua pessoa em todos os portais gratuitos de emprego.
Naquele instante, o rapaz tirou um pão de mel da sacola e disse:
- Este é meu único almoço. Mas, mesmo assim quero dividir com você.
A jovem comentou:
- Não precisa dividir comigo.
Mesmo assim o moço dividiu o pão de mel em dois e disse:
- Agora a Lua Cheia virou duas luas-de-mel.
Naquele instante Shirley deitou sua cabeça, no colo, de André e derramou uma lágrima.
Capítulo 11
Na tarde seguinte, André perguntou para Shirley:
- Qual a sua personagem infantil preferida?
A garota respondeu:
- Eu sempre prefiro a bruxa. Porém, não sou uma pessoa má.
O rapaz falou:
- Sempre gostei da personagem Bela, da Fábula chamada A Bela e A Fera. Pois, no fundo, ela sempre enxergou mais do que a aparência das pessoas. Sem falar que esta princesa tinha um vestido lindo: todo da cor mel e bem rodado.
- Será que um dia você se vestiria como esta personagem para dançar comigo?
A jovem respondeu:
- Eu adoraria.
André continuou:
- Dias atrás, eu me interessei por Letícia, uma moça da igreja que eu frequento só porque ela apareceu com um vestido igual ao da Bela do conto infantil. Assim escrevi um poema para esta moça. Mas depois descobri que ela tem namorado. Por isto tomei uma decisão:
- Não farei mais poemas para Letícia!
- Agora escreverei só para você!
Deste jeito André olhou para Shirley, pegou uma caneta com um papel e escreveu:
“- Seu sorriso e seu olhar me fazem feliz
Porque você é delicada como a flor-de-lis
Perto de você até meu chimarrão tem mais sabor
A água da garrafa térmica esquenta com mais fervor

Você é a prenda que qualquer peão
Gostaria para enfeitar o seu galpão.”
Após escrever estes versos ele declamou o poema para sua amiga, que perguntou:
- Você nasceu no Rio Grande do Sul?
Ele respondeu:
- Na verdade, nasci no interior do Mato Grosso e vim, aqui, para Curitiba com o objetivo de tentar uma vida melhor.
Naquela mesma noite, Shirley sonhou que estava dançando, com André, vestida da personagem Bela.
Capítulo 12
Numa tarde, Shirley notou que havia algo de diferente no olhar de André e perguntou:
- André, você já experimentou drogas?
O rapaz fingiu que não escutou e continuou preenchendo seu cadastro, numa agência de empregos, na Internet.
Porém a moça insistiu:
- André, você já usou substâncias ilícitas, né?
- Por favor, responda. Pois, não deixarei de ser sua amiga por causa disto.
O moço ficou vermelho e confessou:
- Já usei no passado. Porém estou tentando me libertar de tudo isto com a ajuda de Jesus. Depois que passei a frequentar igreja evangélica nunca mais cheguei perto de substância ilícita nenhuma.
Shirley abraçou André e disse:
- Tudo bem, eu acredito em você.
- Porém se você usou drogas injetáveis precisa fazer o exame de HIV.
O moço resmungou e disse:
- Não gostaria de falar sobre isto.
Capítulo 13
O tempo passou e a amizade entre Shirley e André ficava cada vez mais forte. Então André conseguiu emprego como operador de telemarketing. Dias depois, Shirley desistiu da faculdade e foi trabalhar como balconista de loja porque não conseguiu passar no teste para ser monitora dentro da universidade. Mesmo assim eles continuaram a manter contato por telefone.
O dia do aniversário de André se aproximava. Então Shirley pensou:
- Farei uma surpresa para meu amigo:
- Irei até a pensão onde mora vestida de Princesa Bela!
Deste jeito, o tão esperado dia chegou.
Assim Shirley foi até a residência do amigo fantasiada junto com uma cesta repleta de guloseimas. Quando ela chegou ao local tocou a campainha cinco vezes. Mas ninguém atendeu. De repente, uma idosa que estava na rua perguntou:
- Quem você procura?
A donzela respondeu:
- Meu amigo André.
Desta maneira, a senhora começou a gritar:
- Então você é mais uma vagabunda do André?!
- Você sabia que André tem Aids?!
Shirley falou:
- Não acredito que isto seja verdade...
- Mesmo que fosse, quero que saiba que não tenho preconceito.
- Nunca deixaria de ser amiga de uma pessoa só porque ela tem o vírus HIV.
Então a anciã pegou a cesta de Shirley e começou a jogar as comidas fora no meio da rua.
Desta maneira, a garota saiu correndo e pegou um táxi que se encontrava na esquina.
Capítulo 14
Seis meses se passaram, Shirley saiu da loja onde trabalhava e voltou para a faculdade. Porém não teve mais contato com André.
Numa tarde de inverno, ela estava andando pela Rua XV no Centro, de Curitiba. Quando, de repente, viu André
lá vendendo cartões de poemas e pães de mel em cestas. Assim, como estava ventando muito, ela solicitou para que o rapaz protegesse os produtos que estavam nas cestas. Porém, o jovem colocou seu cachecol por cima das cestas e começou a caminhar.
Nesta andança, eles comentaram sobre sofrimento e as dificuldades da vida. Até que chegaram a uma praça, chamada Santos Andrade, e ficaram maravilhados com os pássaros, chamados quero-queros, naquele lugar. Estas aves sobrevoavam suas cabeças chegando bem perto deles. Como um raio, a ventania forte carregou o cachecol, que protegia os cartões, para longe. Então, rapidamente, um quero-quero aproximou-se de uma das cestas e afanou um dos cartões com o bico. Desta maneira Shirley assustou-se. Porém seu colega começou a dar risada. Por isto, a donzela indagou:
- Por que você está dando tantas gargalhadas?
André explicou:
- Porque a ave levou, justamente, o poema que fala em asas e liberdade.
Desta maneira, a jovem entrou na brincadeira:
- Quem sabe o quero-quero está com uma crise de identidade e pensa que é um pombo-correio. Por isto, roubou o cartão para oferecer à pretendente de alguém.
Naquele momento, uma recordação piscou na mente de Shirley:
- Nossa!
- Agora me lembrei da lenda deste pássaro. Falam que quando um quero-quero rouba o objeto de alguém, significa que a pessoa tem uma relação formidável com o lugar onde mora e que, se não pertence à terra desta ave, pode até viajar, mas sempre acabará voltando.
Naquele segundo, um policial aproximou-se e exclamou:
- Adolescentes, saiam desta área!
- Pois os quero-queros fizeram ninho, nesta parte da praça, e por isto estão atacando as pessoas que passam perto. Dizem que estas aves tem um ferrão perigoso nas asas.
Assim, obedecemos ao guarda e saímos do local. De repente Shirley falou:
- A mesma asa que dá liberdade tem o poder de ferrar com alguém.
- Diz o mito que o quero-quero foi expulso do paraíso por querer demais.
Capítulo 15
Depois do episódio do quero-quero, Shirley esperou um contato do amigo, como um telefonema, por exemplo. Ela sentia saudades, mas não queria dar o braço a torcer. Assim a donzela continuou escrevendo poemas e escutando o Programa Love Songs na rádio.
Porém, um dia, ela não aguentou de saudade e ligou para a pensão onde morava seu colega. Desta maneira, uma anciã atendeu:
- Boa tarde!
A moça falou:
- Boa tarde!
- André está?
A idosa respondeu:
- O André voltou para a terra dele, que fica no interior do Mato Grosso há um mês.
A garota indagou:
- A senhora tem o telefone de lá?
A idosa respondeu:
- Infelizmente, não.
Shirley pensou:
- E se ele resolver ficar para sempre lá?
- Hum:
- Mas tem uma solução:
- Procurarei André nas redes sociais e no Google.
Capítulo 16
Então Shriley procurou pelo seu amigo nas redes sociais e no Google. Deste jeito, ela digitou o nome André Romileski em todos os sites de busca. Mandou mensagens para todas as pessoas, com o mesmo sobrenome, até que uma respondeu assim:
- Aqui é Camila Romileski e sou prima do André. Dias atrás, este meu parente decidiu conhecer o mundo seduzindo mulheres ricas. Pois, é a especialidade dele. Se eu fosse você trataria de esquecer este traste.
Após ler estas palavras Shirley não acreditou no recado da prima dele. Atordoada, naquele mesmo instante, ela ligou o rádio e, de repente, surgiu a voz do locutor Vargas declamando o seguinte poema:
“Se seu amor voou distante
Não fique triste agora
Siga a vida, avante!
Pois, a saudade não chora

Aproveite o tempo para fazer novas amizades
E, também, descobrir o seu eu interior
As lágrimas não curam as calamidades
Por isto, ajude o próximo com amor.”
Após escutar estes versos, Shirley pensou:
- Realmente será difícil arrumar um amigo tão cúmplice e confidente como André. Mas como tenho certeza que um dia a gente se reencontrará, aproveitarei este tempo de pausa para conhecer o meu eu interior e fazer amizades com pessoas que, realmente, precisam de uma mão. Por isto, farei serviço voluntário em asilos e orfanatos. Assim quando André voltar, encontrará uma amiga mais completa espiritualmente.
Capítulo 17
Naquela noite, antes de dormir, imagens vieram à cabeça de Shirley e o interessante é que todas elas estavam relacionadas com seus problemas motores e timidez. Primeiro ela lembrou-se como era grande a sua dificuldade de desenhar e fazer serviços que exigiam habilidades manuais desde pequena. Inclusive ela chegou a perder empregos por causa disto. Depois a jovem recordou que o psicólogo, do teste psicotécnico do Detran, mandou que sua pessoa voltasse ao jardim da infância para aprender a desenhar. Após estas imagens, surgiram algumas memórias da infância onde sua mãe gritava:
- Pare de se balançar sozinha, menina!
- Pare de repetir todas as palavras que as pessoas falam!
- Pois, você parece um eco!
- É só a pessoa perguntar se tem um carro cor de gelo, na esquina, que logo você corre lá para conferir!
- Você só gosta de escrever Poesia!
Depois de todas estas recordações, vozes começaram a gritar na mente de Shirley. Então ela se perguntou:
- Será que tenho alguma deficiência?
- Mas, se tenho, o que será?
Deste jeito a jovem foi até o Google e digitou as seguintes palavras: problemas na coordenação motora fina, interpretação muito literal das palavras, timidez, transtornos sociais, comportamento de eco, balanço que vai e vem.
Após digitar estas palavras, o buscador abriu uma página onde levava a links sobre Síndrome de Asperger. Um destes links lhe chamou a atenção:
“A Síndrome de Asperger é um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), produto de um desiquilíbrio hereditário, e que apresenta características parecidas com o autismo.
Na meninice, estas pessoas demonstram problemas no desenvolvimento motor e podem possuir dificuldades para segurar o lápis para escrever. Na infância, elas não são capazes de interpretar metáforas e ironias. Também não sabem como usar os movimentos corporais e balançam seus corpos sem motivos aparentes. Sem falar que elas tem a mania executar a ecolalia, que é repetir as palavras que são ditas por outros.
Após ler vários textos sobre o assunto. Shirley exclamou:
- Síndrome de Asperger?!
- Eu devo ter isto!
Deste jeito, a jovem marcou consulta com o melhor especialista da cidade. Durante a consulta o médico realizou testes e entrevistas com a moça que, realmente, foi diagnosticada com Síndrome de Asperger. Assim a donzela explicou:
- Doutor, eu preciso melhorar a minha coordenação motora fina. Pois até perdi empregos por conta disto.
O médico falou:
- Passarei o contato de uma fisioterapeuta. Mas ela, com certeza, pedirá para que você faça aulas de dança regularmente.
Shirley seguiu os conselhos do doutor e a fisioterapeuta, realmente, aconselhou que a moça fizesse aulas regulares de dança.
Capítulo 16
Dias depois Shirley estava, no Centro de Curitiba, procurando uma academia de dança que tivesse horários com poucos alunos, para que ficasse mais à vontade. Quando, de repente, andando pela rua ela avistou um cartaz:
“ – Aulas de Dança Temática Para Pessoas de Todas a Idades e Até Para Portadores de Necessidades Especiais”.
Assim a moça entrou no estabelecimento e perguntou para a secretária:
- O que são estas aulas temáticas que até deficientes podem fazer?
A recepcionista respondeu:
- São aulas com coreografias de determinados filmes, épocas, ou, personagens. Exemplos: tem da dança das personagens de Frozen; coreografias de bailes medievais; balé da Branca de Neve; sapateado da Dorothy do Mágico de Oz, etc. Tudo com a metodologia adaptada para as limitações de cada pessoa.
Então Shirley comentou:
- Possuo Síndrome de Asperger e problemas na coordenação motora fina...
- Mesmo assim, tem como eu aprender a coreografia da Princesa Bela do desenho animado?
- Pois, tenho um amigo, que gostaria que eu bailasse esta coreografia para ele.
A funcionária falou:
- Tem, sim!
Shirley exclamou:
- Então quero fazer a matrícula, agora!
Capítulo 17
No começo, Shirley se atrapalhou nas primeiras aulas de dança. Porém depois ela explicou para a professora que tinha problemas motores. Assim a mestra montou uma lista de exercícios especiais para a jovem. Mesmo assim ela ensinou a coreografia do ballet, chamado A Bela e a Fera, que a moça tanto queria.
Numa tarde de inverno, Shirley voltava da sua aula de dança. Quando, sem querer, encontrou Ana Paula, uma colega das reuniões de Poesia que estava sumida. De repente, Ana falou:
- Boa tarde!
- Você sabe quem faleceu?
A donzela exclamou:
- Não!
A colega comentou:
- O André Romileski faleceu em Paris.
A jovem assustou-se:
- Quem disse isto?
- Eu não acredito!
- Como ele morreu?
Ana disse:
- Um parente meu, que está na França, foi quem me avisou. Ele disse que o André faleceu daquela doença que matou vários artistas.
Shirley indagou:
- Meu amigo faleceu de qual enfermidade?
A colega respondeu:
- Ele faleceu daquela doença que matou artistas como: Cazuza, Fredie Mercury, Renato Russo, etc.
Após escutar estas palavras Shirley correu até o ponto de ônibus e pegou o coletivo. Assim que chegou a casa, correu para o quarto e sentou-se na cama balançando o próprio corpo sem parar.
De repente, sua mãe abriu a porta e exclamou:
- Que mau comportamento é este?!
- Vejo que está se balançando, novamente!
- Pare com esta atitude!
- Pois, toda a vez, que você faz isto, parece autista!
A moça explicou:
- Mãe, eu tenho Síndrome de Asperger...
- Já falamos sobre isto, lembra?
Então sua mãe bateu a porta. Logo a menina pensou:
- Meu coração sente que André não morreu!
- Esta notícia ruim pode ser uma brincadeira, ou, um engano.
Naquele mesmo instante ela ligou o rádio. De repente, a voz do locutor Vargas declamou um poema:
“ – Seu amigo não faleceu
Ele ainda está na Terra
Para acabar com o seu breu
Virando um arco-íris na primavera

Seu amigo viajou para um lugar distante
Porém, ainda voltará para seu país
Com o espírito mais brilhante!
Somente para ver você feliz.”
Esta mensagem encheu o espírito de Shirley de esperança e ela exclamou:
- Meu eterno amigo, André, não morreu!
- Pois, o locutor Vargas é um verdadeiro profeta!
- Os poemas que ele lê sempre estão corretos!
Capítulo 18 – Violência Contra a Mulher
Shirley, além de continuar frequentando a faculdade pela manhã, também resolveu fazer um curso, de seis meses, de auxiliar administrativo, numa ONG, no turno da noite.
Porém lá havia um colega, chamado José Ticiano, que começou a assediar a garota constantemente. Ele insistia em acompanhar a menina até o ponto de ônibus, mesmo sem o consentimento dela. Para fugir do assédio, Shirley resolveu pedir para que outras mulheres, do curso, a acompanhassem. Ela se sentia mal com esta situação, pois o único homem com quem desejou ter uma amizade profunda foi André e não admitia que qualquer moço se aproximasse dela ainda mais com péssimas intenções.
No final do curso de Auxiliar Administrativo, houve uma festa de formatura somente com os alunos na parte de cima da sede da ONG. No meio do evento, Shirley sentiu vontade de ir ao banheiro. Porém todos os toaletes, da parte de cima, estavam ocupados. Por isto ela resolveu usar os banheiros da parte de baixo, onde estava escuro e existiam salas de aulas vazias. Após usar o toalhete, ao passar por uma das salas, uma mão puxou seu braço para dentro, era José Ticiano que começou a dar socos e pontapés na menina. Deste jeito, Shirley empurrou o carrasco, pegou uma carteira, jogou em cima dele e saiu correndo. Assim tomou o ônibus, chegou a sua residência e foi direto para o banheiro. Debaixo do chuveiro ela não parava de chorar porque se sentia suja.
Após este triste ocorrido, a garota pensou que José Ticiano pudesse persegui-la. Por isto, ficou atenta nas ruas. Mesmo assim Shirley passou a receber ameaças nas redes sociais. Porém logo tratava de bloquear os contatos suspeitos. Por isto, orar antes de sair de casa passou a ser sua melhor proteção.
Capítulo 19 Problemas Digestivos
Com o andar dos meses, Shirley notou que passou a ter problemas digestivos, como: refluxo, constipação, cólicas e sangramento nas fezes. Por curiosidade, ela resolveu pesquisar nas redes sociais e descobriu que poderia ser Aids. Mas ela se perguntou:
- Como posso ter esta doença se nunca tive relações íntimas com ninguém?
- O máximo que fiz foi beijar André na boca e HIV não se pega assim.
- Também nunca precisei de transfusão de sangue e nunca utilizei drogas injetáveis.
- Bem, o melhor é ir ao médico. Afinal doutores são mais precisos do que buscadores de Internet.
Assim Shiley foi ao médico, que pediu exames como hemograma, endoscopia e colonoscópio. Nos resultados deram que ela tinha Hérnia de Hiato e Gastrite, porém não existia HIV em seu corpo.
Com o passar do tempo, o comportamento de Rute, a mãe de Shirley, passou a ficar cada vez mais estranho. Pois ela começou a enxergar coisas que não existiam, gritar à noite, agredir seres humanos sem razão aparente, se esquecer de objetos e pessoas. A garota levou sua mãe para especialistas, que confirmaram que ela tinha Esquizofrenia.
Capítulo 20 - Anos Se Passam, Mas Shirley Não Desiste de Encontrar Seu Amigo
Anos se passaram e várias surpresas aconteceram na vida de Shirley. Pois ela concluiu a faculdade; um editor ao ver os poemas desta moça, na Internet, resolveu publicar um livro dela gratuitamente; ela continuou fazendo aulas de dança temática e passou a se apresentar, de forma voluntária, em: asilos, escolas, eventos e hospitais. Porém, Shirley nunca perdeu as esperanças de encontrar André. Por isto continuou procurando o amigo nas redes sociais. Até que encontrou a seguinte notícia:
“Doceiro André Faz Sucesso, com Pão de Mel Recheado com Poesia, em Panificadora no Interior do Matogrosso”
Assim, através desta notícia, a garota entrou em contato com o dono da panificadora. Mas este senhor falou que André não trabalhava mais naquele local. Porém confirmou que André morava na mesma cidade do interior do Matogrosso nos fundos da casa de uma senhora chamada Megui. Porém que quase morreu, anos atrás, em Paris, de uma doença misteriosa.
Capítulo 21 – Shirley Entra Em Contato com Megui e Consegue Pistas Sobre André
Shirley entrou nas redes sociais de Megui, uma senhora idosa, e viu fotos dela com André.
Sim, era ele!
Os cabelos louros estavam cinzentos e a pele encontrava-se um pouco enrugada. Mas os olhos cor de turquesa eram os mesmos. O moço continuava com o mesmo brilho no olhar.
Mas o que, realmente, incomodou Shriley foi a intimidade que André tinha com Megui, nas fotos, porque eles apareciam abraçados em diversos passeios. Então ela se perguntou:
- Será que eles são namorados?
- Será que eles são amigos coloridos?
Assim a moça decidiu escrever para Megui:
“- Boa tarde, Dona Megui!
Eu sei que a senhora não me conhece pessoalmente. Mas eu fui colega do seu amigo André, quando ele morava em Curitiba. Por isto, gostaria de notícias dele.”
Logo, a mulher mandou a resposta:
“- Olá!
Nossa!
Quanta coincidência!
Hoje mesmo, o André comentou que gostaria de voltar à Curitiba para escrever um livro com a biografia dele.
O problema é que ele não curte redes sociais. Por isto, logo farei um perfil virtual para ele. Mas ele possui celular e passarei o número dele.
Só mais uma pergunta, Shirley:
- Você já foi namorada do André?”
A jovem respondeu:
“- Não, apenas fomos amigos mesmo.
- E a senhora?
- É namorada dele?”
Megui respondeu:
- Bem que eu queria. Pois sou apaixonada pelo André. Até agora fiz tudo para conquista-lo: dei presentes caros e até paguei o aluguel do quarto que ele mora nos fundos. Porém o André me trata de uma forma muito fria.
A jovem comentou:
- Mesmo assim estou torcendo para que dê tudo certo!
- Quem sabe você não venha com André para Curitiba.
- Darei o meu número de celular para a senhora. Se puder passar para André, eu agradeço.
A senhora falou:
- Tudo bem!
Capítulo 22 – Shirley Fala com André Pelo Telefone
No dia seguinte, Magui deu o número de celular de André para Shirley, que telefonou no mesmo instante:
- Alô!
- André, não sei se você se lembra de mim. Mas eu sou a Shirley, uma amiga que você conheceu quando morava em Curitiba.
Logo, o rapaz exclamou:
- Boa tarde!
- É claro que eu lembro!
A moça começou a tremer de emoção, mas continuou:
- Soube que deseja voltar para Curitiba e escrever um livro aqui. Na verdade, eu gostaria de ajudar você a realizar este sonho.
O moço explicou:
- Primeiro eu preciso arrumar hospedagem. Pois soube que a Lala ainda tem hospedaria atrás da academia de ginástica dela. Pois antes de morar na pensão, do Bairro Santa Felicidade, eu já me hospedei com ela.
Shirley disse, com a intenção de jogar verde para colher maduro:
- Pode deixar, que eu entrarei em contato com Lala.
- E como vai esta sua nova namorada, a Megui?
- Ela vem junto para Curitiba?
O rapaz falou assustado:
- A Megui nunca foi e nunca será minha namorada.
- Ela é uma amiga que sonha em ser minha namorada. Porém isto não tem possibilidade de acontecer. Pois para viver um romance, as duas pessoas precisam desejar um relacionamento. No meu caso, nem sequer sinto atração por ela. Na verdade quero me relacionar com uma moça jovem e que seja da mesma religião que a minha.
Shirley comentou:
- Que pena, pois ela parece gostar muito de você.
- Porém, mesmo assim compreendo.
André complementou:
- Quero escrever uma biografia que falará da minha evolução espiritual.
- Por isto, gostaria de pedir desculpas a você, pelas vezes que fui grosso e tentei forçar a barra...
A donzela falou:
- Sem problemas.
André voltou a repetir:
- Você me perdoa?
A jovem exclamou:
- Sim!
- É claro que sim!
O moço disse:
- Ainda bem que você me perdoa. Pois, hoje à noite, eu não conseguiria dormir sem o seu perdão.
Capítulo 23 – Shirley Avisa à Lalá que André Está Vivo e Que Voltará Para Curitiba
Shirley entrou em contato com Lalá afirmando que André está vivo e que ele gostaria de um lugar para se hospedar. Lalá ficou feliz, pediu o contato do amigo e aceitou hospedar o rapaz.
Após isto, Shirley ligou o rádio no programa Love Songs, onde o locutor declamou o seguinte poema:
Você soube que seu amigo vai voltar
Num dia ensolarado de primavera
Onde será cumprimentado pelo luar
E pelo orvalho fresco que cai na Terra

Você soube que seu amigo estará de volta
Assim acabará sua tristeza, sua depressão e sua revolta
Pois, poderão andar de mãos dadas como antigamente
Entre sorrisos alegres e uma lágrima de felicidade contente.
Capítulo 23 – Enquanto Isto, no Interior do Mato Grosso
Enquanto isto, no interior do Mato Grosso, André fazia as malas e preparava sua viagem para Curitiba. Porém, neste período, Megui olhou pelas janelas dos fundos da casa, onde o rapaz morava, e viu as malas feitas. Então, naquele instante, esta senhora mandou a seguinte mensagem para o celular do moço:
- Pelo jeito, você vai para Curitiba mesmo, né?!
- Então, eu quero de volta todos os presentes que lhe dei: relógio, gravata, terno, sapato, meia, calça e até o Totó, o cachorrinho de estimação que não sei onde está no momento. Pois, eu esperava um pouco de consideração comigo.
De madrugada, André pegou todas as coisas que ganhou da anciã, inclusive o cachorro, deixou tudo em frente à porta de sua casa, e, com suas malas foi até a residência de seu amigo, apelidado de Serra.
Pela manhã, Megui abriu as portas e chorou ao ver seus presentes no chão e o cão latindo sem parar. Deste jeito, ela telefonou para Serra e descobriu a data em que André partiria para Curitiba.
Deste jeito o tão esperado dia chegou. Assim o rapaz foi até a rodoviária e entrou no ônibus. De repente, surgiu Megui, com uma sacola cheia e começou a gritar:
- André, eu amo você!
- Quero ir junto!
O moço explicou:
- Você sabe que as coisas não são assim...
- Mas quero que me perdoe pelos erros que cometi.
Megui explicou:
- Você nunca cometeu erro nenhum.
Após estas palavras, a idosa jogou a sacola repleta dos presentes que André tinha devolvido.
Depois o ônibus partiu e Megui ficou chorando na rodoviária por horas.
Capítulo 24 – André Chega à Curitiba
Quando André chegou à Curitiba, Lalá estava esperando por ele na rodoviária. Assim que os dois se viram, se abraçaram e se beijaram. Deste jeito a moça levou o rapaz para sua hospedaria. Depois Lalá escreveu para Shriley:
- Boa tarde!
- O André chegou hoje e está bem!
A garota disse:
- Poxa, eu nem fui avisada de que ele chegaria hoje...
- Mas, o importante é que ele está bem!
Lalá complementou:
- Se você quiser ver André melhor ainda, por favor, se afaste dele. Não se aproxime de forma nenhuma.
A donzela perguntou:
- Por que?
Lalá não respondeu.
Capítulo 25 – André Tem uma Vida Nova Em Curitiba
No tempo em que André ficou hospedado na pensão de Lalá ele foi tratado como príncipe. Pois ganhou um espaço para fazer seu pão de mel com poemas, foi apresentado para novos amigos e reviu antigos colegas. Inclusive Lalá esforçou-se para ensinar tudo sobre as redes sociais ao moço, já que ele tinha um determinado pavor de tecnologias. Logo, ela fez dois perfis dele nas redes sociais e contou ao moço como se usa estas ferramentas. Porém, ela dizia a todo o instante:
- Não se aproxime de Shirley!
Capítulo 26 Shirley Não Perde a Esperança
Dias se passaram e Shirley não se cansava de esperar algum sinal de André. Ela aguardava qualquer telefonema, ou, algum convite de amizade em rede social que pudesse vir dele. Mas ela descobriu o perfil que Lalá tinha feito para seu amigo. Então, a cada semana diferente, aparecia uma foto de André acompanhado de uma mulher bonita. O problema é que eram moças lindas de todas as partes: igreja, academia, bairro, etc.
Assim Shirley se perguntava:
- Por que André não deseja mais a minha amizade?
- Poxa, nunca demonstrei ciúmes, sem falar que sempre dei apoio e ombro amigo...
Então, naquele instante a moça ligou o rádio, no Programa Love Songs, e o locutor Vargas declamou o seguinte poema:
“ Se o seu amigo não olha mais na sua cara
Isto não significa desprezo e nem esquecimento
Amizade, na verdade, é uma joia muito rara
Que, ás vezes, se esconde, na ostra do ressentimento

Um gesto qualquer pode causar mágoa
Mas o tempo pode curar esta tristeza
A lágrima do amor ao se misturar com a mais pura água
Transforma-se no elixir da mais curadora delicadeza

Com certeza, o seu amigo não lhe esqueceu
Apenas deixou sua lembrança no limbo do breu
Um amigo esquecido é um anjo que adormeceu
Não se esqueça que tudo acontece no tempo de Deus.”
Após escutar este poema, Shirley pegou o travesseiro com esperança e adormeceu em paz.
Capítulo 27 – Shirley Descobre Que Tem Câncer no Intestino
Com o passar o tempo, os problemas intestinais de Shirley foram só piorando. Pois, sintomas como: constipação, sangramento nas fezes, dor ao evacuar, fraqueza, tonturas e perda de peso sem razão aparente só aumentaram com o passar dos anos. Então a garota voltou ao médico que pediu exames como: hemograma e colonoscopia.
Após fazer estes exames e entrega-los ao doutor, Shirley descobriu que estava com Câncer no intestino e anemia profunda. Mas como não queria estressar seus pais, que eram idosos e doentes, ela decidiu não contar à família e nem fazer tratamento com quimioterapia.
Capítulo 28 – André é Hospitalizado em Curitiba e Shirley Decide Realizar uma Surpresa
Dias depois, amigos de Shirley mandaram um print de uma foto que Lalá colocou em suas redes sociais, onde mostrava André numa cama de hospital com a seguinte mensagem:
“ - Nosso amigo, André, Foi Hospitalizado.
Ele Precisa Muito de Sua Visita.”
Shirley ficou desesperada e logo descobriu o nome do hospital onde o amigo estava internado.
Então ela chegou ao local e disse para a recepcionista:
- Eu sei que agora é horário de visita. Por isto gostaria de visitar um colega.
A funcionária perguntou:
- Qual é o nome dele?
A moça respondeu:
- André Romileski.
A secretária olhou no computador e indagou:
- Sim, ele está internado aqui.
- Qual é o nome da senhora?
A garota respondeu:
- Shirley Batistela.
Após olhar no computador, a recepcionista disse:
- Desculpe, mas a senhora está proibida de realizar esta visita. Pois dona Larissa, mais conhecida como Lalá, que está pagando o tratamento do rapaz proibiu a senhora de entrar no quarto dele.
Após isto, Shirley mostrou um maço com dinheiro, no valor de trezentos reais, para a funcionária e disse:
- Mas com este agrado, com certeza, a senhora me deixará entrar...
A funcionária disse:
- Tem muito pouco aí. Pois preciso de mais grana e de uma história muito boa.
Assim a donzela ofereceu mais trezentos reais para a secretária e comentou:
- Eu tenho uma história ótima e real. É um causo de amor e amizade que tive com André que parece roteiro de novela sobrenatural. Mas que foi escrito pelo Poder Superior.
Deste jeito, Shirley contou todos os detalhes de sua história com André. A recepcionista se emocionou, chorou, aceitou o dinheiro e falou baixinho:
- Com esta colaboração extra e história comovente, eu deixarei você entrar. Mas, por favor, venha somente às quartas pela tarde. Pois nos outros dias e horários, a situação fica meio perigosa.
Antes de entrar no quarto do amigo, Shirley foi ao toalhete, se vestiu da personagem Bela, do desenho da Disney e colocou um véu em cima do seu rosto.
Capítulo 29 – Shirley Fala com André Enquanto Ele Dorme, ou, Finge Que Dorme
Shirley abriu a porta vagarosamente e viu André com o nariz entubado deitado na cama. Ela aproximou-se, lentamente, com o véu cobrindo o seu próprio rosto, pegou uma cadeira, sentou ao lado do amigo e sussurrou:
- Eu nunca me esqueci de você nestes anos todos que se passaram. Quando a Ana Paula chegou com o boato que você morreu na Europa, eu não acreditei. Pois, meu coração dizia que você estava vivo. Durante muito tempo procurei pela sua pessoa nas redes sociais porque minha intuição dizia que você voltaria para Curitiba. Pena que depois que você chegou aqui não me procurou. Porém sei que isto não foi maldade sua. Pois, sua pessoa agiu atrás dos conselhos da Lalá, que não sei por quais motivos, simplesmente, pensa que não sou uma boa companhia para seu espírito. Primeiro, eu pensei que era porque somos de religiões diferentes. Porém, depois, notei que tanto você quanto Lalá tem amigos de crenças diversas.
- Sabe, sempre quando eu ficava triste eram as lembranças dos momentos que eu passei ao seu lado que me curavam. Quando uma lágrima queria cair do meu rosto, eu tentava evitar, esta queda, recordado dos instantes que passamos juntos. Então surgiam lindas imagens: nossas conversas no laboratório de Informática da ONG, o momento em que você derramou uma lágrima no buraco do meu ombro, a divisão do sol do pão de mel que fez com que este doce transformasse em duas luas-de-mel, sua pessoa deitada no meu colo no pátio e a cena do quero-quero roubando seu cartão com o poema.
- Por isto, desejo que seu espírito saiba que sempre você será meu amigo.
- Sabe qual é o meu maior sonho?
- Contarei:
- É dançar para você vestida de princesa Bela, a sua personagem favorita.
- Eu sei que você está dormindo. Mas, mesmo assim, quero lhe fazer um pedido:
- Por favor, não fale para a Lalá que eu estive aqui.
- Agora, deixarei você dormir em paz. Porém, ainda voltarei para realizar meu sonho.
- Por isto, me aguarde!
- Até mais, meu eterno amigo!
Desta maneira, Shirley saiu de fininho e desapareceu pelos corredores do hospital.
Naquele mesmo instante, André abriu os olhos e deu um sorriso.
Ao chegar a sua residência, Shirley ligou o rádio no programa Love Songs. Então o locutor Vargas declamou o seguinte poema:
“O Amigo Que Está no Hospital
O amigo que está no hospital precisa da sua solidariedade
Porque seu sorriso é uma lagoa num árido deserto
Nesta hora, seu colega precisa de um carinho de verdade
Pois é neste tipo de momento que ele precisa de alguém por perto



Seu amigo que está no hospital precisa de um abraço caloroso
Junto com um poema misturado com uma mensagem
Porque a esperança é um Sol divino e amistoso
Capaz de iluminar qualquer tipo de paisagem. “
Após escutar este poema, Shirley abraçou o travesseiro e adormeceu pensando em André.
Capítulo 30 – Shirley Dança Para André no Hospital
Quando a semana passou e a nova quarta-feira chegou, Shirley vestiu sua fantasia de Princesa, colocou uma capa comprida por cima, pegou uma sacola com acessórios de dança e foi até o hospital. Ao chegar lá, cumprimentou a recepcionista subornada, colocou o véu no rosto e correu até o quarto de André.
Ela abriu a porta do quarto, viu o moço de olhos fechados, pegou uma cadeira, aproximou-se e sentou-se:
- Boa tarde, André!
- Como é bom passar as tardes de quarta, ao seu lado, depois de tantos anos.
- Gostaria de pedir-lhe desculpas por não ter tratado você como deveria na época em que a gente se conheceu.
- A vergonha é tanta, que só consigo entrar aqui com este véu no meu rosto.
De repente, a moça tossiu e continuou:
- Veja, como sou louca...
- Estou falando sem parar. Mas nem sei se você está escutando e não tenho noção se você ainda se lembra de mim...
De repente, André abriu os olhos e gritou:
- Lembro, sim!
- Você é a Shirley, uma amiga inesquecível!
Naquele mesmo instante, André esticou os braços e arrancou o véu do rosto da garota, que começou a chorar:
- Estou emocionada!
André disse:
- Pelo que vejo está vestida de princesa, também!
- Por que estas roupas?
- Por acaso deseja dançar para mim?
A jovem indagou:
- Como adivinhou?
O rapaz respondeu:
- As minhas preces sempre dão certo.
Deste jeito, Shirley retirou da sacola os seguintes objetos: um aparelho de som pequeno, um Cd e um véu. Depois falou:
- Hoje dançarei o balé temático de sua personagem favorita:
- A Princesa Bela!
- O acessório que usarei é o véu. Pois ele representa os quatro elementos, que juntos, através de uma combinação harmônica, são capazes de curar até as doenças consideradas impossíveis.
Assim a jovem ligou o som e começou a bailar com o véu gigante de uma forma suave. Conforme o tipo de movimento, às vezes, o lenço transformava-se num pássaro e, ora, em nuvem. Por alguns segundos o véu gigante ficava na frente da princesa virando um nevoeiro bege e transparente, com uma aura de mistério. Estes movimentos animaram André.
Após o término da coreografia, Shirley falou assim:
- Eu amei dançar para você. Pois me senti um anjo no Paraíso. Afinal dançar para alguém que se ama é virar um querubim, batendo suas asas, no infinito céu. Na verdade há uma diferença em dançar para o público e para a pessoa amada. Quando uma bailarina dança num palco, suas recompensas são os aplausos. Mas quando uma dançarina baila para a pessoa amada sua satisfação é a Poesia que sai dos olhos da criatura, pela qual tem afeto, e isto nenhum aplauso substitui. Sem falar que esta sensação, realmente, leva para outra dimensão.
No mesmo instante, André exclamou:
- Eu sabia que você sempre me amou!
A moça disse sorrindo:
- Amizade é o amor mais doce que existe! Ela é como o pão de mel que você produz.
Então a donzela olhou para o relógio, guardou os objetos e explicou:
- Agora, deu meu horário. Portanto, preciso ir.
André mirou a moça com olhos de piedade e perguntou:
- Mas você volta, né?
Shirley respondeu:
- Com certeza, eu volto...
- Mas não comente nada sobre as minhas visitas aqui para Lalá.
Após estas palavras a donzela vestiu sua capa comprida, fechou a porta do quarto e saiu com uma sensação de frescor.
Capítulo 31- Shirley, Agora, Dança com o Leque para André
Uma semana se passou e Shirley entrou, com sua capa comprida, no quarto do amigo que gritou:
- Oba!
- Hoje tem dança!
Mas a donzela disse:
- Porém, antes da dança, eu gostaria de falar sobre o seu livro.
O colega falou:
- Ainda estou escrevendo. Uma parte dele está no laptop que se encontra na gaveta deste meu quarto de hospital. Como eu falei ao telefone tempos atrás, estou fazendo uma biografia sobre a minha vida. Pois, cansei de experimentar sensações novas sem viver um só sentimento de verdade. Antes eu era arrogante e mandão. Hoje, procuro não ser mais assim.
A moça comentou:
- Eu compreendo. Pois antes você se comportava como um pássaro que gostava de voar em diferentes céus sem construir um ninho fixo. Mas agora, com a maturidade, você entendeu que ser livre, ás vezes, é criar raízes. Sua pessoa é como aquela lenda da ave idosa que inveja a árvore antiga porque ela se renova todo o dia por causa das raízes fixas no chão.
- Hoje estou com uma fantasia diferente debaixo desta minha capa comprida. Sem falar que na dança, de agora, usarei o leque. Este instrumento por muito tempo fez parte das linguagens das alcovas medievais. Quando uma dama estava triste ela fechava o leque e quando ela sentia alegria abria este objeto. Sem falar que este instrumento significa liberdade com responsabilidade, pois ele lembra a asa de uma borboleta que voa somente nas mãos de uma pessoa.
Depois destas palavras, Shirley retirou a sua capa comprida, fato que fez aparecer o seu vestido negro comprido e estampado com bolinhas brancas. Assim ela ligou o pequeno aparelho de som, colocou um CD com a música, chamada Espanhola, da banda 14 bis e dançou com um leque nas mãos.
Capítulo 32 – A Academia de Dança Monta Coreografia com Alunos Portadores de Necessidades Especiais
Quando Shirley chegou para sua aula de dança semanal e individual, a professora Débora contou uma novidade:
- Eu sei que você escolheu ter aulas individuais por possuir Síndrome de Asperger e, deste jeito, ficar mais à vontade com a sua evolução. Porém preciso dizer que depois de seu horário montei uma turma repleta de diversidade.
A jovem perguntou:
- Como assim?
- Esta turma, além de possuir pessoas com diversas etnias, também recebeu jovens portadores de necessidades especiais. Agora ela tem uma cadeirante, uma surda-muda e uma portadora de Síndrome de Down.
A moça ficou encantada:
- Isto é maravilhoso!
- Agora, quero assistir a um ensaio com esta turma especial.
Débora comentou:
- Você não ficará só olhando!
- Pois, todos estão contando com sua participação no ensaio!
- A coreografia está ficando linda. Pois a cadeirante, fica sentada fazendo gestos com as mãos no meio, sem a cadeira de rodas. Já a surda-muda também fica sentada, mas faz gestos com as mãos através da linguagem de Libras, ao seu lado da colega, contando a história da música e da coreografia.
Deste jeito, Shirley fez sua aula individual e depois aguardou pelo treinamento em grupo. Quando os componentes começaram a entrar, a moça ficou encantada. Pois a diversidade era enorme. Afinal existiam: afrodescendentes, nisseis, idosas, obesas, altas, baixas, uma cadeirante, uma menina com Síndrome de Down e uma surda-muda.
Então ela junto com mais estas pessoas começaram a ensaiar uma coreografia que era comandada pela professora. As bailarinas ficavam na posição circular e se movimentavam de acordo com o ritmo. Enquanto a cadeirante e a surda-muda faziam gestos no meio parecendo duas flores em um jardim.
Capítulo 33 – Shirley Dança com o Cesto de Flores para André
A primavera chegou. Então Shirley sentiu um clima mais suave e perfumado no ar. Assim ela foi até o hospital ver André. Quando abriu o quarto do moço, gritou:
- Feliz Primavera!
O amigo deu um sorriso e exclamou:
- Primavera é a estação do ano de que mais gosto!
A donzela disse:
- Por coincidência, é a minha também...
- Realmente a Primavera tem muito a ver com a sua personalidade depois da evolução espiritual. Pois, na sua juventude, você apenas queria viver o Verão. Por isto ignorava a Primavera, o Outono e o Inverno. Porém um dia a sua pessoa se cansou do Sol porque notou que calor demais queima e descasca a alma. Deste jeito, implorou pelo Inverno e foi atendido. Então percebeu que há beleza e frescor nos gelos que a vida dá e que eles não são motivos para tornar-se alguém abatido, muito pelo contrário. Pois, o gelo e neve são oportunidades de testar o calor da lareira da nossa alma. No seu caso, você precisou experimentar o Inverno antes do Outono. Mesmo assim ele chegou e você notou que envelheceu e precisou amadurecer. Porém descobriu que tomar juízo não é se preparar para a morte como você pensava antes. Porém, é deixar as folhas secas e frutas podres caírem para pedir perdão ao tempo. Agora você corre atrás da Primavera, com amizades verdadeiras, flores, borboletas, abelhas e seu eterno pão de mel e por isto estou aqui.

Após estas palavras, Shirley tirou sua capa comprida e um e vestido florido, de camponesa, apareceu. Depois ela retirou uma cesta, da sacola, repleta de pétalas de flores. Desta maneira ela colocou, no aparelho de CD, uma música chamada: Chovendo na Roseira do compositor Tom Jobim na voz de Elis Regina. Ela dava passos suaves e leves carregando a cesta com pétalas de rosas nas mãos. Então a bailarina jogava os pedaços de flores no ritmo da música. Quando a coreografia acabou, ela limpou o ambiente, se despediu do colega e foi embora com a alma primaveril.
Capítulo 32 – Shirley Dança Com o Pandeiro Para André
Havia uma tempestade naquela quarta-feira. Mesmo assim Shriley não desistiu de ver seu amigo. Por isto, ela colocou a capa comprida e foi até o hospital. Quando abriu a porta, o colega falou:
- Pensei que não vinha.
A jovem indagou:
- Por que?
O colega respondeu:
- Por causa da terrível tempestade que está inundando a cidade. Soube que árvores caíram e pessoas foram arrastadas pelos alagamentos.
Shirley disse:
- Mas, são nestes momentos que um amigo precisa do outro. Quando a tempestade chega à vida de alguém estimado, devemos ficar ao seu lado. Então precisamos fazer papel de guarda-chuva e sombrinha, protegendo o colega das águas frias que o destino joga. Afinal, amizade é proteção. Inclusive hoje bailarei com um pandeiro cheio de fitas coloridas para você com as músicas Over The Raibown e Alegria Cigana.
Deste jeito, Shirley dançou com um vestido rodado de estampa xadrez como se fosse a Dorothy do Mágico de Oz. André entrou na aura dos três personagens da fábula. Pois se sentiu um homem de lata com coração porque era um boneco metalizado, estilo marionete, que amava brincar com as fitas transparentes do destino, ao mesmo tempo, que tinha um espírito próprio. Depois notou que, às vezes, era como o espantalho que cuida da plantação abrindo os braços e aceitando todas as novidades sem reclamar porque tem um cérebro e ele é uma mente livre. Após isto percebeu, que há momentos, que virava um bravo leão. Mas lutando com as armas da paz e que isto nunca foi covardia.
Após dançar, Shirley foi embora. Porém deixou uma aura de fábula encantada no ar. Assim André dormiu feliz e em paz.
Capítulo 33 – André Faz Pão de Mel Dentro do Hospital
Na terça, a recepcionista de confiança de Shirley deu um telefonema para ela:
- Boa tarde, Shirley!
- O André gostaria que você trouxesse alguns ingredientes para que ele faça um doce: farinha de trigo, açúcar, chocolate em pó, bicabornato, cravo em pó, canela em pó, leite e “chantilly”.
A donzela comentou:
- Darei um jeito de entregar os ingredientes, discretamente, na recepção. Pois hoje, tem as visitas dos amigos da Lalá aí. Por isto, assim que elas se forem, você poderá entregar ao meu amigo.
A secretária seguiu as recomendações.
Então, no dia seguinte, Shirley chegou com sua capa comprida e abriu o quarto. Mas teve uma surpresa: o local estava cheio de pães decorados. Desta maneira a garota perguntou:
- André, você fez todos estes pães sozinho?
O moço respondeu:
- Fiz graças aos ingredientes que você ofertou e ao cooktop que a Lalá me deu.
A donzela comentou:
- Toda a friendzone vira um pão de mel quando é vista com amor. Pois ela tem o açúcar da paixão, a farinha do mistério, o chocolate da energia, o cravo do jardim do Paraíso, a canela das pernas da bailarina da sedução e o leite nutritivo da amizade.
Após isto Shirley abraçou o amigo e pegou alguns pães. Mas a recepcionista falou:
- Pode voltar amanhã!
- Pois, amanhã à noite, ninguém da turma da Lalá virá.
Deste jeito Shirley foi para a casa contente.
Capítulo 34 – Shirley é Assassinada e André Morre
A noite, daquela quarta-feira misteriosa, chegou e Shirley pegou o ônibus com sua capa que escondia a fantasia de Princesa Bela por baixo. Então ela desceu do coletivo e começou a caminhar. Porém percebeu que as ruas estavam desertas e escura demais, muito fora do habitual. Além disto, ela teve a sensação de que estava sendo seguida. De repente, quando a moça estava perto do hospital, um homem com capa preta e capuz pulou na sua frente com uma faca na mão. Desta maneira, o capuz caiu e ela notou que se tratava de José Ticiano, seu inimigo mortal. Assim o rapaz lhe deu três facadas. Porém a donzela deu um jeito de correr até o hospital e entrar no quarto de André dizendo:
- Meu eterno amigo vim aqui para me despedir.
- Não escaparei destas facadas.
André, ao ver a amiga ferida, teve um ataque do coração e faleceu.
Deste jeito Shirley não resistiu aos ferimentos, caiu e morreu também.
Capítulo 35 – Shirley e André Chegam ao Paraíso
Naquele mesmo instante, o espírito de André saiu de seu corpo e avistou a alma de Shirley que saiu da sua matéria também. Assim os dois foram, de mãos dadas, até o céu. Lá eles foram recebidos por um querubim que disse:
- Sou ao anjo da amizade e queria dar os parabéns pelo relacionamento de vocês, que superou os obstáculos como: longo período de tempo separados e invejosos que tentaram destruir esta amizade. Porém vocês cometeram alguns erros com relação a isto, que não podem ser revelados agora. Por isto voltarão à Terra, daqui a pouco, disfarçados de novas personagens. Shirley será uma idosa catadora de material reciclável que viverá numa comunidade carente com seu cão pastor alemão. Já André será um menino mendigo que só aparecerá à noite com uma maritaca em seus ombros, mas que viverá no mesmo barraco com sua amiga. Detalhe: o cão pastor será André e a maritaca será Shirley. Os dois só poderão se encontrar na forma humana quando descobrirem o verdadeiro valor da amizade. Assim seus espíritos poderão entrar no Paraíso.
Capítulo 36 – Shirley e André Voltam à Terra Com Suas Novas Aparências
Ainda era dia e Shirley entrou com sua aparência idosa junto com o cachorro dentro do barraco de uma comunidade carente. Assim ela foi ao quintal, pegou o carrinho de material reciclável e começou a recolher papel pela cidade.
De repente, o cachorro entrou num terreno baldio e a anciã foi atrás. O pastor começou a latir, a senhora se aproximou e viu documentos jogados no meio do mato. Assim ela comentou:
- André, estes documentos devem ser de alguém que foi assaltado.
- Tem um boleto aqui caído com o nome de Giulia Silva.
- Pelo jeito é aqui perto. Então poderemos entrega-los à dona.
Deste jeito a idosa e animal foram até a casa que constava no endereço do boleto, bateram palmas e uma outra anciã atendeu:
- Boa tarde!
- O que deseja?
Shirley disse:
- Meu cachorro encontrou os documentos de uma Giulia Silva num terreno baldio...
A velhinha interrompeu:
- São da minha filha!
- Ela foi assaltada e os ladrões levaram seus documentos.
Deste jeito Shirley deu os pertences para a mãe da vítima que disse:
- Por favor, espere um minuto. Pois, trarei uma recompensa.
Deste jeito a mulher deu cem reais para Shirley que continuou o seu trabalho, de catadora, muito contente.
Capítulo 37 – André Faz Pão de Mel e Monta um Realejo
Quando a noite chegou, o cachorro transformou-se em André e Shirley numa maritaca. Então com o dinheiro da recompensa e das vendas de material reciclável, o menino decidiu comprar ingredientes para fazer pão de mel. Depois ele notou que sobraram restos de madeira do material de reciclagem e um cartão musical que pertencia a uma caixinha de música velha. Assim o pequeno fez uma espécie de realejo com estes entulhos. Após isto o garoto escreveu mensagens, em forma de poemas, em folhas picadas para que a maritaca tirasse estes papéis para os clientes.
Quando tudo ficou pronto ele saiu para o Centro de Curitiba exclamando:
“ - Pão de Mel com Realejo
É melhor presente do que beijo
Tire uma mensagem e faça um desejo.”
Com esta propaganda toda, várias pessoas se aproximaram e falaram:
- Nossa!
- É um realejo de verdade?!
Assim André complementou:
- Ainda por cima tem uma maritaca que tira as mensagens para quem comprar pão de mel.
Deste jeito várias pessoas viraram clientes do pequeno André.
Capítulo 38 – A Maritaca Leva Flores Para uma Idosa Triste
Os dias se passaram na comunidade carente. Então Shirley observou que sua vizinha da direita era uma idosa que não recebia visitas. Logo comentou com Karina, a coordenadora de uma ONG que existia na favela:
- Notei que ao meu lado mora uma catadora idosa que nunca recebe visitas.
Karina comentou:
- É a dona Nanete. Ela é solteira e sofre de depressão. Já tentamos leva-la para um asilo de idosas, mas ela não aceitou.
Deste jeito Shirley voltou ao seu barraco. Mas antes colheu flores. Porém, a noite chegou e a mulher transformou-se numa maritaca.
Assim a ave fez um pequeno ramalhete e com seu bico deixou o buquê na janela de dona Nanete.
No dia seguinte, a idosa avistou a flores e deu um sorriso tão lindo como Shirley nunca tinha visto.
A partir daquele dia a maritaca passou a colocar flores na janela de Nanete. Isto foi o começo de uma grande amizade.
Capítulo 39 – A Maritaca Morre Para Salvar André
Numa noite, André estava vendendo pão de mel e apresentando o seu realejo. Quando a madrugada chegou, o menino resolveu esperar o coletivo junto com sua ave num ponto de ônibus deserto. De repente, dois homens numa moto, confeccionada em oficina, pararam em frente ao garoto e exclamaram:
- Passe o dinheiro, a cesta de pães e o realejo!
André exclamou:
- Não!
De repente, o homem da garupa apontou a arma para o menino. Mas, como um raio, a maritaca voou na frente do garoto e levou um tiro. Assim, os homens saíram correndo.
André se aproximou da ave, percebeu que ela estava morta e começou a chorar. Deste jeito, notou que um carro se aproximava e se jogou na frente dele com a intenção de que o automóvel parasse para socorrer o pássaro, que já estava morto. Porém André foi atropelado e faleceu no mesmo instante.
Capítulo 40 – André e Shriley Voltam Para o Céu
Os espíritos de André e Shirley voltaram para o Céu e foram recebidos pelo Anjo da Amizade que disse:
- Parabéns!
- Agora, sim vocês descobriram o verdadeiro significado da amizade. Pois interagiram com as pessoas ao redor oferecendo todos os sentimentos que possuíam de melhor em suas almas. Shirley foi até capaz de morrer para proteger o amigo.
- A amizade entre duas pessoas tem o poder de melhorar o mundo quando é compartilhada com os demais. Quando duas pessoas se tornam amigas e os sentimentos só giram em torno delas sempre fica faltando algum detalhe crucial. Porém quando os dois colegas interagem a amizade com o mundo, isto contribui com a harmonia do Universo.
Capítulo 41 – A Missão no Paraíso
O Anjo da Amizade fez com que Shirley e André voltassem as suas formas originais. Então colocou o vestido de Princesa Bela na jovem. Depois disto, o Anjo da Amizade disse:
- Agora, a missão dos espíritos de vocês é inspirar artistas com obras com o tema: amizade. Por isto, suas almas irão para a Terra na procura destas pessoas.
Capítulo 42 – Shirley e André Inspiram Garota Com Depressão na Terra
Deste jeito o Anjo da Amizade jogou as almas de Shriley e André para a Terra. Assim eles pararam no pesadelo noturno de Claudia, uma jovem escritora que sofria de depressão. Assim ela sonhou com a história de uma mulher que sofreu bullying na adolescência e que por isto pensou que nunca seria amada por homem nenhum. Mas esta personagem entrou na faculdade e conheceu um moço num grupo de poetas, vendedor de pão de mel, e se apaixonou por ele fazendo nascer uma linda amizade.
No meio do sonho, Shirley e André falaram para a moça:
- Esta é a nossa história!
- Por favor, escreva um livro sobre a gente!
Naquele instante, Claudia acordou, mas aquele pesadelo permaneceu na sua mente. Desta maneira, ela ligou o computador e começou a escrever a história de Shirley e André.
Capítulo 43 – Claudia e o Programa Love Songs
Quando Claudia estava escrevendo, na sua biblioteca particular, a metade da história de Shirley e André, o rádio ligou sozinho no Programa Love Songs. Então, naquele mesmo instante, o locutor Vargas declamou o seguinte poema:
“ Quem escreve uma História do Além
Quem escreve uma história do Além
Nasceu para fazer o bem
Deixando o mundo zen
Não importando para quem

Uma história de amor tem uma mensagem
De uma amizade que nasceu na paisagem
Quem escreve um conto de amigos ternos
Possui a alma e o espírito eternos

Um escritor pode ser o anjo doce e mensageiro
De um conto de companheirismo verdadeiro. “

Capítulo 44 – Claudia Ganha uma Fantasia e Tem Visões no Espelho
Claudia estava na sua biblioteca finalizando seu livro. Quando, de repente, a campainha tocou. A jovem foi até o portão e viu uma caixa no chão. Deste jeito, a moça levou a embalagem até a biblioteca e quando desembrulhou notou que se tratava da fantasia da princesa Bela da fábula A Bela e a Fera. Desta maneira ela pensou:
- Quem me daria um figurino deste?!
Mesmo assim ela vestiu a fantasia e se olhou no espelho. Naquele mesmo instante ela avistou a aparência da sua personagem Shirley, no espelho, em vez da sua imagem própria. Então ela fechou os olhos e abriu novamente. Desta maneira notou que era apenas o seu reflexo fantasiado que estava lá. Naquele mesmo momento ela refletiu:
- Depois que passei a escrever a história de Shirley e André, minha depressão fez poucas visitas.
Deste jeito, ela ligou o rádio e o locutor Vargas declamou o seguinte poema:
“ A Poesia Tem o Dom de Curar a Depressão e a Tristeza

A Poesia tem o dom de curar a depressão e a tristeza
Porque ela tem a alma invisível, mas cheia de beleza
A escrita é berçário que cria novas personagens
Capazes de viverem em sonhadas paisagens

A Poesia tem o dom de curar as enfermidades
Ela é o melhor remédio para as calamidades.”

Após escutar este poema, Claudia teve a seguinte ideia:
- Acho que dançarei o tema do desenho “A Bela e Fera” no lançamento do meu livro. Pois, ainda lembro das coreografias das aulas de balé.

Capítulo 45 – Claudia Lança o Livro Chamado Friendzone, Amizade em Pão de Mel
O tempo passou e o livro de Claudia chamado Friendzone, Amizade em Pão de Mel ficou pronto.
Então chegou o tão sonhado dia do lançamento, da obra, num teatro. Deste jeito, o apresentador falou:
- Boa noite!
- Esta data será especial porque teremos lançamentos de diversos livros.
- Mas antes de tudo, teremos uma apresentação especial com a escritora Claudia Bela Mel, que dançará o tema do filme chamado A Bela e a Fera.
Deste jeito a jovem bailou com movimentos suaves a canção do desenho animado.
Após sua apresentação, ela recebeu aplausos.
O apresentador exclamou:
- Esta é a escritora e bailarina Claudia Bela Mel, que é autora de um livro que será lançado hoje.
- O nome da obra de Claudia é:
- Friendzone, Amizade em Pão de Mel.
Após isto, a dançarina cumprimentou o púbico e foi até o camarim. Lá ela estava tentando tirar a maquiagem, quando de repente, viu suas personagens no espelho. A jovem olhou para trás, mas as criaturas continuavam lá. Então uma delas falou:
- Eu sou Shirley e gostaria de lhe dar os parabéns por seguir minhas instruções.
- Agora sua missão acabou e iremos levar sua pessoa para um lugar muito bonito.
André complementou:
- Queremos que saiba que não existe amizade mais terna e sábia que de um escritor e suas personagens. Pois, no momento em que um autor escreve algo, ele entra na alma dos protagonistas da história. Este tipo de relacionamento também é uma amizade em pão de mel. Pois alimenta e é doce ao mesmo tempo.
Shirley e André ofereceram suas mãos para Claudia, que aceitou a proposta. Assim um portal colorido se abriu e os três partiram para o além.
Capítulo 46 – O Anjo da Amizade Recebe os Três Colegas no Paraíso
Ao entrarem no céu, os três amigos foram recebidos pelo Anjo da Amizade que disse:
- Parabéns!
- Todos vocês cumpriram suas missões de forma gloriosa.
Então Claudia interrompeu:
- Com licença...
- Eu gostaria de fazer um agradecimento:
- Preciso dizer muito obrigada para André e, principalmente, para Shirley. Pois foi através deles que decidi escrever um livro estilo “newadult”. Pois antes eu pensava que era capaz somente de redigir poemas, crônicas e contos. Mas quando este casal de amigos apareceu nos meus sonhos, eu percebi que tinha uma missão sobrenatural e aceitei o desafio de escrever um livro com mais palavras e densidade.
Gostaria de agradecer, principalmente, à Shirley porque a presença de seu espírito me encorajou a dançar novamente. Sou afrodescendente, tenho vitiligo, e já sofri muito preconceito por isto. Mas a alma de Shirley me deu forças para entrar num palco e bailar uma música vestida de princesa da Disney.
Após estas palavras, Claudia abraçou André, Shirley e o Anjo da Amizade.
Capítulo 47 – O Anjo da Amizade Coloca Shirley e André no Confessionário
Então o Anjo da Amizade falou para Shirley e André:
- Está na hora de vocês ficarem cara a cara no confessionário do céu. Pois é necessário que vocês desabafem tudo sobre o que ficou para trás.
Assim os dois amigos entraram no confessionário, que era uma sala azul com duas cadeiras. Então a moça falou:
- André, sou obrigada a repetir certas coisas que eu já falei enquanto vivia na Terra. Mas que não ficaram claras.
Sempre fui a menina feia que nunca ninguém queria namorar. Por isto, na primeira vez que vi sua pessoa, no grupo de poetas, pensei que nem uma amizade, na Friendzone, surgiria.
Desde aquela época eu era ace, orientação das pessoas que não sentem atração íntima, mas eu não sabia. Pois pensava que era apenas uma garota tímida e virgem. Por isto, foi um erro a gente se beijar no passado. Então peço desculpas. Naquele tempo eu também não sabia que tinha Síndrome de Asperger. Pois, pensava que era apenas uma garota com problemas na coordenação motora fina. Apenas, mais tarde, pesquisando na Internet é que descobri todos estes detalhes.
Quando você quis voltar para Curitiba tentei ajudar Megui a conquistar você. Pois vi que o sentimento dela era verdadeiro. Além disto, ela possuía condições financeiras boas que nem toda a jovem da cidade tem. Também tive um pouco de ciúmes quando você rejeitou a minha amizade, quando chegou a Curitiba, e passou a postar fotos abraçando amigas bonitas.
Por acaso, foram nossas doenças que nos uniram novamente.
Mas acredito que Lala deve estar sentindo muito a sua falta.
Que tal mandar uma mensagem do além para ela?
Então André disse:
- Calma!
Agora é a minha vez de falar...
Na verdade, eu nunca quis magoar você.
De forma inconsciente eu me aproveitava do meu charme e beleza para ter vida boa, ao lado de senhoras carentes de afeto, mas cheias da grana. Lalá foi uma delas e Megui também. Mas eu sempre tive um carinho especial com a primeira.
Meu único amor foi uma moça que conheci numa viagem, de aventura, pelo Nordeste. Porém eu nunca tive maturidade para formar uma família.
Já você sempre foi minha amiga espiritual. Embora Lala fosse contra a nossa amizade. Porém ela foi uma espécie de mãe adotiva para mim. Sim, reconheço que ela quis jogar a minha pessoa contra você. Mas talvez porque não conhecesse você como sempre foi realmente.
Capítulo 48 – Lala Sente a Presença de André
André chegou para o Anjo da Amizade e perguntou:
- Será que eu podia ir à Terra deixar uma mensagem para Lala, já que ela tem dificuldades de sonhar com pessoas que estão em outra dimensão?
O querubim respondeu:
- Sim.
Naquele instante André chegou de forma invisível na academia onde Lala trabalha.
Assim o vento fez derrubar seu retrato que estava na recepção.
Lala olhou e exclamou:
- Que saudade do André!
De repente o rádio ligou sozinho e o locutor Vargas declamou o seguinte poema:
“Seu Amigo Que Partiu Veio Lhe Visitar na Terra
Seu amigo, que cedo partiu
Veio lhe visitar na Terra
Ele desceu do céu suave e anil
Para esta tarde de primavera

Ele queria fazer um agradecimento
Com o mais puro e nobre sentimento
Por ser acolhido com amor e doçura
No seu lar, repleto de ternura.”
Ao escutar este poema, Laura colocou a foto de André na posição certa e olhando para o retrato disse:
- Amanhã irei a um sarau e lerei um poema de sua autoria. Por favor, reconheça isto como uma homenagem.
Capítulo 49 - Festa no Além
André voltou para o céu e o Anjo da Amizade falou para o moço:
- Hoje teremos a festa dos amigos, onde pessoas falecidas que foram colegas seus e de Shirley brindarão a nossa missão de vocês no universo, que é a de espalhar o sentimento de amizade no astral.
Deste jeito, André viu seus amigos que partiram do planeta Terra e até seus animais de estimação, que foram para o astral, dentro daquela festa toda.
No meio do evento, Shirley chegou com um vestido prateado e bem rodado com rosas de crochê todas bordadas.
De repente, começou a tocar a valsa Danúbio Azul e Shriley tirou André para dançar.
No final da música, a voz do locutor Vargas declamou o seguinte poema:
Duas pessoas diferentes podem construir uma amizade
Duradoura, suave, leve e eterna de verdade
Tem amizades que vão além do universo
Como a paixão que a Poesia tem pelo verso

Há amizades que inspiram outras pessoas
A serem mais humanas, fiéis e boas
Há amizades que ocorrem em horas solitárias
Que transformam pessoas egoístas em solidárias

A amizade de Shirley e André ultrapassou o céu
Ela alimenta a alma com sabor de pão de mel.
Luciana do Rocio Mallon


















































































































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