Carminha,
às vezes, uns pinguinhos a mais
nos mandam pra cama
e isso, deveras, incomoda
(aí, somos um estranho i com dois pingos).
Noutras, esses pingos fazem falta
(somos o mesmo i, sem pingo nenhum).
É quando o útero ressecou suas lágrimas,
ou, quando dizemos: estou tão amarga,
que ressequei toda minha água!
A vida é assim mesmo,
essa coisa inconstante e sábia,
que nos molha ou seca;
que começa a gotejar,
mas bem sabe quando parar.
Por isso, seja valente,
você, que, enquanto i,
hoje apara dois pingos,
logo voltará pingo único,
por certo ainda, nesta primavera,
tal qual o samba de uma nota só,
que à única nota retorna,
sem grande sacrifício,
sem longa espera.
Grande beijo!
Maria da Graça Almeida
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