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Contos-->FANTASIAS -- 27/03/2018 - 18:26 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Pensou em criar uma fantasia e dizer que tinha entrado no sonho dela. Diria que ouvira tudo. Tudo que ela falava enquanto dormia no sofá da sala.

— Que susto!   Que horas chegaste, Robert?

— Quanto brigavas com um tal Saul. Por ter evocado o espírito de Samuel.

— Falei  dormindo?

— Digamos que... Menti quando disse que não vi nada no quarto secreto.  Secreto não é o mesmo que misterioso. Quero penetrar nos mistérios daquele quarto.

 —Nunca vi nada.

— Para de me tapear, Ravenala. Conta logo, minha mãe já chegou. Logo me chamará e não teremos mais que cinco minutos.

Era tarde no relógio biológico das crianças — oito da noite. Noutros tempos, hora  de criança dormir.

— Hasta luego.

— Até.

Com as horas adiantadas  no calendário do relógio, Ravenala, tinha pouco tempo para suas divagações, até chegar o momento de ir para a escola. Então ela aproveitou o pouco que lhe restava: Sentou-se no sofá; e fez uma varredura procurando por  alguma coisa que não conhecia ainda na casa, mas não havia nada novo sob aquele teto sem laje nem sobre o velho  piso de mosaico. Lá fora, pássaros faziam algazarra na mangueira. Levantou-se e foi rever aqueles seres alados com os quais estabelecia contato quase que diariamente. Alguns repetiam a visita, duas ou três vezes no mesmo dia, outros desapareciam, ficavam semanas sem se apresentarem para o banquete.

Os galhos da velha mangueira abrigavam maracanãs e periquitos que  derrubavam mangas maduras no piso cimentado. Ravenala ficava admirada com a beleza das cores. Periquitos multicoloridos, pintados de  verde,  amarelo e alguns com retalhos azulados. A menina sentou-se numa pedra. Enorme, se comparada àquela descrita por Robert como sendo o trono do sapo filósofo de dona Leide. A pedra estava aquecida à temperatura de aproximadamente, trinta e sete graus. E pulsava como se tivesse coração. ‘Pedra deve ter vida...’

— Chanana!  Quantos anos vive uma pedra?

— Quanto tempo dura a vida de uma pedra, não sei. Penso que pedra não morre!

— Acho que morre! Se um caminhão esmagar uma pedra, ela  morre.

— Não morre! Mesmo triturada em grãos, cada grão é uma pedra.

— Pedra tem vida, sim! E se tem vida, morre! Quando me sento numa pedra, sinto a pulsação dela.

— É a pulsação de seu corpo, pressionado sobre a pedra, menina!

— As pessoas deveriam ser como pedra... Quero ser uma pedra, menos o coração! Coração de pedra não é bom. Quero ser uma pedra que anda, vê,  fala...tem um coração de carne e não morre. Não quero morrer!

— As pessoas não morrem! Cada uma que nasce, ganha uma estrela no céu  e quando fica velhinha, vai morar lá.

— Então vovô mora numa estrela?

— Sim. E quando se zanga, manda raios e trovão.

— Ravenala, vem tomar café, pra ir pra escola!

— Hoje é sábado, vovó. Não tem aula...

***

Adalberto Lima, trecho de "Estrada sem fim..."

Contato: adalbertolimapoetadedeus@gmail.com

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