Mula-sem-cabeça
maria da graça almeida
É bravio esse animal:
quatro patas, sem cabeça!
Bicho assim é natural,
que à noite apareça!
Seu relincho estridente
é ouvido mesmo ao longe,
ela assusta muita gente,
arrepia até o monge!
O pescoço solta fogo
pelos cantos onde passa
e por medo ou espanto
ninguém dela acha graça.
Ela foi uma mulher
que um padre muito amara.
Castigada assim ficou
sem cabeça e sem cara!
Seu encanto acabará
se o cabresto lhe tirarem
ou se com um alfinete
num instante a picarem.
Quando eu tiver vontade,
nela boto um bom arreio,
mas dizendo a verdade,
dela eu fujo...com receio!
|