A preparação do texto mediúnico segue normas rígidas, pois é preciso considerar muitos aspectos, quer de ordem redacional, quer de ordem doutrinal, ou seja, o espírito tem de seguir roteiro predeterminado que, embora não se apresente sempre rigorosamente uniforme, contém princípios de elevado teor metodológico, principalmente no que tange aos argumentos e à sua fundamentação. Esse organograma deve ser muito bem estruturado, para obter dos mentores o necessário alvará, para que possa, finalmente, ser “editado”.
Este mesmo texto que ora estamos apresentando, embora possa parecer — e indiscutivelmente muitos serão levados a crer — inteiramente ditado ao influxo dos impulsos do momento, como se fora arrazoado baseado em princípios arraigados na mente do mensageiro, foi previamente condicionado à aprovação dos nossos mentores, para que se pudesse dar curso às noções que estamos transmitindo.
Não basta sermos previdentes, no sentido de admitir elementos norteadores de elevado teor moral, mas, principalmente, devemos elevar os nossos pensamentos, para que, no momento da transmissão, tenhamos o concurso sublime dos irmãos situados nas esferas superiores, que nos inspiram e nos transmitem segurança muito grande, de modo a incutir em nossa mensagem poderosa vibração magnetizadora, capaz de impressionar positivamente o leitor mais renitente em ver em nossos textos influências de caráter pernicioso e, doutrinariamente, contraditórias. Por isso, temos o máximo cuidado em aliar a uma forma bem planejada, argumentação fundamentada em razões precípuas do evangelho de Jesus, ao qual, diariamente, dedicamos várias horas de estudo e outras tantas de trabalho socorrista.
Sempre que nos vemos em situação de transmitir um texto, verificamos quais os limites de nossa manifestação, quais os leitores a serem atingidos, quais os recursos do mediador, quais os efeitos a serem conseguidos e, principalmente, a terminologia mais adequada para favorecer legitimidade aos elementos que constituem a razão de ser do ato mediúnico. Vamos com muita prudência, para não ofender princípios elementares da doutrina, que desavisada palavra poderia ocasionar. É, pois, com muito cuidado, com planejamento bem direcionado, no sentido de evitarem-se dúvidas, que norteamos o encaminhamento da nossa mensagem. Nesse sentido, buscamos atender os princípios evangélicos, para que não se tenham suspeitas da proveniência do texto.
Espíritos existem de má formação, não evoluídos moralmente, que são capazes de elaborar textos e mensagens do mais perspicaz poder de persuasão, principalmente se obtiverem acesso às penas dos irmãos invigilantes, pois sabem “doirar a pílula” com extremada argúcia. Entretanto, o que se nota de mais importante nesses textos, e isto é o que nos deixa muito preocupados, é a obtenção da aquiescência do médium, que se deixa envolver por frases empoladas, por vocabulário esquisito, sem prestar atenção no que deveras deveria, ou seja, no teor moral ou na qualidade de informação contidos.
Não são poucos os médiuns que se perdem na ilusão de estar acometendo trabalho de elevado mérito, traduzindo, pensam eles, noções mais precisas e mais abrangentes do mundo espiritual. Nesse sentido, chegam mesmo a elaborar teorias esdrúxulas, o que leva muitas vezes o Espiritismo Kardecista a sofrer reveses por parte de pessoas que, generalizando erroneamente e quase sempre com o coração cheio de malícia e de maldade, atacam a doutrina através das manifestações espúrias, apanhadas e divulgadas pelos incautos.
Neste ponto, queremos reafirmar o que de início colocamos, ou seja, que os textos são estruturados segundo normas rígidas e aprovadas pela espiritualidade superior, para que possam vir à luz dos mortais. Quanto a essas normas, de outras feitas fizemos amplas considerações. Basta recapitular as mensagens enviadas para topar com os textos referidos(1). Por isso, vamos encerrar o nosso discurso, prometendo voltar outras vezes para o treinamento psicofônico e psicográfico.
Não nos retiraremos antes de reafirmar a nossa convicção de que os trabalhos aqui realizados, nestas tardes tão produtivas, são os que estão realmente tendo necessidade de ser executados, pois foram programados cuidadosamente, no sentido de dar curso à preparação dos médiuns, quer mensageiros, quer receptor. Fique, portanto, tranqüilo, irmãozinho, e não se desiluda do serviço, pois muito temos aguardando por você, neste campo da mediunidade.
Por hoje, fique na paz de Deus e saiba que muito nos alegra a sua disposição para o trabalho. Não se esqueça de orar com o coração contrito, agradecendo a possibilidade de servir, para que venha realmente a ser aquilo que você mais repete em suas preces: um servo do Senhor.
(1) Encontram-se sob a rubrica geral de “Noviciado Mediúnico”.
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