Usina de Letras
Usina de Letras
237 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62073 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50480)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Último aboio (miniconto) -- 25/04/2018 - 17:47 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos








A aurora chega vestida de vermelho-alaranjado. Atrasado, canta o galo no terreiro. Voa um bando de pombas assustadas. Batem asas. Acordam o vaqueiro que dorme. Homens de perneiras e gibão assumem os postos.  O gado escorre fino, na ponteira. Zulmiro conta quatrocentos e quarenta. O preço do pasto é  por cabeça. Faz a conta. Onofre entrega-lhe um alforje cheio. O fazendeiro conta o dinheiro. Tudo no combinado.





— Minhas recomendações ao Coronel Generoso.
— Sou por ele,  todo agradecido. Obrigado pelo rancho.
— Precisando, estou pronto.

A boiada segue o fio da estrada. Na dianteira, Xandão sopra o berrante. Onofre faz a guia. João Velho toca o gado com outros vaqueiros. Não precisa apertar o passo. A jornada é curta para um dia. 

As horas se vão. Lentas. Sonolentas nas pálpebras dos vaqueiros. A onça parda espia atrás de um  murundu. Conta o gado. Não se atreve a meter-se entre os cascos. Espicha os olhos suplicantes a Deus, e pede seu sustento. Não há cria nova, nem boi machucado. Só assustadoras montanhas de  carne em movimento: uma tonelada de carne cada boi leva nas costas. A cabeceira vai longe. A retaguarda é tardia. 




 




Deus escuta. 

E não atende a prece felina, porque  também Euzébia pedia proteção divina para os vaqueiros e  o gado.  Evem, Onofre com a boiada que pastou no Gorutuba.  Suada, expele o rio que bebeu na invernada,  e traz a pastagem na carne. Só boi gordo, no ponto de balança. Mais de quatrocentos. A vaqueirama não se cansa de aboiar: 
 
‘Avante, Gracioso... Arreda, Matreiro!...
Vai Samburá... Arreda, menino,
que a boiada vai passar! Bôooi!’ 
***

Adalberto Lima, trecho de "Estrela lque o vento soprou."
Imagem: Google

 






Adalberto Lima




Enviado por Adalberto Lima em 25/04/2018

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui