Usina de Letras
Usina de Letras
147 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62072 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50478)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->147. COOPERATIVA DO CORAÇÃO — HUMBERTO -- 16/03/2003 - 08:19 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Ao nos referirmos aos deveres que todos temos diante de nossos semelhantes, desejamos ressaltar que estão de acordo com as nossas possibilidades atuais. Se não, vejamos.



Quando uma pessoa tem condições financeiras elevadas, pode despender muito de seu, sem que seja onerada com isso. Não se trata, pois, do cumprimento de dever de humanitarismo mas simplesmente do restabelecimento do equilíbrio econômico, que poderá ser maior ou menor, segundo a quantia de dinheiro devolvida à circulação.



Muitas vezes, pessoas de pouco poder econômico despendem quantias consideradas ínfimas pela maior parte da população mas que, aos olhos do recebedor, é a própria “salvação da lavoura nacional”. Perdoem-me a expressão, mas não poderia deixar de mencionar o fato, pois foi exatamente o que aconteceu comigo.



Quando encarnado, possuía pequena porção de terra, que cultivava com meus filhos, tendo alguns empregados que contribuíam com seu esforço braçal e seu suor, para que pudéssemos, todos juntos, produzir algumas sacas de feijão e outras tantas de milho, que eram o nosso sustento.



Um dia, por injunções climáticas, a terra fechou suas portas para nós. Socorremo-nos dos bancos, para que nossa situação financeira ficasse aliviada e pudéssemos sustentar-nos durante o tempo da estiagem. Com muito boa vontade, fomos atendidos pelos gerentes que, apesar do pouco que tínhamos, não nos negaram a ajuda necessária, condicionando-a, porém, a hipotecas, que me neguei a assinar.



Socorri-me de meu irmão, pobre lavrador como eu, que me acenou com a possibilidade de sustentar a mim e a toda a minha família, incluindo os meus auxiliares, até que se amenizasse a situação. Comemos durante alguns meses “o pão que o diabo amassou”. Meu irmão, sua família e seus agregados sacrificaram-se por nós, porque, diziam, se fosse com eles, nós faríamos o mesmo.



Não demorou para que estabelecêssemos confraria de apoio mútuo, a que chamamos de cooperativa, através da qual pudemos auxiliar inúmeras outras pessoas em iguais condições.



Quando nossas terras voltaram a produzir, não tivemos dificuldades maiores em devolver os empréstimos do bolso, ficando devendo, evidentemente, os “empréstimos do coração”.



Esta história ilustra bem situação de penúria devidamente superada pela compreensão entre os homens. É fácil de levantar suspeitas porque se tratava de dois irmãos de sangue. Mas a benemerência não tem fronteiras deste tipo. Se a pessoa tiver real necessidade e a outra tiver possibilidade de ajudar, por que não fazê-lo? Suspeita-se de calote? Não tem importância: Deus saberá equilibrar a balança, caso a pessoa aquinhoada pelo benefício vier a frustrar as expectativas de ressarcimento da dívida material, pois o ato de doação não prevê retribuições, caso contrário não seria, verdadeiramente, doação.



Esperamos que nossas palavras simples possam vir a ser úteis a algum irmão desavisado, que não esteja procedendo de acordo com essa elementar lei da solidariedade humana. Perdoem-me os mais doutos, os mais sabidos, os “doutores”, como dizia enquanto encarnado, se minha simplicidade possa ter ofendido. Sabemos que existem pessoas que pensam muito mais complexamente, muito mais complicadamente. Mas as palavras simples são as que os simples compreendem, por isso viemos, também nós, ajuntar mais algumas palavras a esse “mundão” de mensagens que o irmãozinho médium tem apanhado.



Vamos saindo “de fininho” para não mais perturbar os trabalhos, desejando feliz ano novo a todos e agradecendo muito pela hospitalidade.









COMENTÁRIO — HOMERO



Ao texto, podemos acrescentar alguns conceitos básicos que estão envolvidos nos princípios éticos da doação, mas que não foram esclarecidos, uma vez que se deu ênfase aos aspectos práticos da generosidade. Evidentemente, sabia o irmão Humberto, e sabia-o muito bem, que não é tão simples o ato da doação.



Para que haja realmente doação, é preciso fundamentalmente que exista doador e recebedor. Deve o recebedor estar diante de necessidade. Deve o doador estar diante de excesso. Essa circunstância é meramente casual. Pode haver reciprocidade, vestindo-se cada um deles na pele do outro, dependendo do objeto necessitado. Por isso, vemos, muitas e muitas vezes, no ato da doação, não mais que devolução, pois, em circunstâncias adversas anteriores, se viu o atual doador como recebedor de bem qualquer que lhe faltava.



Sendo assim, antes e acima de tudo, recomendamos muita prudência aos indivíduos, pois sonegar o que quer que seja pode representar muito mais do que simples ato de “educação” ou de “advertência” que se queira imprimir à negação do benefício. Andou muito bem o irmão Humberto em enfatizar o fato de que a doação deve constituir-se simplesmente em ato de amor, sem que se veja nela nenhum compromisso de ninguém para com a devolução formal, quer em espécie, quer em “beatitude”.



O dito popular de que “quem dá aos pobres, empresta a Deus”, é muito verdadeiro, a menos que não se deseje fazer valer esse mesmo princípio. Assim, não devemos ver no texto de nosso amigo tão-só a simplicidade das palavras, mas é preciso aprofundarmo-nos nas idéias, para que façamos brotar dentro do coração a virtude essencial que está totalmente impregnada na mensagem. Dessa virtude — que é o amor — emergem todas as outras. Daí a importância do tema.



Quanto à consecução, deixou um pouco a desejar, pois leva o leitor a extrapolar a leitura para fatos isolados, que podem ou não estar estreitamente ligados com a conclusão factível, podendo ser objeto de desvirtuamentos. Nesse caso, evidentemente, estará sendo conspurcado o texto pela leviandade do leitor, mas é sempre útil cercar-lhe a malícia, não permitindo tergiversações. Se não fora esse aspecto, que não é fundamental mas meramente secundário, subjacente, estaria o irmãozinho recebendo a nota máxima.



No que respeita a considerações de caráter lingüístico, não vamos estabelecer limites críticos, uma vez que a linguagem buscou na simplicidade a simplicidade dos leitores.



Parabéns, portanto, querido amigo! Ore para que todos venham a proceder segundo essa lei universal, que assim o mundo estará mais próximo de seu destino maior: o de se tornar no campo da benemerência que elevará os homens à condição de anjos do Senhor.



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui