Coveiro
maria da graça almeida
Nego coxo, traiçoeiro,
o velhaco é mandingueiro,
labutando, moribundo,
larga o morto bem no fundo.
Nego julga que a verdade
assemelha-se à miragem
que esconde a realidade
sob falsas paisagens.
Nego coxo, estradeiro,
foi meter-se a fuzileiro,
pra manter firme o trabalho,
mata homens no atalho.
O avatar não é guerreiro,
o navio já foi negreiro,
neste mundo passageiro
só quem fica é o coveiro,
porém -feito a vã fumaça-
é fugaz... e também passa.
maria da graça almeida
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