Aproxima-se de mim um espírito rebelde. Sei que irá tentar prejudicar-me mas sei que deverei estar de coração bem aberto para receber quem quer que seja que necessite de ajuda. E ninguém mais necessitado que os que ficam admoestando e provocando os outros. Sei, por experiência própria, pois eu muito perturbei os meus amigos e não pude safar-me de levar uns petelecos e umas mordidas, quando tentei dar-lhes umas “gravatas” bem aplicadas.
Quando saí desse caminho miserável, vim com o objetivo de encontrar os que me causaram muitos males e muita dor. Não sei por que razão nunca topei com qualquer um. Mas me vinguei mesmo assim, pois fui catando as pessoas que podia e ia dando umas porretadas bem dadas no meio do crânio.
Sei que algumas pessoas sorriram para mim e isso me deixava desconcertado, pois comigo não é assim, não. Quando alguém mexe comigo, eu logo vou me impondo, para que saibam com quem estão falando. Não pensem, entretanto, que eu seja maldoso. Eu nunca matei ninguém, nem mesmo sem querer. O que eu mais fiz foi bater naqueles que me provocavam.
Agora mesmo sinto vontade muito grande de arrebentar a cara de um sujeitinho que está me provocando. Será que ele está pensando que pode comigo? Ele é tão pequenino e eu tenho um braço deste tamanho. Ninguém nunca me chamou de covarde sem apanhar. Será que ele pode mais do que eu? Não acredito. Ele conseguiu dobrar aquela barra de ferro! Então, eu também posso!
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Não acredito que ele tenha endireitado e entortado e eu nem consegui levantar a barra. O que se passa? Que força é essa que não está nos músculos? Será que eu também conseguiria? Como? Vocês têm alguma academia ou coisa assim? Eu posso me arriscar.
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Antes de ir embora, quero agradecer a este “caretinha” que me ajudou, escrevendo o que ia passando pela minha cabeça. Eu sei que está aqui para isso, mas, mesmo assim, muito obrigado, amigão! Fique com Deus e que a Virgem Maria te abençoe! Tchau!
COMENTÁRIO — HOMERO
O nosso “amigão” Hugo, que em vida tinha gigantescas proporções, estava perturbando os arredores e houvemos por bem trazê-lo para doutrinação. Não sabíamos exatamente o que iríamos encontrar, mas suas fanfarronices nos tranqüilizaram quanto a tratar-se de pessoa extremamente simples, muito afeita a valentias e a outras bravatas de mesma natureza.
Foi preciso, para atraí-lo para o nosso lado, que forjássemos situação de força, para que demonstrássemos ser, mais que ele, capazes de cometimentos de que se vangloriava. Após ter sido levado a considerar-nos poderosos “fisicamente”, vai ficar bem mais fácil fazê-lo compreender os aspectos morais envolvidos nos atributos que lhe apresentamos. Mas o estudo de seu caso depende de inúmeras providências de campo que a equipe encarregada de socorrê-lo está preparada para cumprir.
No mais, é caso corriqueiro de nosso dia-a-dia, mas que tem algum aspecto novo que possa sugerir algum tipo de atitude ao leitor quando se vir, e certamente se verá, na situação aludida.
Queremos deixar o nosso afetuoso abraço ao irmãozinho médium, que tem dedicado a este serviço o melhor de si. Esperamos que prossiga, cada vez mais entusiasmado e compenetrado da necessidade destes trabalhos.
