Eu daqui....eu daqui de tão longe posso imaginar quem era Lucas Vezzaro, o garoto de 14 anos que vivia em Erechim-RS,um menino-anjo que morreu salvando seus colegas num acidente de ônibus que aconteceu na mesma cidade onde nasceu...
Naquela manha do dia 22 de setembro, chovia muito e estava frio, antes de sair de casa Lucas dá um beijo estalado na mãe como sempre costumava fazer, ela fecha sua jaqueta para protegê-lo melhor do frio e Lucas sobe naquele ônibus para a última viagem que faria em vida, encontra os colegas (viajavam 32) e feliz como sempre segue com destino a escola, senta-se no seu lugar de sempre lá no fundo, na janela do lado de suas amigas prediletas Daiane Vezzaro(sua prima) e a amiga Márcia Bai e juntos vão conversando sobre os assuntos tão próprios de sua idade, Lucas olha pela janela uma última vez, ele gostava de ver a barragem, adorava água, era um bom nadador, desde pequeno sempre amou nadar...lembrou de seu avô...
Mas antes da fatalidade quero falar mais desse anjo-menino, Lucas tinha um olhar transparente(sabe quando você ama tanto alguém que jamais conheceu? Que chega a sentir saudades...), um olhar daqueles de menino bom, de um filho da gente... filho único, comportava-se de modo bem diferente do da maioria dos garotos de sua idade. À tarde, depois de almoçar com a mãe, lavava a louça ,ajudava na limpeza da casa e fazia a lição de casa e ainda achava tempo para o futebol com os amigos,uma de suas maiores diversões era pescar e se orgulhava de nadar bem...
Lucas era um menino que nunca conseguiu ver ninguém em dificuldades(sou como você querido Anjo Lucas) quando seu avô materno ficou muito doente, ele varou noites no hospital como companhia do querido avô(que lhe ensinou a pescar e a nadar tão bem...)
(A fatalidade) E então de repente o ônibus derrapa, as crianças são jogadas de um lado para o outro, e mergulha na barragem( 8 metros de profundidade) de frente..o desespero é geral, Lucas por estar na parte traseira do ônibus é um dos primeiros a pular pela janela ainda não submersa, mas o ônibus vai afundando muito rápido e arrastando todos seus colegas consigo...e ao invés de procurar a segurança da margem ele volta para salvar vidas(ao salvar alguém, você está salvando a si mesmo)...e salva as amadas amigas que viajavam de seu lado todos os dias, sua prima Daiane e Márcia,em seguida, voltou até o ônibus, àquela altura já bem submerso e dessa vez, conseguiu salvar Angélica Mokfa, de 14 anos. "Eu não sei nadar e estava me afogando", lembra a menina. "Quando vi o Lucas, agarrei na jaqueta dele( a mesma que sua mãe fechou pela última vez) e ele conseguiu me puxar para cima, para que eu pudesse respirar." Lucas a arrastou até a margem e nadou outra vez para o ônibus, atrás de uma quarta colega. Dessa vez nunca mais voltaria com vida... as outras crianças que se debatiam embaixo d água o agarraram, puxaram-no para o fundo. Lucas morreu junto com elas...mas deu a mim e a tantos, mais vida no coração e esperança na alma...
Veja o que é a grandeza e a dimensão dos sentimentos que habitam o coração de uma mãe nessas palavras : “Me conforta porque ele morreu fazendo o bem” - Cleci Vezzaro, mãe de Lucas(Lucas foi herói porque foi amamentado no seio de uma grande mulher).
Dos 32 jovens transportados pelo ônibus escolar, 16 saíram com vida e 16 não.
A juventude não está perdida, ela tem jeito sim.... “A juventude não foi feita para o prazer, mas para o heroísmo” palavras de um poeta francês , Paul Claudel... a juventude é um lugar para se amar até as últimas conseqüências...a vida é um lugar para fazermos a diferença na nossa e na vida de todos aqueles que cruzarem nossos caminhos.
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