Usina de Letras
Usina de Letras
120 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62186 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50586)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Erotico-->REMINISCÊNCIAS 20: O BRAGUETAÇO -- 11/02/2007 - 17:54 (Paccelli José Maracci Zahler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
REMINISCÊNCIAS 20: O BRAGUETAÇO



Nós estávamos na faixa dos 20 anos. Ernesto tinha 28 anos. Isso lhe conferia um certo respeito por parte de todos. Era o mais experiente, o mais convincente, tanto que, rapidamente, conquistou a presidência da comissão de formatura.
Como aluno, era mediano. Tirava notas suficientes para passar por média, algumas vezes ficava para exame, mas sempre passava.
Ele morava no edifício mais chique da cidade, lá pelo décimo-quarto andar,tinha aparelho de som 3 em 1, o que lhe permitia sintonizar as primeiras rádios FM do Estado.
Lá pelo terceiro ano, Ernesto reuniu interessados para a compra de planilhas de topografia aplicada. Fez a lista e recolheu do dinheiro.As planilhas sairiam por 3,50 cruzeiros cada.
Alguns colegas desconfiaram do preço, procuraram a gráfica e verificaram que o preço normal era 1,50 cruzeiros. Ernesto havia tentado ganhar uns trocados às nossas custas e caiu em desgraça.
Foi feita uma reunião e Ernesto devolveu o dinheiro, mas somente o que estava registrado que havíamos pago.
Descobrimos que ele aplicava o dinheiro em caderneta de poupança, em seu próprio nome, ficava com os juros, isso explicava o fato de morar no melhor edifício da cidade e ter uma certa mordomia para um estudante universitário.
Tivemos que aumentar o valor da cota para que pudéssemos ter o dinheiro para a formatura.
Ficou um clima chato por algum tempo, depois as coisas voltaram ao normal.
A formatura aconteceu conforme esperávamos e com os transtornos de sempre.
A turma votou um nome e a comissão de formatura imprimiu outro no convite e na lembrança com a foto de todos os formandos.
Era para ser feita uma placa comemorativa com a foto de todos para constar no campus e a presidência da comissão disse que não havia sobrado dinheiro.
Depois da formatura, a luta para conseguir emprego.Envio de currículos para várias empresas, cooperativas, concursos públicos, procura por cursos de pós-graduação.
A turma acabou se dispersando.
Um ano depois, encontrei o Ernesto enquanto olhava uma vitrine.
Cumprimentou-me efusivamente, manifestou saudades da turma, das brincadeiras, do futebolzinho no intervalo das aulas e me disse que, como não havia arrumado um emprego, casara.
Fiquei surpreso porque, quando não se tem um emprego ou um trabalho seguro, casar está fora de cogitação. Disse-lhe que admirava sua coragem.
Ele me explicou:
- Foi muito simples. Dei um braguetaço!
- Um braguetaço? – perguntei-lhe surpreso.
- É, o pai da moça é um agricultor bem sucedido e tem duas fazendas. A moça era apaixonada por mim, eu precisava de um trabalho.O pai dela era contra o nosso namoro e jamais concordaria com o casamento. Engravidei-a e ele só teve que concordar. Hoje, estou administrando uma das fazendas dele.
Fiquei sem saber o que falar por alguns instantes, atônito. Como Ernesto tivera coragem de fazer uma coisa dessas. Enfim, cada um tem sua forma de ser e pensar.
- Nesse caso, quero parabenizá-lo pelo casamento e desejar muitas felicidades! – disse-lhe.
- Ah, obrigado! – ele me respondeu. – Mas é só até eu conseguir entrar no mestrado.
Despediu-se e não o vi mais.
Fiquei sabendo que ele havia sido aprovado no mestrado em São Paulo.
Dadas as suas características, conseguiu de cara a orientação de um professor estrangeiro, que, impressionado com a sua garra, acabou citando a sua dissertação em um livro publicado no exterior.
Ernesto ficou radiante. Era um privilegiado, sortudo. Mostrou-se apaixonado pela filha do professor, largou a esposa e foi morar em São Paulo. Outro braguetaço!
Graças à citação bibliográfica, em pouco tempo, estava fazendo carreira como professor universitário, participando de congressos e comissões inter-institucionais.
Aprendeu os meandros da política e, quando queria alguma coisa, não hesitava em queimar o nome dos rivais. Dessa forma, foi galgando cargos no decorrer da vida.
Para quem não o conhecia, passava uma imagem de pessoa ilibada e respeitável.Todavia, bastava servir sob as suas ordens para sentir o peso da sua ambição desmedida.
Rapidamente, suplantou seus rivais e foi fazer doutorado nos Estados Unidos. Foi a glória!
Só não se deu bem com a filha do orientador porque era sul-americano, um brazuca, um “cucaracha”. Seu trabalho, porém, foi muito elogiado.
Retornando ao Brasil, foi eleito reitor.
A ex-esposa, filha do agricultor, casou novamente, dessa vez com um fazendeiro e com separação total de bens.
A esposa, filha do professor, entrou com o pedido de separação.
Ernesto atualmente prepara o terreno para ingressar na vida política como deputado e já está cortejando a filha do presidente do partido - a próxima vítima do braguetaço.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui