Certa vez, ouvindo um sacerdote orar em línguas, tive a impressão de que ele estava embriagado com vinho do ofertório.No entanto,aquele balbuciar penetrou em minha mente e habitou meu coração. Tive vontade de falar com Deus daquele modo, mas não sabia como.
Indaguei entre as pessoas conhecidas, o que vinha a ser a oração em línguas e adquiri livros que tratavam do assunto.Alguns dias depois,o Senhor me conduziu ao livro de Samuel,mostrando-me o encontro de Ana com o sacerdote Heli.
Não era a primeira vez que lia aquela passagem bíblica, pois me encantava muito a história de Samuel.Ana, sua mãe,porém, passava despercebida, até então.
Ana, a mulher de Elcana, não tinha filhos e todo ano subia à cidade para adorar o Senhor dos exércitos e oferecer-lhe um sacrifício em Siló. Cada vez que Elcana oferecia um sacrifício, dava uma porção dupla a Ana, dava porção dupla, porque a amava, embora o Senhor a tivesse tornado estéril.Isto se repetia cada ano quando ela subia à casa do Senhor. Ana punha-se a chorar e não comia. Seu marido lhe dizia: “Ana, por que choras? Por que não comes? Por que estás triste? Não valho eu para ti como dez filhos?”
Ana nada lhe respondeu, mas desta vez alimentou-se, aproximou-se do Sacerdote Heli que estava sentado à entrada do templo, orou ao Senhor e chorou copiosamente. E fez um voto, dizendo: “ Senhor dos exércitos, se vos dignardes olhar para a aflição de vossa serva, e vos lembrardes de mim; se não vos esquecerdes de vossa escrava e lhe derdes um filho varão, eu o consagrei ao Senhor durante todos os dias de sua vida.“ Prolongando ela sua oração diante do Senhor, Heli observava o movimento dos seus lábios. Ana, porém, falava no seu coração, e apenas se moviam os seus lábios, sem se lhe ouvir a voz. Heli, julgando-a ébria, falou-lhe: Até quando estarás tu embriagada? Vai-te e deixa passar o teu vinho.”
“ Não é assim, meu Senhor, respondeu ela, eu sou uma mulher aflita: não bebi nem vinho nem álcool, mas derramo a minha alma na presença do Senhor.”
Heli respondeu: “ Vai em paz, e o Deus de Israel te conceda o que lhe pedes.” (Cf.I Samuel 1,1-17) Ana concebeu, deu à luz seu filho Samuel e o consagrou ao Senhor.
Naquele dia, fazendo a releitura do balbuciar de Ana,pensei: “Estaria Ana orando em línguas?”
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