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Artigos-->174. A HORA DA MORTE — INÁCIO -- 12/04/2003 - 08:07 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Quando profunda dormência toma conta de todo nosso ser, pensamos estar bem próximos do momento do desenlace. Quão enganados estamos! O instante do passamento para o nosso plano, deveras, pode assemelhar-se ao bocejar tranqüilo de momento de espairecimento do trabalho, em busca do conforto maior da aspiração profunda do oxigênio revitalizador. No entanto, são poucos os que passam pelo transe do transporte com tanta beatitude. Quase sempre, e isto temos acompanhado a toda hora, pois é o trabalho nosso, o desencarne se dá em meio de muita aflição e desespero, principalmente quando acompanhado dos mesmos sentimentos expressos com grandes gestos teatrais pelos familiares e amigos.



Em lugar de auxiliar no ato glorioso de adentrar de novo no plano espiritual, costumam os encarnados prejudicar tremendamente o serviço do socorrismo encarregado de receber de volta o espírito, quase sempre enleado em estado mórbido de embriaguez, para que a chegada não venha a ser ainda mais dificultada pelo apego à vida, que é o apanágio de quantos se jactam por terem “bem vivido” os seus tantos anos.



Essa atitude de superior valorização dos bens carnais, ainda que se refira ao organismo que abrigou o espírito durante toda uma longa encarnação e agora está prestes a se corromper, esquecido em alguma vala profunda ou incinerado nas fornalhas modernas, pode vir a ser extremamente onerosa quando do desfecho apocalíptico.



É assim que comparecem à nossa presença indivíduos totalmente alheados até da problemática que os envolveu, esperando que sejam recambiados à carne, tão logo se restaurem os ingredientes do corpo físico que se deteriora às suas vistas. Esses são difíceis de despertar, pois o apego à vida obriga-os a considerarem-se tão-só felizes se possuidores de sua carne. Não bastasse todo esse melindroso problema, obtêm dos familiares inesperado “apoio” representado pelo desejo de que “descansem em paz”. Assim, o espírito fica atrasando sua liberação do mundo físico, marcando passo interminavelmente.



Outros casos existem que nos causam mais estupefação: trata-se dos indivíduos que vêm cobrar da Divindade as “dívidas” contraídas para com eles, pois, em sua crassa ignorância, quase sempre transformada em má-fé, julgam-se no direito à posse de lote no paraíso, uma vez que barganharam por dinheiro ou por promessas cumpridas, havendo obtido o apoio ganancioso de pastores religiosos que lhes ofereciam comendas e outros papéis de posse, devidamente rubricados pelas autoridades eclesiásticas. Estes são terríveis em seu incomensurável desejo de fazer valer os direitos, em nome de justiça que chamam divina.



Casos há de outros tantos que precisamos “algemar” para que não venham a ferir-se, pois se voltam irresistivelmente contra si mesmos, em condenação de crimes que só eles conhecem, pois são acometidos de imenso desespero quando percebem que deixaram de cumprir promessas, que, na maior parte das vezes, se constituem apenas de acertos de contas com desafetos, pelos quais foram surpreendidos e encaminhados para este lado. Obtêm logo a visitação de entidades interessadas em resgatá-los para suas hostes de maldade, o que nos obriga a forte disciplina preventiva.



Existem inúmeros outros modos de se chegar a este lado, o mais incomum de todos aquele que menos trabalho nos dá: o transporte sereno e seguro, acompanhado da vibração bondosa dos familiares em ambos os planos da realidade. Quando um espírito destes desencarna, é como se nascesse de parto normal, sem sofrimento para ninguém. Já vimos até casos raríssimos de espíritos de grande força evolutiva que chegaram dando ordens, para que os trabalhos continuassem desenvolvendo-se normalmente, que seria perda de tempo estar a contemplar “simples” desencarne. Outros chegam um pouco sonolentos e são rapidamente postos a par dos acontecimentos, abrindo largos sorrisos de satisfação. Outros choram algumas lágrimas de alegria e de agradecimento, comovidos com a divina misericórdia, que lhes propiciou vida gloriosa em seu aspecto mais sublime: o de se tornar em mais um degrau ascendente, rumo ao reino de Deus.



E assim por diante. Se fôssemos relacionar todas as espécies de desenlaces, não pararíamos tão cedo, podendo elaborar obra em vários e maciços tomos.



O que é importante ressaltar é o fato de que, sempre que alguém se prepara para morrer, é preciso confiar em que o momento pode ser extremamente agradável, muito semelhante ao nascimento, porque, embora traumatizante no sentido de ter de se adaptar a toda uma nova realidade (“nova” quanto ao fato de se estarem as impressões fortemente impregnadas pela densidade da carne), é ato absolutamente natural, devidamente protegido pelos mecanismos de segurança que Deus implantou, ou seja, obliteração das sensações, sentido muito diminuído da dor, confusão mental favorável a que haja esquecimento momentâneo do próprio fato, vago desejo de safar-se de situação penosa, o que facilita a aceitação do novo estado, etc.



Todo o trabalho de assistência ao que desencarna deve ser precedido de informação de caráter intuitivo a cada um dos familiares, que vão aceitar ou não o fato, segundo os princípios religiosos ou espirituais que adotaram como roteiro filosófico sobre que pautar cada procedimento da vida. Quando a pessoa se deixa envolver pelo nosso halo de vibrações, inserimo-lhe na consciência, sob forma de visão, de possibilidade, de crença em antecipação fenomenológica, de necessidade, a idéia da morte, seja de si mesma, seja de familiar ou companheiro. É curioso que, às vezes, a pessoa não aceite, sob os mais variados pretextos, essa intuição. Neste caso, vamos em busca de pessoa mais sensitiva que prive das relações do indivíduo para, através dela, também das formas mais variadas, fazer chegar a notícia do trespasse. São estes os casos que fazem mais sucesso entre os encarnados, que se assombram com o “poder” de previsão do companheiro.



Em suma, para não delongarmos mais a apresentação, existem inúmeros fatores que podem levar o indivíduo a aceitar o ingresso no plano espiritual, sem dramatizar situações aflitivas ou angustiantes. Se quiser situar-se entre os que não sofrem nem se perturbam, deve estudar a teoria espiritista e orar muito para que sua compreensão dos fatos da vida possa fazer-se integral. Neste ponto, é importante rodear-se de pessoas experientes no Espiritismo Kardecista, pois são as que melhor estão preparadas para esclarecimentos de dúvidas e para o auxílio reconfortante dos aspectos emocionais envolvidos. Finalmente — e não poderíamos deixar de fazer referência —, é muito importante que a pessoa tenha pautado a vida inteira segundo as notações evangélicas ou, caso contrário, sua expiação poderá ter início no momento preciso do retorno ao plano espiritual.



Os que, de repente, são surpreendidos por palavra de advertência como as suscitadas pelo nosso texto, sem que até o momento tenham procedido evangelicamente, que o façam desde este deslumbramento, para que possam ter a oportunidade de reajustar a trajetória, direcionando sua nave para os objetivos delineados pelo comandante da frota. Ao assumir o controle, cada um de nós prestou o juramento de fidelidade do cumprimento responsável de cada um dos itens do programa de viagem. É nesse sentido que podemos oferecer a possibilidade de correção de curso, que sempre há tempo para se chegar ao destino, levando a nave a salvo, bem como todos os tripulantes e passageiros bem protegidos.



Perdoem-nos a linguagem figurativa e fiquem na paz do Senhor!









COMENTÁRIO — MANUEL



Inácio foi padre católico durante a última encarnação e se interessou, desde aquele tempo, pelos aspectos emocionais e teóricos do desencarne, chegando a elaborar vários conceitos próprios a respeito do ato. Generosamente, porém, olvidou as suas conclusões para aceitar de pronto o trabalho socorrista relativo aos que desencarnam.



Foi com muita relutância que compareceu a este cantinho para deixar impressas as palavras de seu texto, pois, dizia-nos, se sentia inseguro, uma vez que as idéias que abrigara durante a vida estavam totalmente desprovidas de fundamento, diante da complexidade do fenômeno. Empiricamente, coletou os dados que nos apresentou, formulando roteiro que contivesse o essencial para convencer os encarnados de que devem preparar-se convenientemente para a morte, momento extremo do transe que representa a vida como realização meramente orgânica.



Como se notou, saiu-se esplendidamente, dosando as palavras em frases vibrantes, buscando ressaltar o principal, mas fazendo-o através de ilustrações muito seguras, o que propiciou desenvolvimento textual harmônico, agradável, que desembocou em conclusão cujo mérito maior foi ser tornada absolutamente óbvia.



Como orientou todo o texto em sentido alegre, dando expansão à jocosidade de sua personalidade italiana, obteve efeito imprevisto: o encarar a morte de ponto de vista totalmente despojado das emoções que todo encarnado sente, quando avulta em seu interior aquele vazio imenso causado por sensação profunda de perda, o qual, no mínimo, causa embargos na voz e olhos marejados. Neste sentido, soube conduzir o texto segundo o respeito que o tema exige, de modo que não descambou em nenhum momento, mantendo o alto nível técnico e informativo que se pede a toda mensagem mediúnica séria.



Quanto à imantação do aparelho, nem mesmo a longa interrupção propiciada pelo atendimento de ordem familiar foi capaz de inibir-lhe o trabalho, de sorte que podemos considerá-lo plenamente apto para as transmissões.



Do ponto de vista da linguagem, foi um pouco precária, havendo momentos hilariantes para nós, que observávamos quando se perdia na busca de formular o texto na língua nativa do recebedor e confundia os termos, fazendo com o que o médium “pererecasse” para encontrar o vocábulo preciso. Desculpe-nos, o caro Inácio, a facécia e aceite humildemente os elogios. Eleve, de viva voz, prece a Deus, para que todos possamos acompanhar com vibração e agradeça os dons de que tem sido dotado. Faça-o com a convicção com que obrava em seus ofícios religiosos, com o coração terno e com a mente contrita.



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