Alô! Bom-dia
maria da graça almeida
Alô! Bom-dia.
Chamam-me Poesia.
Há quem me ame
e quem me despreze;
há que me aclame
e quem me renegue.
Querendo, faça seu
o meu abrigo,
fique à vontade,
ria ou chore comigo.
Alô! Bom-dia.
Chamam-me Poesia.
Chego entregue, ou arredia;
sou una, sou várias;
novata ou centenária.
Sou depressão ou euforia;
silêncio ou melodia.
Sou folhetim ou grande obra,
ora me pagam, ora me cobram.
Às vezes,
brindo por conquistas
e se bem vista e quista
dentro ou fora da “lei”,
sou amiga do rei.
Porém, metrificada,
sofro, enclausurada.
Então, por prazer, ou teimosia,
abandono a simetria!
Aí, sim, bom-dia,
só me enquadro
na alegria.
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