O governo norte americano pode ter cometido o maior erro de sua campanha contra o regime iraquiano. Erro este que se soma a tantas outras trapalhadas desde que se iniciou a campanha para derrubar o regime iraquiano. Os erros foram muitos, mas o maior deles pode ter sido a incapacidade de avaliar o poder de reação do povo iraquiano.

Esperava-se que, após a derrubada do regime iraquiano e após experimentar a sensação de liberdade, o povo iraquiano fosse receber os americanos de braços abertos. Isso chegou até a acontecer nos primeiros dias; todavia, aos poucos, a realidade foi mudando e os protestos contra a presença americana são cada vez maiores. Tanto é que os soldados da força de coalizão tiveram que prender e depois soltar um líder local que também se posicionou contra a presença de soldados estrangeiros.

A medida em que o tempo vai passando, a tendência é de que a aversão à presença americana cresça ainda mais chegando a um ponto onde os confrontos serão inevitáveis. Não adianta o governo Bush tentar impor um modelo de democracia que não faz parte da cultura dos povos daquela região. É o mesmo que querer implantar o futebol americano no Brasil, seria um fracasso total.

Os planos de derrubar o regime iraquiano deram certos, mas o desejo de democratizar o Iraque é uma aventura, não tem o menor cabimento. Continuar insistindo nisso só vai aumentar a oposição do povo iraquiano o que levará a um confronto inevitável. E se durante a invasão o número de baixas foi relativamente baixo, a manutenção de soldados em território iraquiano pode custar muito mais vidas. E aí veremos até que ponto o povo americano vai apoiar seus governantes.