Moleque
maria da graça almeida
Vem dobrando a esquina,
saltitante, um moleque,
na mão magra, suarenta,
leva um velho canivete...
Enfrentando desaforos,
rola o corpo nas calçadas.
Traz consigo bom tesouro
e a vida desgraçada.
Pela posse do tesouro,
vê-se forte e poderoso,
não é ouro, nem coroa,
mas o fio é coisa boa!
Aproxima-se um moleque
indolente e impuro,
com o velho canivete,
pensa estar rico e seguro.
Na esquina há um moleque
estirado na calçada,
pelo fio do canivete,
sente o frio da madrugada.
Maria da Graça Almeida
Revista Fresta
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