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Artigos-->192. PARA A CLASSE MÉDIA — JUANITO -- 30/04/2003 - 08:00 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Ao ouvir os sinos badalando de manhã, antigamente, despertava o indivíduo para a vida de todo dia com o coração voltado para a religião. Hodiernamente, porém, os sinos das igrejas não alcançam todos os encarnados, de modo que toda espécie de mecanismos de alerta são acionados para, como metralhas ensurdecedoras, despertarem para o trabalho de cada dia. Mais modernamente, meios eletrônicos, com melhor controle de sonorização, acordam as pessoas através de músicas suaves ou programas jornalísticos, segundo esquema previamente preparado.



Tudo o que acima escrevemos é do conhecimento médio de todos, no entanto, é preciso prestar atenção para a diferença essencial: o homem não mais é acordado para a religião, mas para o trabalho. Sendo assim, o primeiro pensamento é, quase sempre, para as tarefas do dia e não mais para o agradecimento ao Senhor pela noite bem dormida, o que, de resto, ocorre quase sempre, dados os recursos atuais do conforto do ambiente dos quartos em que se restauram as forças dos dias de trabalho.



Podem espantar estas afirmativas. Muitos podem protestar, dizendo que dormem em catres sobre palhas imundas, em mocambos e casebres de madeira dos mais insalubres, sem nenhum dos confortos aludidos. Não nos esquecemos desses também, entretanto, interessam-nos agora os que têm recursos materiais suficientes para sustento de vida regrada pelo bem-estar, com carro à porta e aparelhos eletrodomésticos e eletrônicos que amparam as atividades do lar, favorecendo vida plena de comodidades.



Essas pessoas, em geral, possuem pequena biblioteca, onde, quase sempre, jazem acomodadas obras de teor evangélico: uma Bíblia, um Novo Testamento, ou ainda um catecismo, uma vida de santo, uma obra mediúnica qualquer, principalmente das que têm como teor conselhos úteis, em casos de desespero, de dor, de aflição. Essas pessoas conservam tais obras com carinhoso afeto ao lado de outras técnicas ou pertencentes ao mundo literário dos romances, contos e poesias.



Pois bem, tudo isso é comum ocorrer com a maior parte dos mortais bem situados financeiramente. Todavia, quem é que se dedica verdadeiramente à leitura dessas obras? Uns poucos abnegados sofredores ou participantes dos trabalhos evangélicos em algum centro espírita, onde usufruem a carinhosa assistência de seus orientadores espirituais. Na maior parte das vezes, os livros, entre eles os relativos à doutrina espírita, ficam entregues ao abandono da poeira mental que se vai acumulando, ao passo que as páginas da TEVÊ são abertas e lidas diariamente com avidez.



Não seria preferível o contrário, ou seja, que os aparelhos eletrônicos permanecessem desligados, enquanto pudesse ser sacudida a poeira das estantes?! Evidentemente, muito teriam a ganhar os que assim procedessem, cônscios de que a necessidade espiritual e moral está acima da emocional, que é, em suma, o sentimento que impulsiona os encarnados a buscarem na TEVÊ aquilo que lhes falta, tendo em vista a monotonia da vida profissional ou doméstica. Esse anteparo emocional, buscado com tanta ânsia na vida fantasista veiculada pelas novelas e demais formas de dramas televisivos, entre os quais se destaca o jornalismo sensacionalista, que apenas maquia a realidade mais crua, dando aos crimes e notícias hediondas o disfarce do distanciamento, que reduz a vida exterior a uma cena ou outra extremamente próxima das estruturas e fotomontagens da novelística televisionada, esse desafogo diante do “terrível”, que ocorre com os “outros” e não com nós mesmos, satisfaz os princípios emocionais das personalidades voltadas para a valorização dos aspectos materiais da vida quotidiana.



Quase sempre, no que respeita ao contacto com o plano espiritual, a vida do homem moderno se restringe a participar semanalmente de algum ofício religioso e pronto! E onde estão os sinos das igrejas a lembrar de hora em hora que o homem é feito de carne, mas carne ativada por divina centelha a que se dá o nome de alma?



Não vamos esquecer-nos de que tudo se passa no âmbito do intelecto, ou seja, o homem é ser racional, ou melhor dizendo, animal que racionaliza as reações. Se você tiver o discernimento de perceber que os movimentos psicológicos lhe servem para encobrir as dúvidas, as “eternas” e as corriqueiras, então estará apto a entender sobre que estamos discorrendo. Se você for dos que se dedicam tão-só à diversão televisiva ou àquela da rádio ou dos “records” (fitas e discos), dificilmente terá chegado até este ponto da mensagem. Vamos prosseguir na crença de que o que escreveremos daqui por diante seja lido e compreendido; quando não, que seja objeto de discussão e esclarecimentos por parte dos mais experientes.



Hoje em dia, os que se desligam da carne e se apresentam ao plano espiritual tão-só com os valores da civilização moderna têm surpresas muito desagradáveis. Chegam falando em terem trabalhado muito, como se o que tivessem feito no campo profissional pudesse ser computado como real auxílio fraterno. Muitos exigem mesmo reconhecimento como benfeitores públicos, esquecidos de que, se não tivesse sido estabelecido um ganho, muitas vezes polpudo, não teriam realizado nada naquele setor. Outros, oriundos de profissões notoriamente exploradoras dos semelhantes, como seja o caso dos banqueiros, dos financistas, dos especuladores e atravessadores (é preciso resguardar as exceções do comércio honesto e operoso), ousam afirmar que o que fizeram foi em prol do enriquecimento da humanidade e se julgam imensamente injustiçados quando descobrem que de nada lhes valeu a encarnação e que têm ainda de saldar os débitos anteriores, acrescidos de algumas contas novas. Esses indivíduos, quase sempre, possuíam, em suas casas, palacetes e mansões, todos os recursos materiais a que acima aludimos e pautavam o procedimento conforme o descrito.



Veja você, caro amigo, se não se enquadra nos diversos aspectos referidos. Veja se tem participado, de alguma forma, pessoalmente e não por delegação (como muitos dizem que fizeram quando acoimados de insensíveis, pois sentiam-se seguros por pagarem os tributos descontados em folha — desconfiamos de que, se não fossem descontados, não seriam pagos jamais, como se costuma sonegar o imposto espontaneamente declarado —), do socorrismo fraterno das casas de assistência, no intuito mais puro de promover o crescimento ao irmão, sem objetivar primordialmente o cumprimento de uma “tarefa” evangélica para proveito próprio. Analise se seu procedimento é honesto, relativamente ao conjunto da sociedade organizada, e se seu desempenho moral e espiritual lhe faculta desenvolvimento no campo da redenção. Consulte o coração, a consciência, para saber convenientemente se o proceder o está soerguendo do mundo rasteiro das culpas e do obscurantismo mental, para arremessá-lo iniludivelmente à estrada do bem eterno.



Caso a perquirição interior não lhe demonstre cabalmente que tudo o que vem fazendo o encaminha para as sendas da bem-aventurança, volte-se para as esferas da espiritualidade superior, orando preces comovidas de arrependimento, se se sentir culpado, de agradecimento, se se achar agraciado pelos bens da divina misericórdia, ou de solicitação de ajuda, se se perceber perdido no emaranhado dos sentimentos contraditórios em que se chocam aspirações claramente originadas das solicitações materializadas da vida moderna, com esquemas rigidamente adquiridos do conhecimento evangélico e da reflexão a respeito do amor, da justiça e da caridade. Qualquer seja o caso, a prece o elevará para Deus, pois é ela o sino que o despertará para as verdades eternas.







O irmãozinho que veio trazer a palavra de advertência quer esclarecer que o escrito está voltado para os homens de coração disponível e de mente arejada. Não escreveu para os santos, que muitos existem e a quem não tem de argüir. Não escreveu para os ímpios, que soem ridicularizar as palavras simples de advertência e alerta. Não escreveu para os ignorantes das letras, que jazem explorados pelos senhores do mundo e encarcerados em toscas mentalidades de escravos. Não escreveu para os sábios, os letrados, os instruídos nas ciências, que buscam na compreensão da intimidade da matéria ou da mente encarnada o fascínio da descoberta da criação. Escreveu, sim, para os desatentos, os que caminham com tranqüila serenidade, sem se aperceberem de que suas atitudes podem estar sendo o mais prejudicial possível para a concretização de seus próprios ideais de encarnação. Sendo assim, espera ter sido útil um pouquinho, para o que leva um último aviso: nunca é tarde para principiar o vasculhar dos armários da consciência e o espacejar das teias que se criaram nas mentes e nos corações. Inicie a sua ascensão e o faça ouvindo o badalar de seu sino, orientando o despertar para a religação com o plano da espiritualidade superior, rezando preces de arrependimento, de agradecimento e de solicitação de ajuda.









COMENTÁRIO — MANUEL



A longa mensagem do nosso querido Juanito poderia ter sido abreviada para uma única advertência, simbolicamente construída: “Ouça o sino da consciência”, e estaria perfeita. No entanto, quis bem determinar o público, para que não faleça a ninguém o recurso de bem situar-se diante do escrito.



É claro que o público-alvo é bem numeroso, pois a classe média, ou seja, aquela definida como possuidora de bens materiais do porte referido na mensagem, espraia-se por toda a parte da nação brasileira e é muito extensa em todos os países ocidentais, aqueles cuja cultura e cujos aparatos civilizatórios se inserem na conceituação de nosso escritor.



Pois bem, sendo assim, ficou extremamente válida a advertência do jovem amigo, aluno dos mais brilhantes e assíduos de nossa “Escolinha”. Se o texto não se apresenta com o apanágio dos letrados é porque padeceu dos tropeços de uma última encarnação desarvorada e carcomida pelos males que denuncia com tanta ênfase. Chega quase a ser declaração de culpa ou confissão pública de pecados.



Se estamos revelando o fato, é para tornar mais dramático o apelo que, pode-se observar, se preocupou por não ser “desesperado” nem “desesperador”, uma vez que enaltecemos as mensagens que se apresentem pautadas pela serenidade, pelo bom senso, pelo comedimento emotivo e verbal. Se não fosse essa contenção, nós descobriríamos espírito altamente temeroso de que muitos encarnados se encontrem na posição a que se referiu quando situou, na ordem de inúteis, muitas das encarnações típicas da classe média.



Por isso, está o amiguinho de parabéns. Deve intentar escrever outros textos do mesmo teor, buscando centrar as preocupações nos aspectos particulares das virtudes evangélicas e menos nas pessoas visadas que, de um modo ou de outro, sempre acabam por experimentar a vestimenta, por desconfiarem que lhes sirva. Prossiga, pois, escrevendo, sem esmorecimentos, já que a palavra lhe sai fluente dos lábios, embora se tivesse deixado influenciar muito pelos “dons” do palavreado do escrevente, havendo certos momentos em que lhe deu demasiada liberdade, tendo, nesse sentido, o texto sofrido alguns desajustes de caráter verbal. Nada, entretanto, que anulasse o efeito desejado. No mais, esteve bem e, por isso, deve levar a cabo outras tentativas.



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