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Erotico-->A MENINA DO ÔNIBUS II - Capítulo V(c) -- 24/10/2007 - 18:45 (Edmar Guedes Corrêa****) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A MENINA DO ÔNIBUS II - Capítulo V(c)

Olá queridos leitores,

Vocês que acompanharam a história de Ana Carla em “A MENINA DO ÔNIBUS”, poderá a partir de agora conferi também alguns capítulos extras que farão parte do livro a ser publicado futuramente, assim que o livro estiver pronto.

Seguindo a ordem dos capítulos que foram publicados aqui na Usina de Letras, o capitulo a seguir é um capítulo entre V(b) e VI da segunda parte. Para ficar mais fácil a localização, resolvi chamá-lo de capítulo V(c) para não confundir os leitores. Para ler o capítulo V(b), clique [aqui]

Abraços,

Edmar Guedes Corrêa

Se quiser saber como tudo começou, então clique em: A MENINA DO ÔNIBUS

V(c)
I

Minha leitura foi interrompida pela voz de minha mãe. Estava lendo as últimas páginas de “O Amante”, onde a autora fala de partidas, mais precisamente das partidas por mar, onde diz: “A separação da terra é sempre feita com dor e até mesmo com desespero, mas isso nunca impedia os homens de partir...”. Foi justamente nessa parte que me desprendi da leitura para divagar em pensamentos. Pensava na possibilidade de, se alguma coisa desse errado, eu e Ana Carla partirmos para um lugar distante. Não para outro país, outro continente evidentemente tal qual a personagem do livro, e sim para outro Estado, talvez para o nordeste; e então construir nossa vida lá, longe de tudo e de todos. E foi nesse exato instante que o girar da maçaneta da porta do meu quarto dissipou minhas divagações.
-- Tem uma tal de Maria Rita querendo falar com você no telefone.
Levantei num sobressalto. E com o coração palpitante, perguntei, como se não tivesse entendido.
-- Quem?
-- Maria Rita. -- Minha mãe percebeu a surpresa e o embaraço, por isso perguntou: -- Quem é essa tal de Maria Rita.
Evidentemente não associara o nome à pessoa. Ela não fizera idéia de que Maria Rita era a menina que engravidara. Ainda bem, pois não teria sido nada amigável a conversa entre as duas. Maria Rita certamente haveria de inventar mentiras para jogar minha mãe contra mim. Quanto a isso não havia dúvidas. Ela estava disposta a tudo; e mentir, tentar fazer-se de vítima, de inocente, inventar que eu a seduzira e prometera casar-me consigo era só algumas de suas artimanhas. Esse aliás era o motivo pelo qual eu fazia o possível para evitar um encontro entre as duas.
Corri até o telefone e atendi.
-- O que foi? -- perguntei depois de saber como ela estava passando.
-- Tencionava ir aí conversar contigo no final de semana, mas não vai dar. Meus pais vão viajar para a casa de uns amigos em Fortaleza e eu vou com eles. (“Graças a deus! Me livrei mais uma vez”, pensei.) Mas no mês que vem vou até ai. Ligo antes para avisar. Só espero que pelo menos seus pais não me tratem mal – disse ela. Sua voz era áspera e rancorosa. Embora tentasse parecer natural, isso não surtia efeito.
-- Não, não vão tratar – afirmei.
Fui amável na medida do possível, embora tivesse de me esforçar para não deixar transparecer. Perguntei-lhe pelas meninas, como estavam indo as coisas e finalmente sobre o bebê. E ela mais uma vez foi ríspida:
-- Por que você quer saber? Você não liga para ele.
-- Claro que ligo! Se não ligasse, não estaria perguntando.
-- Você só está dizendo isso para se fazer por bonzinho. Pensa que sou idiota? Você quer que eu o tire. Aliás você quer matar o nosso filho, assassino! Monstro desumano! -- Perdeu o controle. Tive a impressão de que ia cair em prantos.
Não me deu oportunidade de responder. Desligou na minha cara.
-- Ah, essa é aquela? A menina que engravidou? -- indagou minha mãe, que ficara na sala ouvindo a conversa.
Confirmei.
-- Ela disse quando vem conversar com a gente?
-- Disse: no mês que vem – respondi, retornando para o quarto.
-- Só no mês que vem?
-- Acho que sim – tornei a responder, com certa irritação. Não gostava dessa manina bisbilhoteira de minha mãe. Era como se na decisão de Maria Rita tivesse um dedo meu, como se fosse eu quem criasse obstáculo à reunião. Talvez minha mãe me achasse na obrigação de convencer Maria Rita a vir o mais breve possível. Ela no entanto parecia não ter se dado conta de que eu já não exercia nenhum poder sobre aquele jovem desde o momento em que me recusara a casar-se consigo e lhe sugerira a abortar. -- Como eu vou saber? Não posso obrigar ela a vir se ela não quiser – acrescentei.
Passava da uma da tarde naquela segunda-feira de carnaval e Ana Carla ainda não me telefonara. Embora isso não me preocupara até o momento, o telefonema de Maria Rita fez-me ter a sensação de que essa demora não era casual. “Alguma coisa pode ter acontecido. O dia já não começou bem”, lembro-me de pensar.
Retornei à leitura do livro. Faltavam umas quatro páginas para chegar ao final e estava decidido a terminá-lo naqueles instantes.
Não consegui. Por diversas vezes tentei me concentrar na leitura, todavia meus pensamentos pareciam um mar revolto. Ora eu pensava em Maria Rita, ora em Ana Carla. E o que me impedia de prosseguir a leitura eram exatamente as divagações resultantes da sensação de que algo está para acontecer. E quando não sabemos o que vai acontecer, imaginamos as piores coisas. E isso nos atormenta, nos deixa impotentes diante do futuro, como se o temesse, como se não tivéssemos forças para dar um passo adiante.
Eu imaginava Maria Rita frente a frente com meus pais desfazendo-se em lágrimas enquanto me imputava as mais descabidas acusações. E por mais que estes me conhecessem e soubessem que eu não era tudo aquilo, os meus atos me condenavam. Minha mãe certamente faria o possível para me resguardar, mas não deixaria de dar razão àquela vadia. E o que Maria Rita poderia dizer? E se ela inventasse tantas outras mentiras? E se fosse convincente o bastante para fazer meus pais acreditarem em suas palavras? Tudo isso me atormentava e não me deixava terminar de ler o livro.
E quando meus pensamentos se desviavam por uns momentos de Maria Rita, recaiam em Ana Carla. E se ela descobre que engravidei outra na sua ausência? Uma mulher não suporta uma traição, quanto mais o filho com outra. “Isso ela não pode descobrir nunca!”, lembro-me de afirmar. Logo em seguida porém chegava a conclusão de que não poderia esconder esse filho para o resto da vida. Em algum momento teria de contar-lhe a verdade. Mas quando? Essa era outra dúvida.
Foi durante essas divagações que o celular tocou. Era Ana Carla.
-- Oi, florzinha!?
-- Oi, meu amor – disse ela, sem entusiasmo.
-- O que foi? -- Vi na sua voz uma certa tristeza, um desapontamento. Ela não era assim. Ao ouvir minha voz, sempre falava com alegria, jovialidade demonstrando o quanto se sentia feliz em falar comigo. Contudo, não era isso naquele momento. -- Aconteceu alguma coisa?
-- Não vou poder sair.
-- Por quê?
Contou-me o ocorrido. Então disse-lhe para não ficar triste. Expliquei-lhe que, às vezes, as coisas não acontecem como a gente planeja, mas que isso não muda em nada o que sentimos pela pessoa amada. Aliás, minhas palavras estavam sobre influência do telefonema de Maria Rita e dos pensamentos que se seguiram. Antes de desligar porém, ela prometeu se encontrar comigo no dia seguinte, último dia de carnaval.
Após falar com Ana Carla, senti-me mais aliviado. Só então fui capaz de concentrar na leitura e finalmente terminar de ler o livro.

II

-- Isso não é um tanto arriscado? -- perguntei, quando Ana Carla me disse ao telefone que ia dizer para seus pais que ia ao clube com a Marcela e depois ao shopping center, mas na verdade ia comigo para outro lugar, para onde eu quisesse levá-la.
-- Não é não. A gente fica um pouco lá, depois a gente sai – explicou ela.
Eu é quem não se oporia; afinal de contas, ninguém mais do que eu queria ficar as sós com ela. E se ela havia bolado um plano, só me restava fazer parte.
-- A Marcela não desconfia da gente? -- aproveitei para perguntar. Eu não sentia intimidado com essa possibilidade, pelo contrário, se a Marcela era a melhor amiga de Ana Carla, talvez estivesse na hora dela contar alguma coisa para a amiga e assim a amiga ajudá-la quando fosse preciso.
-- Não, acho que não. Se ela desconfiasse, eu aposto como teria me perguntado alguma coisa. Por quê?
-- Sei que é arriscado, mas não seria melhor você contar a verdade para ela? -- indaguei.
-- Não sei. Você acha?
-- Talvez. Não tenho certeza. Você que é amiga dela, deve saber melhor do que eu.
Fez-se silêncio. Foi apenas alguns segundos.
-- Acho melhor não. Vamos esperar mais um pouco – sugeriu. -- Se ela desconfiar de alguma coisa, aí eu conto.
-- Ah, mas não vai demorar para ela desconfiar.
-- Mas até lá não vou contar nada.
Mudamos de assunto e pouco depois Ana Carla disse que precisa desligar; ia ajudar sua mãe nas tarefas do lar.
-- Aí ela vai me deixar sair – acrescentou.
De fato deixaram-na sair de casa.
Não fiquei preocupado quando cheguei no clube e não a encontrei porque sabia que se acontecesse alguma coisa ela me telefonaria. A minha incerteza consistia apenas se ela havia ou não entrado. E quando a procurei e não a encontrei, conclui: “ela não chegou ainda! Mas aposto como não vai demorar. Vai ver que foi a amiga quem se atrasou”.
O clube estava mais cheio que há dois dias. Embora não me lembrasse da maioria das caras que vira quando estivera ali da última vez, pude deduzir sem medo de errar que não eram as mesmas pessoas. Havia mais jovens e menos crianças e adultos; aliás, pouquíssimas crianças.
Após uma volta pelo salão, prostrei-me próximo à porta de entrada para aguardar Ana Carla. Nesse interim, acabei deparando com alguns conhecidos. Um desses inclusive era minha aluna Fábia Santos, aquela aluna para quem contei sobre o banho de chuva que eu e Ana Carla tomamos naquele 29 de janeiro. Ao me ver, aproximou-se, cumprimentou e perguntou se estava esperando minha namorada. Fiquei sem saber o que responder por um momento, entretanto acabei confirmando. Então ela acompanhou suas amigas e não as vi naquele dia.
Pensei encontrar Ana Carla com a mesma fantasia, mas dessa vez porém não estava fantasiada. E me surpreendi ao vê-la vestindo um shortinho curto, extremamente colado ao corpo e delineando todos os seus contornos. Para completar, ela vestia somente uma tira de pano com um nó entre os seios. Era pouquíssimo pano; pano suficiente para esconder seus seios, que aliás estavam meio que descobertos na parte inferior. O primeiro pensamento a vir-me à cabeça ao vê-la foi: “Como foi que deixaram ela sair desse jeito? Se fosse minha filha eu não teria deixado”.
Quando Ana Carla entrou, estava sozinha. Perguntei por sua amiga e ela disse que estava vindo, que havia parado com alguns meninos da escola. “É! Hoje é nosso dia!”, exclamei em silêncio.
Procuramos ficar no mesmo lugar em que ficamos anteriormente: do lado esquerdo, próximo ao palco; até porque era um local onde não havia aglomeração, onde havia mais liberdade para dançarmos sem ficar a todo instante esbarrando em alguém.
-- Você está um tesão de menina, sabia? -- falei, ao tocá-la nos quadris e puxá-la para junto de mim.
-- Seu bobo!
Disse que não era de ferro, que não ia resistir àquela provocação. Ela achou graça e pediu-me para se comportar, pois alguém poderia nos ver. Assenti. Ela estava com a razão. Não havia porque se arriscar desnecessariamente. Logo mais haveria tempo para fazer o que desejava fazer naquele instante. O problema era os impulsos. Não é fácil conter nossos impulsos mais primitivos num momento desses, quando estes são excitados tal qual o salivar de um animal faminto ao sentir o cheiro de comida.
Uns cinco minutos depois Marcela nos encontrou. Alguns rapazes a acompanhava. Um deles inclusive me atirou seus olhos e houve um reconhecimento mutuo. Havia esquecido o seu nome, mas não a sua fisionomia. E ao me lembrar de sua aparência, veio-me imediatamente a cena no shopping em que ele se aproximara e beijara Ana Carla no rosto. Isso me irritou, embora eu tenha tentado disfarçar e não deixar que ela notasse.
Esperava que ele não fizesse nenhum comentário a meu respeito, entretanto aproximou-se de Ana Carla e ao cumprimentá-la alfinetou:
-- Pulando carnaval com o tiozinho?
Ana Carla enrubesceu e ficou completamente sem jeito. Comigo não foi tão diferente e quase cheguei a abrir a boca para dizer alguma coisa, tentando salvar as aparências. A minha sorte foi que ela adiantou-se:
-- É! -- e olhou para a amiga – Meus pais não me deixam sair sozinha.
Marcela não deve ter entendido nada, mas também não fez comentários; talvez porque estivesse muito ocupada com um dos meninos, pois mais tarde, quando fomos nos despedir dela, vi-a atracada aos beijos com o garoto.
Não sei o quanto aquele garoto desconfiava do meu relacionamento com Ana Carla, mas hoje posso apostar que ele deve estar comentando para todos: “Eu sabia desde o momento em que vi eles juntos no shopping! Eles nunca me enganaram. E quando vi eles no clube, tive certeza! Por isso falei aquilo para ele la”. E de fato o garoto desconfiava de alguma coisa. Ainda me lembro perfeitamente de suas palavras cerca de dez ou quinze minutos depois, quando nos deixou as sós. Suas palavras soaram com se ele pedisse para o lobo mau cuidar da chapeuzinho vermelho, para que nada lhe acontecesse.
Foi inclusive as palavras daquele rapaz que nos fez sair dali. Não nos sentíamos mais confortáveis depois daquele constrangimento. Era como se o susto houvesse posto um fim ao nosso prazer. Embora Marcela houvesse nos abandonado há tempos, aquele momento fazia-me a todo instante lembrar dos riscos que corríamos; até porque amiúde eu deparava com olhares insistentes em nossa direção. Era olhares de rapazes com a idade de Ana Carla ou pouco mais velhos, e esses olhares na verdade eram quase todos dirigidos à ela. Mas isso me incomodava ainda mais. Eu sabia tratar-se e olhares voluptuosos, famintos por aquela carne jovem, fresca e ao mesmo tempo suculenta.
-- Vamos só despedir da Marcela. Vou dizer que vou para a casa da minha tia em Santos, assim ela não vai desconfiar de nada.
-- Então vamos, florzinha! -- assenti.
Nós a encontramos com um dos garotos no meio do salão. E a vi de longe quando o beijava. Quando chegamos perto porém eles haviam se desvencilhados. Ana Carla então comunicou que estava indo.

III

Não havia para onde levá-la em que não houvesse multidão. A cidade estava abarrotada de turistas, que aproveitavam o feriado prolongado para invadir nossas praias e roubar nosso espaço ao sol, apesar de quem eu não fosse um assíduo freqüentador de praias.
Havia obviamente lugares mais afastados e desertos, onde os turistas não se arriscariam a ir; contudo, para chegar a tais lugares seria preciso de um carro e eu estava a pé. Em nenhum momento me passara pela cabeça pedir ao velho o carro emprestado. “Puta merda! Como não pensei nisso antes?”, cheguei a pensar ao sair do clube.
-- Para onde você quer ir? -- perguntei indeciso.
-- Ah, sei lá! A gente não vai poder fazer nada mesmo!
-- Por quê?
-- Já esqueceu que estou menstruada?
-- Ainda?
-- Só está vindo um pouquinho. Mas se você enfiar alguma coisa lá, vai sair vermelho – alertou-me ela com sarcasmo. -- Agora, se você tiver um lugar em mente, pode ter certeza que vou adorar.
-- Eu também ia adorar, ainda mais você com essa roupa excitante, mas não faço a menor idéia de onde poderíamos ir.
-- Nem eu. Mas se a gente achasse um cantinho por aí...
-- Acho melhor a gente deixar para amanhã ou depois quando essa gente toda já terá partido. Você está menstruada e vamos nos sujar. Vai que você acaba sujando essa roupa. Como é que vai explicar para seus pais a mancha de sangue nela? Eles não são idiotas e vão deduzir na hora o que você estava aprontando – expliquei, enquanto caminhávamos pela rua de mãos dadas.
Fomos até o centro do Guarujá, mais precisamente até o Anexo Secreto: o lugar mais especial para nós dois.
Obviamente, não fui capaz de conter meus instintos vez ou outra. Até porque aquelas coxas desnudas era um convite irrecusável a umas carícias; todavia, quando eu passava dos limites, Ana Carla se encarregava de me alertar sobre onde estávamos e das pessoas a nossa volta.
Ah, querido leitor! Foi até bom quando finalmente ela disse que precisava ir para casa. Ficar ali com ela, desejando-a feito um sujeito morrendo de sede ao lado de um copo de água sem poder beber. Meu corpo queimava nas chamas da volúpia, meus instintos pareciam querer arrancar-me até o último fio de razão. E se permanecesse ali ou em qualquer outro lugar com ela, era isso que aconteceria. E se não poderíamos fazer nada, nestas circunstâncias era melhor que nos separássemos mesmo.
Quando pus o pé dentro de casa, o primeiro ato foi correr até o banheiro para bater uma punheta. Eu necessitava urgentemente de uma punheta, de me masturbar enquanto imaginava Ana Carla tirando aquele shortinho e a calcinha ao mesmo tempo que esfregava o traseiro no meu falo; depois, virando de frente para mim, curvando seu corpo nu, agarrando delicadamente meu falo enquanto o introduzia na boca ardente, voluptuosa e faminta. Mas ao arriar as calças diante do vaso sanitário e agarrar o falo, minha mãe bateu à porta.
Fiquei hiperirritadíssimo e com raiva, perguntei:
-- O que é, mãe?
-- Paulo Roberto, seu primo, que falar com você.
-- Comigo?
-- É, filho! -- replicou minha mãe. -- O que foi? Está sentindo alguma coisa?
Desconcertado, como se minha mãe acabara de me ver masturbando, não atinei uma resposta satisfatória; porém respondi:
-- Não, mãe.
-- Vou dizer que você está no banheiro e vou pedir para ele esperar um pouquinho. Mas não demore! -- pediu. Então ouvi seus passos pelo corredor, em direção à sala.
Meu falo continuava imponente entre meus dedos, mas eu havia perdido a concentração. Além do mais, até me concentrar novamente, ia demorar; e talvez nem conseguisse, sabendo que meu primo me aguardava ao telefone. “Não! È melhor deixar para depois. Vou atender o telefone primeiro”, pensei ao me recompor. “Agora isso vai ficar duro enquanto não der uma gozada! Só espero que minhã mãe não perceba”, continuei a pensar ao abrir a porta do banheiro.
-- Olá, primo! -- falei.
-- E aí, em casa?
-- É! -- Dei um sorriso amarelo.
-- Cadê sua ninfetinha? -- perguntou ele maliciosamente.
-- Tá em casa.
-- Vai pular com ela essa noite?
-- Não. Já fui na matinê – respondi, procurando usar palavras que satisfazessem suas perguntas e ao mesmo tempo não deixasse minha mãe perceber algo de estranho nas minhas palavras.
-- Sabia! Tinha certeza de que você não ia ter com quem sair à noite. Por isso resolvi te ligar.
-- Me ligar?
-- Ganhei dois convites para pular ai no Guarujá: eu e a Júlia. O problema é que tem uma amiga dela aqui em casa e não podemos deixá-la. Ai pensei em você para fazer-lhe companhia. Tenho certeza que você vai gostar dela: é uma gracinha de menina.
Pensei em recusar o convite. Não me sentiria bem me divertindo enquanto Ana Carla estava em casa. Contudo, não queria deixá-lo em maus lençóis; era meu primo, e até encontrar Ana Carla, frequenta assiduamente a sua casa e toda vez que havia um evento importante um lembra do outro. Portanto, não era justo deixá-lo na mão agora.
-- Tudo bem.
-- Então passo por aí as dez horas. Aproveito para rever a tia. Não nos falamos desde o enterro da tia Lu.
“Só espero que isso não me cause problemas com Ana Carla”, disse para mim mesmo ao pôr o fone no gancho.

IV

Eles chegaram quando eu ainda me trocava. Embora não tivesse me ocupado em imaginar como seria a amiga de Júlia até então, isso não quer dizer que não havia curiosidade. E ao ouvir aquelas vozes conhecidas na sala, foi inevitável um minuto de silêncio para ver se ouvia-lhe a voz. Entretanto, foi em vão. Talvez porque ela falasse baixo ou sua voz teria se misturado as demais; a verdade é que não distinguir nenhum som diferente. E isso só fez crescer a minha curiosidade, só me fez sentir vontade de conhecê-la.
Ela estava sentada no sofá menor, ao lado de Júlia, ouvindo atentamente meu primo contar suas histórias, coisa que gostava de fazer. Ao me aproximar sem ser notado, pude olhá-la atentamente, como se olha uma mulher atraente, misteriosa e, apesar de não ser dotada de uma beleza inconfundível, é capaz de se sobressair no meio de pessoas comuns. Parecia ter uns vinte anos. Seus cabelos escuros, encaracolados e soltos, seu rosto redondo de olhos grandes, vivos e alegres, e o vestido negro foram as primeiras coisas a me chamar a atenção. Dir-se-ia haver um que de beleza e outro de simplicidade, produzindo uma combinação misteriosa e atraente.
Sei que julgar alguém pela aparência é um grave erro, contudo a forma com que estava sentada, o jeito de prestar atenção à conversa, a posição de seu rosto e até o arranjo do cabelo não me deixava dúvida: tratava-se de uma mulher moderna, espirituosa e dona do seu próprio destino.
-- Essa aqui é Viviane – disse meu primo, depois de cumprimentá-lo.
A jovem levantou-se e estendeu-me a mão.
-- Oi! Prazer. Wladimir – falei ao pegar em sua mão.
-- O prazer é todo meu – retorquiu ela. Um sorriso formou-se em seus lábios, o que me levou a retribui-lo.
Em seguida ela tornou a sentar e cruzou as pernas. Observei suas coxas. O vestido curto as deixavam desnudas, principalmente quando ela cruzou as pernas, num gesto rápido e natural, mas com graciosidade, como só as mulheres extremamente femininas sabem fazer. Eram grossas, lisas e vicosas; pareciam terem passado por grandes cuidados muito recentemente.
Fiquei impressionado com o seu poder de sedução. E tive de fazer um grande esforço para desviar os olhos daquelas pernas, como se fossem capazes de desferirem ondas magnéticas. Meus pensamentos, que até então giravam em torno de indagações acerca da impressão que me causaria aquela jovem, agora partiam para divagações sensuais, o que quase sempre sucedia ao me deparar com uma fêmea atraente, cheia de beleza, de contornos bem definidos, deixando transparecer em toda a sua feminilidade a possibilidade de intensos momentos de prazer. Eu me via apossando-se de suas coxas e beijando-as; em seguida, arrancando-lhe as peças íntimas, agarrando-lhe os seios tão bem delineados pela fina e macia peça de roupa. Via-me cheio de vida, consciente do meu poder de sedução; via-me beijando num beijo desesperado, violento seus lábios, abrindo suas pernas e penetrando-a como se o tempo fosse nosso maior inimigo, como tudo precisasse ser feito no desespero do instante. E tais pensamentos acabaram me afetando, levando-me a ver nela mais sensualidade, desejo, volúpia do que realmente aparentasse. Fiquei ainda mais excitado, eis a verdade! Isso me causou certa preocupação, pois sabia que, se me levantasse naquele momento, olhos mais atentos leriam meus pensamentos.
Por isso, quando fez-se silêncio pouco depois, puxei uma nova conversa. Virei para Viviane e perguntei o que estava achando de Santos. Ela, com aquele sotaque interiorano embora num português impecável, disse estar impressionada com a beleza das praias, dos jardins da orla, com a quantidade de gente. Perguntei-lhe se tivera a oportunidade de vir à praia no Guarujá.
-- Ainda não, mas vamos trazer – adiantou-se Júlia.
-- São maravilhosas. Temos algumas das melhores praias do litoral paulista – declarou minha mãe de forma alegre e procurando mostrar-se prestativa. Era a primeira vez que a via tão animada desde a perda da irmã.
-- É verdade! -- confirmei, continuando a olhá-la com afetação, como se olhasse para sua nudez. -- É cada uma melhor que a outra. A água é quase transparente. Não é como as de Santos, que são sujas por causa do tráfego de navios no porto.
Havia um clima de descontração, de espiritualidade naquela roda de conversa. Embora meu pai permanecesse a maior parte do tempo calado, com os olhos pregados na TV, de quando em quanto intervia na conversa. Dir-se-ia ter um ouvido para a TV e outro para ligado ao que falávamos.
Depois de meia hora, Paulo Roberto consultou o relógio e disse:
-- Dez e quanta. Não é melhor a gente ir andando?
Júlia levantou-se dizendo:
-- É. Senão vai ficar tarde.
Levantamos.
Naquele momento pensei em pedir emprestado a meu pai a chave do carro. Assim não ficaria preso ao meu primo e nem ele a mim, com a obrigação de trazer-me para casa. Mas quando toquei no assunto, ele foi taxativo:
-- Vamos todos no meu carro! Não se preocupe! Nós te traremos de volta.
Expliquei-lhe não se tratar disso. Eu só não queria ficar dando trabalho. Mas não houve jeito; minhas palavras não o convenceram.
Durante os poucos mais de dez minutos de trajeto tive vontade de saber mais sobre aquela jovem ao meu lado no banco de traz do carro, contudo não quis parecer impertinente, curioso demais, feito uma criança que por mais que lhe respondemos nunca se sente satisfeita com as respostas. Eu só não era uma criança como também não era do tipo mexeriqueiro, inoportuno. Se queria saber mais sobre Viviane e desejava matar minha curiosidade, deveria fazê-lo no momento certo. E, por experiência, sabia muito bem quando fazê-lo. Assim mantive-me calado a maior parte do tempo, como se quisesse permanecer na sombra; inclusive para provocar um clima de suspense e atiçar a curiosidade dela. Era assim que muitas vezes eu fazia com as mulheres, e quanto menos falamos de nós mesmo, mais elas nos acham interessantes. Contudo, isso era apenas uma forma de esconder minha afetação. A presença de Viviane ao meu lado, o contato sutil de sua pele me fazia estremecer e feito uma descarga elétrica arrepiava-me a pele e se descarregava na base da coluna vertebral em impulsos vibratórios.
Chegamos. De início Viviane parecia fascinada com o lugar, com a música; mas aos poucos sua curiosidade canalizou-se sobre minha pessoa. Também ela parecia fundir-se, como se a minha presença tivesse o poder de trazer-lhe a alma à superfície, de arrancá-la das sombras de uma vida monótona e sombria. Talvez ciente da fraqueza feminina diante da masculinidade do homem, ela tenha tentado mostrar-se forte. Então passou a me fazer perguntas. Primeiro, perguntas sobre o Guarujá, depois sobre minha família, e finalmente sobre mim mesmo. Ela quis saber acerca da minha profissão, onde trabalhava, o que fazia no tempo livre, se gostava de cinema, teatro, shows. Eu procurava responder-lhe com sinceridade. Não havia porque mentir, até porque me causava prazer satisfazer sua curiosidade. E de quando em quando, aproveitava uma deixa e arrancava alguma coisa sobre si.
Descobri que, embora não parecesse, ela dava aulas de inglês durante o dia fazia traduções para uma pequena editora de São Paulo à noite e nas horas vagas.
-- Deve ser um trabalho interessante – comentei, aproximando o rosto do seu para que ela pudesse me ouvir.
-- As vezes é um pouco cansativo; principalmente quando o texto é chato. No mais até que é gratificante – afirmou.
Tocava uma marchinha antiga, dos anos vinte; aliás, ainda hoje muitas dessas marchinhas continuam inigualáveis, fazendo o público acompanhar a banda.
A todo instante porém era visível o crescimento continuo de uma força unindo-nos. Era como se no meio de uma tempestade, a nossa volta a formasse de um furacão onde o centro fechava-se mais e mais, impelindo-nos um em direção ao outro até que nossos corpos se fundissem. As palavras de um para com o outro eram carregadas de um poder estimulante, de uma ternura quase voluptuosa. Ambos tínhamos consciência de que aquele lugar já não era suficiente para abrandar a inquietação do espírito e conter as vibrações cada vez mais latentes no cérebro.
-- Não gostaria de ir para outro lugar? -- arrisquei, afetado por um exultação estranha, como se já não tivesse mais poder sobre meus atos.
-- Adoraria. Tem muita gente, muito tumulto. Prefiro um lugar mais calmo, tranqüilo – volveu ela, concedendo-me um lento e sedutor sorriso. Parecia mais bela, sensual, e ao mesmo tempo senhora de si.
-- Ótimo. Vamos avisar o Paulo e a Júlia – E fomos em direção a eles, que havia nos deixado as sós, talvez percebendo uma conjunção de olhares insistentes, um alinhamento nos sorrisos cada vez mais constantes, e uma força gravitacional crescente entre mim e Viviane.
O casal não se espantou com a notícia. Aliás, Paulo Roberto agiu como se esperasse isso de mim. Disse apenas para levá-la à sua casa no outro dia.
Caminhamos por duas ou três quadras enquanto conversávamos. Mas as palavras funcionavam apenas como combustível para não deixar o calor entre a gente se extinguir; não era o bastante para suprir nosso desejo por um incêndio. E quando minhas mãos tocaram as delas, foi como um choque elétrico: a coluna estremeceu, vibrou como se atingida por um raio e o cérebro amoleceu, como se uma descarga elétrica me confundisse os pensamentos. Numa troca de olhar, onde quatro pontos luminosos se acenderam, produziu-se uma força de atração muito grande. Assim, num gesto instintivo, os dois lábios se aproximaram, os olhos tornaram-se pesados, e o beijo foi uma consequência inevitável.
Não havia paixão, como se poderia imaginar. Era uma coisa instintiva, um aflorar de desejos, uma necessidade de volúpia. Dir-se-ia cada um de nós encontrar no outro uma oportunidade pouco comum de experimentar as mais variadas sensações, algo que se alcança em momentos rarissimos. Era isso, nada mais além disso. O coração mantinha-se inquieto devido ao fluxo sanguíneo muito intenso, mas não havia o menor perigo de vir a ser afetado por um sentimento mais nobre. Até porque nossos gestos de nobreza não passavam de estratagema para alcançar objetivos bem menos nobres.
-- Vamos tomar um táxi até minha casa – sugeri pouco depois. -- É perto daqui. Aí eu pego o carro do meu pai.
Ela assentiu. Deixo escapar um sorriso misterioso, intraduzível, como se tencionasse ocultar algo.

V

Que Viviane não era virgem eu já sabia desde o momento em trocamos os primeiros olhares; não esperava contudo tamanha experiência. Diferentemente da maioria das mulheres com as quais saí até então, que ou eram virgens ou não tinham quase que nenhuma experiência sexual, ela mostrou-se desde o primeiro momento desenvoltura, espontaneidade, e parecia saber o que queria. De certa forma ela me lembrava Roberta nas últimas vezes em que fomos para cama. Um detalhe porém tornava Viviane diferente da outra: mostrou desde o começo quem era dono do jogo, quem dava as cartas.
Muitas coisas me chamaram a atenção nela. A primeira foi quando entramos: Viviane não demonstrou a menor curiosidade com o ambiente. Não se interessou em saber o que havia ou não no quarto. Dir-se-ia estar tão acostumada a frequentar aquele tipo de local que este se tornara familiar, como o próprio lar.
Outra coisa que inclusive me causou certa timidez e me fez por algum tempo agir com cautela, com receio foi quando sentei na cama assim que entramos. Ela colocava sobre a muretinha, o relógio e uma pulseira de ouro. E ao terminar, virou-se para mim, empurrou-me para trás, fazendo com que eu me deitasse e agarrou minha bermuda dizendo:
-- Vamos ver como é esse rapaz.
Ela me desabotoou o cinto, abriu-me o zíper com mãos ágeis como se desembrulhasse um presente, uma encomenda recebida. E com pressa, sem poder conter a ansiedade, Viviane puxou a peça íntima de cor verde como se rasgasse um embrulho e então o pênis, erguendo feito um palhaço querendo surpreender o público, mostrou-se vibrante. Os olhos atentos daquela jovem brilharam por alguns instantes, como que fascinados. Mas não havia motivos para se fascinar. Era apenas um falo nos minutos que precedem a batalha quase mortal do coito.
-- Tão viril! -- deixou escapar ela enquanto o segurava cheia de cuidados, como se agarrasse uma peça muito delicada e valiosa. Então ela movimentou a mão para baixo e para cima fazendo com que o pequeno orifício no centro da glande expelisse uma gota incolor do líquido lubrificante. Aquela gotícula atraiu seus olhos perscrutadores. Viviane tocou a glande com a ponta do dedo, recolheu a gotícula e levou-a à boca.. Ao fazer isso, seus olhos procuraram os meus.
Aquele gesto me fez crescer o apetite. Ergui as mãos e procurei despi-la puxando as alças do vestido e fazendo-as escorregar ombros abaixo. Na verdade, eu queria desnudar-lhe os seios e ver como eram. Muitos homens sentem-se curiosos em saber como é o formato do sexo de uma mulher, no entanto nada me fascina tanto quanto os contornos, a textura e rigidez dos seios femininos. Um rosto bonito e curvas bem definidas são fundamentais na mulher, afinal é a primeira coisa a chamar a atenção do sexo oposto; todavia, quando se despe, a beleza do rosto passa a não ser tão importante, fica em segundo plano e é aí que entram os contornos dos seios: são eles que se destacam no momento anterior ao ato sexual; são eles que os homens na sua maioria vão procurar com suas mãos ágeis ou com seus lábios sedentos a fim de levar o excitamento a um ponto onde não há mais retorno; são eles que muitas vezes durante o coito recebem as mais variadas carícias como forma de aumentar o prazer e consequentemente provocar o orgasmo.
-- Calma! Não seja tão apressado! -- declarou.
Recuei. Senti-me tímido, acanhado, como se flagrado num delito. Esperei por uma ordem, uma permissão para seguir em frente. Todavia, ela acabou por me despir e, de pé diante de mim, contemplou-me como se eu fosse uma obra de arte ou algo parecido.
De repente ela se moveu, desabotoou o vestido e o retirou. Eu permanecia estirado na cama, olhando-a feito uma virgem inexperiente, tomada pela imponência. Vi que Viviane usava um conjunto vermelho cor de sange. Isso a fazia parecer mais sensual, o que me aguçou o apetite. Aliás, o tom rubro de sua peça íntima fez-me deduzir que ela o vestira de forma propositada, como se a nossa presença naquele quarto não fosse obra do acaso. Esse pensamento porém não perdurou, pois quando Viviane levou a mão às costas e desatou o sutiã, meus olhos cresceram e meus pensamentos se perderam.
-- São bonitos? -- indagou ela, quando viu o brilho que saia dos meus olhos.
-- Fascinantes – foi o que consegui dizer.
Ela pendeu o dorso para frente, por sobre mim, mas não chegou a me tocar. Apoiou as mãos sobre a cama, mantendo-me entre seus braços espichados. Os mamilos quase me tocaram as coxas e cheguei a esperar pelo contato. Nesse interim, Viviane manteve seus olhos presos aos meus, como se quisesse ver a minha reação, enquanto de seus lábios escorria um sorriso indecifrável.
De repente ela pendeu para frente e perpassou-me seus seios sobre o falo. O toque instintivamente fez com que se agitasse feito um pássaro querendo levantar vôo. Fechei os olhos e imaginei aqueles seios nos meus lábios, entre meus dedos nervosos. Mas meus pensamentos foram interrompidos no momento em que estes vieram cair ao redor daquele pássaro agitado, como se quissesse aprisioná-lo. E então ela principiou a fazer movimentos para frente e para trás com o corpo.
Cerrei os olhos e cai num estado de abstração profundo, deixando fluir apenas as sensações advindas dos movimentos do corpo dela. Era como se cada toque produzisse uma descarga elétrica que me fizesse partes do vibrar, sem que eu tivesse o menor controle sobre isso. Mas quando a abstração atingiu um ponto onde tudo parecia querer fluir para o mesmo ponto, ela parou e tornou a levantar-se. Abri os olhos. Foi como acordar de um desmaio. E sem entender ao certo o que se passava, apenas aguardei.
Ali diante dos meus olhos, Viviane foi lentamente tirando a calcinha, movendo os quadris de um lado para outro como se praticasse uma dança sensual, dionisíaca. Mas ao invés de consumir-se pela dança, ela mantinha seus olhos nos meus e deliciava-se ao me ver arder de desejos. Ela parecia querer me fazer entender que o prazer não estava no ato sexual, mas nos momentos que o antecede. Não que ela estivesse de todo errada, só que ela não via que isso me torturava e quase me levava ao desespero. A minha vontade era de levantar-se, agarrá-la pelos braços, atirá-la na cama e cair-lhe por cima. Todavia, eu não podia fazer isso, não podia assumir o controle da disputa quando era ela quem tinha as melhores jogadas e estava prestes a me dar um cheque-mate. Assim, só me restava aguardar.
Esperei que ela fosse vir para cima de mim, mas ao contrário ela ajoelhou-se e tornou a pegar em meu falo. Instantaneamente veio-me a imagem de seus lábios aproximando-se da glande e num lento aproximar, abria-se para sorvê-lo, como se sorve um delicioso sorvete. E de fato seus lábios aproximaram-se, mas não chegaram a tocar a glande. O que eu senti foi um toque sutil de sua língua, como se ela quisesse apenas me provocar. Uma nova corrente elétrica percorreu-me a espinha e foi acabar em nova vibração. Viviane recuou e depois de uns cinco ou dez segundos tornou a repetir o processo. Ela o fez por quatro o cinco vezes. Só então se levantou e finalmente veio se arrastando por cima de mim até que seus lábios encontraram os meus. O beijo tornou-se mais quente, mais ardente, mais sensual. Mas tratava-se de uma sensualidade sem amor, sem paixão, apenas envolta pelos instintos mais primitivos, mais naturais que possam haver em qualquer animal – homem ou macaco, tigre ou beija-flor.
Joguei meus braços em torno de seus quadris, apertei-a de encontro a mim e tentei penetrá-la. Ela não permitiu. Disse então:
-- Ainda não.
Isso me desapontou. Eu não aguentava mais. Naquele instante daria a vida de se fosse preciso para penetrá-la. O que era a vida comparada a um momento destes? O futuro não representava nada, não tinha o menor sentido. Aquele instante, as sensações produzidas pela penetração do meu corpo no dela era meu único fim. Tudo me levava a este fim. E, se morrer fosse o preço a pagar para atingir aquele fim, atirar-me-ia de peitos abertos ao sacrifício, ter-me-ia oferecido com o mesmo êxtase que as virgens Maias se entregavam ao deus Serpente.
Não sei quanto tempo durou aquele jogo. Estava por demais absorvido pelos meus instintos para ter noção de tempo, contudo acredito ter-se passado uma meia hora talvez mais. Mas quando finalmente me deixou entrar, tudo aconteceu muito rápido. Foi como uma luta sangrenta entre dois seres frágeis que por causa dessa fragilidade não suportam um batalha longa.
De repente estávamos um ao lado do outro, olhando para o teto, sem entender direito como chegamos até ali. Lentamente virei o rosto em sua direção e a vi com os olhos cerrados, como se passasse por uma madorna. Meus olhos então correram pelo seu corpo nu. Embora a chama do desejo apagara-se, não pude deixar de achá-lo bonito. Viviane era mais atraente, possuía as curvas mais bem definidas que a maioria das mulheres com as quais saíra até então. Não era uma Ana Carla evidentemente, mas seus contornos eram perfeitos. Aliás, olhando agora para seus seios, estes me fizeram lembrar dos seios de Ana Carla. Eram maiores que os dela, contudo os traços eram idênticos. E ao me lembrar desse detalhe, ao pensar em Ana Carla, uma pontada de remorso atingiu-me o peito. Era a primeira vez a sentir algo parecido. Nem mesmo quando saí com Roberta ou Maria Rita no final de ano sentira algo assim. Tentei não contaminar-me por essa sensação desagradável, mas não consegui.
Por algum tempo, enquanto o silêncio nos envolvia feito uma sombra negra e nefasta, a sensação de culpa foi me tomando feito um vírus que, ao penetrar no sangue, vai contaminando todas as partes do corpo, até mesmo as mais profundas. “Por quê me deixei seduzir pela beleza, pelo encanto dessa menina? Não devia ter feito isso com a Ana Carla. Ela está lá na sua casa, dormindo agora, talvez até sonhando comigo e eu aqui, deitado ao lado de outra mulher depois de fodê-la. Já não basta o que aconteceu com Maria Rita? Será que eu não deveria ter aprendido a lição. E se ela descobre que saí com outra depois de me encontrar com ela? Ela deve ter adormecido pensando em mim, achando que eu estava em casa pensando nela. Ah, eu não valho nada mesmo! Sou um cafajeste, isso sim! Ela não merece um traste como eu. Sim! É isso que sou: um traste! Ela já não vai me perdoar por ter engravidado a Maria Rita. E se descobre sobre essa aqui então? Aí é que acabou tudo de vez. Não, eu não devia ter feito isso com ela. De jeito nenhum! Porra! Por que eu não consigo segurar o pinto? Não tinha nada que ir para a cama com essa aí. Só porque é bonita e sexy? Não, não presto mesmo...”, pensava quando Viviane abriu os olhos e virou em minha direção.
-- O que foi? -- perguntou ela, talvez me achando estranho.
-- Nada! -- Mas aí resolvi acrescentar: -- Estava pensando na loucura que é tudo isso – menti. -- A gente nem se conhece e acabou de transar.
-- Não há nada demais nisso. Você estava a fim, eu também. Você não me obrigou a nada nem eu a ti. Só fizemos aquilo que nossos instintos desejavam. Não é verdade?
-- Não deixa de ser – concordei, embora isso não diminuísse em nada a sensação de remorso em meu peito. -- Mas também não deixa de ser uma loucura.
-- Você parece sentir-se culpado. Não se culpe! Já disse: só fizemos o que estávamos com vontade. O que foi? É por causa de outra garota?
Fiquei desconsertado e sem saber o que lhe dizer. Por alguns segundos não abri a boca, apenas olhei para ela, indeciso.
-- Você tem uma namorada? -- insistiu ela. Viviane virou-se de lado e ficou de frente para mim. Isso me deixou ainda mais embaraçado. -- É isso? Não é?
-- Mais ou menos – falei.
-- Mas por que você não saiu com ela então?
-- É uma história complicada. Não gostaria de falar nesse assunto – respondi.
-- Por que não? Talvez eu possa te ajudar.
Tornei a ficar em silêncio. Minha cabeça começava a latejar devido ao turbilhão de pensamentos que se formavam em meu cérebro. Dir-se-ia de um pobre diabo que a cometer um assassinato por força do acaso, é tomado pelo desespero na tentativa de apagar todos os vestígios que o possa incriminar.
-- Se abre comigo – insistiu Viviane mais uma vez.
Contei-lhe toda a história. Viviane não era o tipo de mulher capaz de me recriminar, de me acusar fosse do que fosse. Podia ficar chocada com uma ou outra passagem, mas certamente não me atiraria aos leões como a maioria das pessoas. Alias, em um momento ou outro pareceu-me ficar boquiaberta, principalmente quando falei da gravidez de Maria Rita e de sua insistência num casamento como forma de corrigir o erro.
-- É uma pobre coitada! É o tipo de mulherzinha capaz de engravidar-se só para prender o homem que ama.
-- Não, não. Não acredito que ela tenha feito isso de propósito – discordei, não querendo acusá-la sem provas, embora a dúvida me atormentasse de quando em quando. -- Foi um descuido de ambas as partes.
-- Pode até ser. Mas neste caso, as evidências pesam contra ela. Se foi capaz de fazer o que você disse, por que não seria capaz do resto. Quer saber de uma coisa? Essa talzinha... Como é mesmo o nome dela?
-- Maria Rita.
-- Essa Maria Rita. Filhinha de Papai. As filhinhas de papai que conheço não teriam uma atitude dessas. Muitas gostam de foder com o primeiro que encontram e depois não são capazes de se lembrarem do nome dele. Não estão aí para nada; não querem responsabilidades; só querem curtir a vida. E se por acaso engravidassem, no mesmo instante fariam um aborto. Um filho seria a última coisa do mundo. Se essa é assim como você disse, pode ter certeza que não bate bem das idéias.
-- Disso eu tenho certeza – afirmei. -- As próprias amigas ficaram horrorizadas com a atitude dela. A tal da Roberta, a amiga com quem eu saía antes de sair com a Maria Rita, também disse não compreender a atitude da amiga. Disse que os pais da Maria Rita são muito religiosos, mas não a esse ponto, de transformar a filha no que ela é.
Viviane sentou-se na cama, dobrou os joelhos e ficou em posição meditativa. Embora não estivesse de frente para mim, pude ver através do espelho como a ausência de gordura nos quadris e na barriga a deixava mais bela. Embora nessa posição é comum a presença de saliência acima da pubis, nela essa saliência quase passava despercebida.
-- Pode se preparar, porque ela não vai te dar sossego. E quando souber da tua ninfetinha então? Vai se vingar de você através dela. Vai fazer de tudo para destruir o relacionamento de vocês. Escuta só.
-- Já me disseram isso – afirmei, lembrando das palavras de Roberta ao lhe falar de Ana Carla. -- Esse é o meu medo.
-- Mas por que uma ninfetinha? O que ela tem que mulheres um pouco mais velha não tem?
Era uma pergunta difícil. Muitas vezes eu também me fiz essa pergunta, sem que chegasse uma resposta satisfatória. Embora sentisse atração por mulheres mais jovens, eu não sabia explicar a causa desse comportamento. Às vezes achava que era por causa da inocência, outras por causa da virgindade, e em outras ainda nem por um nem por outro motivo.
-- Não sei. Não tinha intenção de me apaixonar. Talvez eu tenha me apaixonado justamente porque nunca havia saído com uma garota tão jovem. Isso me fez perder a cabeça.
-- Sabe qual é o problema da maioria dos homens? Amam o perigo. Viver perigosamente. Isso deve causar-lhes algum tipo de prazer, deve excitar-lhes. Não é verdade?
-- Sei lá. Talvez.
Viviane insistiu nessa linha de raciocínio por mais algum tempo. Depois, quando a conversa tornou-se morna, deitou ao meu lado e voltou a pegar em meu falo todo encolhido, feito um pedaço de carne sem vida. Assim como grande parte das mulheres com quem saí, parecia sentir uma curiosidade em observá-lo nos dois momentos mais distintos. E ao vê-la cheia de curiosidades, examinando-o feito um aluno de medicina na primeira aula prática, achei-a infantil, como uma criança. Mas aí veio-me à memória a lembrança de que outras também fizeram o mesmo, com a mesma curiosidade. Súbito, meus pensamentos ganharam um ar de sensualidade e aquela coisa mole, toda enrugada e sem vida de repente começou a tomar forma, a ganhar imponência entre os dedos dela. Isso só fez aumentar sua curiosidade. Ela o observava como que fascinada, como se um milagre passasse diante dos seus olhos.
Não existem milagres. Existem eventos que nos é estranho e acerca dos quais ainda não temos conhecimentos para explicá-los. Aquele evento não era nenhum milagre, ainda para uma mulher como Viviane. Ela sabia por que essas coisas aconteciam. E sabia também o que queriam dizer. Então ela aproveitou a oportunidade e não desperdiçou aquele acontecimento. Transformou-o em mais um momento de intenso prazer, que só findou quando as forças faltaram, quando exaustos fomos vencidos pelo sono.

Se quiser saber como tudo começou, então clique em: A MENINA DO ÔNIBUS
Agora se quiser ler a versão da Ana Carla da história, então clique em: O DIÁRIO DE ANA CARLA



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