Número do Registro de Direito Autoral:131420484221737200
A CASCAVEL E A ONÇA. (crónica)
Ana Zélia
Cascavel cheia de prosa espalhava pela floresta as grandes novidades ocorridas na cidade após a festa.
Fora ver os bumbas, viu até a televisão que mostrou tudo, tim, tim por tim, tim pra caboclo ver. Era tanta gente que mais parecia uma guerra.
No país do futebol, mais uma vez o Brasil é tetra. 4 vezes campeão.
Havia outra novidade. De país de moeda podre, pobre, passamos a majestade. Agora a moeda é REAL, forte como as madeiras do Norte.
Até o dólar caiu pro real subir. Acredite...
A onça desconfiada achou que Cascavel pirara de vez, quem sabe em suas andanças andou levando pauladas...
Dá um salto pra mais alto e diz:
__ O que me dizes senhora Cascavel? A senhora ficou louca? Me conte esta história de real.
__ Qual nada dona Onça. Sou lá de mentir!
A senhora sabe quanto custa um real? Anote pode servir. 2.750 cruzeiros reais.
__ Confundiu dona cascavel. O tal de cruzeiro real não acabou? A senhora não acabou de dizer que era moeda podre que nem ladrão queria mais e como me vem dizer que vale 2.750 cruzeiros reais?...
Ah! Dona Onça! Coisa de gente! Eles confundem, confundem, tentam, enrolam e fica até não sei dizer quando. Muda a todo instante.
Se preocupe não. Uma coisa os homens garantem. Nada mais vai subir a ta de inflação pegou paulada na muleira e não vai levantar a cabeça tão cedo.
Dona Cascavel, deixei-me ver se entendi. Como fica a estória do tal real lá na terra do Tio Sam, onde o Brasil fez carnaval?
Lá ele também cantou de galo. Ah! Dona Onça! Agora a senhora me enrascou toda. É coisa de gente, eu não sei explicar. Mas acredito que lá o negócio é diferente. Ah! Deixe pra lá, daqui a pouco saberemos.
Nada mais vai subir, agora é só baixar. Tenho pena é do assalariado que diz ganhar 100 reais logo, logo. Ai congela. Isto é fácil, é decreto dona Onça. E o resto só Deus sabe. Nos meus costados, já ouvi anedotas bem parecidas,
Pobre homem!
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Manaus, 23.07.1994 xxxxxxxxxxxxxxxx
Nota da autora. Em minhas cronicas gosto de trabalhar com os animais e com a viúva e o sacristão. Nesta falo da chegada do real, do Tetra campeonato do Brasil. Assim não deixamos que a história morra. Ana Zélia