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Artigos-->200. ONDE ESTÃO MEUS AMIGOS? — PAULINA -- 08/05/2003 - 06:49 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Como quando aqui cheguei, também chegam muitos recém-desencarnados, cheios da ilusória esperança de que tenham tido sucesso em sua última encarnação. Que belos desejos! Mas quão fraca realização!



Quando cheguei, pensei:



“Agora vou ser recebida pelos Espíritos de Luz, Mensageiros do Senhor, Protetores Excelsos dos Homens Bem-aventurados.”



Minha vida tinha sido perfeita, pois participei de mesa branca, em que recebíamos espíritos sofredores para cura e espíritos guardiães para a doutrinação e mensagens de amor. Participava ativamente e, quando cheguei, esperava encontrar todos aqueles amigos à minha espera, para saudarem a minha chegada. Ledo engano! Não havia ninguém, vivalma, se assim posso dizer.



Então, fiquei perplexa. Que havia produzido de mau que não merecia sequer a presença de um dos sofredores que tão meigamente havia acolhido em meu trabalho de assistência socorrista mediúnica? Fiquei longamente a cismar, indo fundo em meu coração. Mas o mal estava ali, bem à mostra. Eu trabalhara, é verdade, mas não queria que fosse de graça: deveria ser “remunerada” com os agradecimentos e encômios de todos os que chamava de “coitadinhos”, de “pobrezinhos”. Os espíritos guardiães, tratei com o máximo de respeito: ouvia-lhes com atenção as palavras e achava que eram profundamente verdadeiras, que o mundo realmente necessitava delas, pois os homens não cumpriam as leis do amor, da justiça e da caridade. O que não entendia é que era também comigo que estavam falando, por isso nunca me toquei.



Depois de muito tempo ter flutuado de um lado para outro, reconheci um parente próximo, que estava procurando por mim. Foi a alegria. Reconheci nele o enviado de Deus, o mensageiro da Boa Nova, o Anjo de Luz dos meus desejos. Quão pouco para o tanto que desejara! Mal sofrida da decepção que tivera comigo mesma, arrependida e com profundo sentimento de culpa, arrastei-me atrás do amigo, em busca de ser encaminhada para os locais de restauração de que tanto ouvira falar.



Ali permaneci durante vários anos, sem aflição, sem descontentamento, mas ainda muito aborrecida com o meu desempenho no último encarne. Aos poucos, porém, fui sendo visitada por aqueles de quem esperara a festiva recepção e a cada um que partia, após as palavras mais encorajadoras que dedicavam a esta irmãzinha (como diziam), agradecia de todo o coração, respeitando profundamente cada sentimento de compaixão, de carinhoso afeto, de pura amizade.



Assim passou o tempo, até que fui liberada para freqüentar diversos cursos de doutrinação, onde obtive algum êxito, pois, se não soubera instalar na consciência os valores morais e espirituais das lições lidas e discutidas em nossas sessões de evangelização enquanto encarnada, pelo menos soubera disciplinar o intelecto, possibilitando-me conhecimentos extensos da pregação de Jesus, bem como dos diversos textos kardecianos. Desse modo, fui capaz de adiantar-me nos estudos, até que fui admitida na “Escolinha de Evangelização”, não sem antes ter prestado ajuda socorrista em diversas equipes.



Eis-me aqui para minha primeira mediunização. Estou deveras emocionada e pretendo conseguir extrair desta oportunidade os melhores proveitos, pois sei que só a misericórdia divina poderia propiciar-me semelhante ensejo para falar aos encarnados, alertando-os para que se coloquem em meu lugar e vejam se cada um não apresenta iguais dificuldades e deficiências. É sempre bom analisar o coração para verificar se, dentro dele, não estão crescendo as ervas daninhas da falaciosa ilusão de que basta inscrever-se no exército, para merecer os louros da vitória ou as condecorações que só os grandes feitos de heroicidade permitem receber.



Sem dúvida nenhuma, minha chegada a este plano se revestiu de muita tristeza e decepção, entretanto, levanto as mãos aos céus, agradecida por ter tido, pelo menos, o discernimento de ter ajudado os meus amigos, pois, se não estavam presentes aos olhos, é porque eu é que estava cega. Na verdade, estavam todos ali, orando pelo meu pronto restabelecimento e com o coração cheio de cuidados pela minha reação. Como fui muito temente a Deus e confiei em sua sabedoria e em seu amor, sabia que iria obter dele as luzes para reconhecimento das falhas. E isto o fiz com muita serenidade. Foi o que me valeu naquele transe.



Ainda agora meus olhos se enchem de lágrimas ao recordar esses maravilhosos momentos de sofrimento moral, pois foi graças a eles que pude recompor a consciência, sem ter de me debater nas trevas. Além dessa atitude de digna compostura diante do desacerto, serviu-me, como recurso reconstrutor da personalidade, o hábito de fazer preces de agradecimento e de solicitação de intervenção a favor dos desesperançados. Muito orei, repetindo as fórmulas conhecidas, até que, com a compreensão de meu estado, fui capaz de compor oração própria, que disse com o máximo de fervor. Esse o momento excelso do primeiro encontro com o meu salvador.



Por isso é que estou aqui: para, através de minha experiência pessoal, tentar convencer os leitores a que se detenham no exame de seus atos, de seu procedimento, procurando pautar a sua análise pelas virtudes excelsas do amor, da fé, da esperança e da justiça. Vejam especialmente se, na prática da caridade, não estejam querendo usufruir lucros, ao invés de verdadeiramente ampararem os necessitados. Essa contenção é fundamental para o cumprimento integral da missão de vida a que foram destinados. Sem esses princípios evangélicos, a flor do perdão murcha e a redenção fica mais distante. Por isso amigos, vamos todos orar em conjunto, eu lhes peço, para que a humildade se instale nos corações, como a alavanca que nos soerguerá diante do Senhor.







Senhor, nosso Deus e nosso Pai, aceitai estas palavras de respeitoso agradecimento pelas dádivas com que nos prodigalizais. Atendei o irmão aflito que se debate nas trevas. Dai-lhe a possibilidade da restauração consciencial de que necessita para poder glorificar-vos e para superar o mal. Estendei o vosso manto de amor por sobre todas as criaturas e tornai-nos servos fiéis. Fazei com que não nos desiludamos com a necessidade do trabalho e que sejamos capazes de cumprir todos os quesitos de vossas sacratíssimas leis. Acendei-nos as luzes do entendimento, para que possamos bem compreender a vossa determinação. Assim, Senhor, preparai-nos para adentrar em vosso reino de amor.









COMENTÁRIO — HERMÍNIO



Nem sempre é conveniente trazer a leitor as experiências de caráter pessoal. Entretanto, Paulina, por ter sido kardecista ferrenha e muito ativa nos trabalhos em diversos centros espíritas, permitiu-se mostrar o seu lado menos feliz, de sorte a transformar-se no exemplo vivo de sua argumentação. O que revelou foi faceta de infelicidade devidamente transformada em benéfico procedimento pela aplicação correta dos princípios evangélicos de que dispunha intelectualmente.



Entretanto, essa transformação nem sempre é possível para os que chegam ao nosso lado em estado de esperançosa grandiosidade pessoal. Esses são os mais renitentes, dado que a cobrança de seus serviços é muito instante, chegando mesmo a formularem exigências descabidas e a acoimarem a Divindade de injusta.



A irmãzinha Paulina está perfeitamente integrada à equipe que presta assistência aos desencarnados vítimas de sua enfatuada auto-estima e consideração. Dá assistência também nos setores de atendimento aos irmãos espíritas que, pelas mais diversas razões, se apresentam com alguma deficiência doutrinal, o que, parece incrível, sucede com mais freqüência que o desejável.



Por tudo isso, o caro leitor deve ter percebido, Paulina não é simples aluna da “Escolinha”. Ela, como gostam os encarnados de dizer, “está” aluna, pois tem de cumprir as etapas relativas ao novo aprendizado. No entanto, dada a sua capacidade, inteligência, conhecimento e aplicação, tem auxiliado a todos no cumprimento de suas tarefas, como uma espécie de monitora que, sem ser professora, também não é simples aluna.



Quanto ao texto, tem todos os méritos de explanação feminina, sem descair nas artimanhas do envolvimento emocional puro e simples. Por isso, esperamos que repercuta favoravelmente no coração das amigas leitoras. Por outro lado, apresenta forte impregnação das virtudes evangélicas, o que não desagradará, estamos certos, aos leitores masculinos. Sendo assim, auguramos para a ilustre irmãzinha, porvir de muito trabalho, em prol do auxílio dos irmãos sofredores.



“Que as bênçãos de Deus recaiam sobre espírito tão dedicado ao trabalho!” Este é o recado de Paulina ao médium. Fazemos nossas as palavras e endereçamos os mais profundos desejos de amparo divino a todos os nossos colaboradores.



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