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Artigos-->205. PROCEDIMENTO INFANTIL — ANTÓNIO JOÃO -- 13/05/2003 - 06:23 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Quando me aproximei deste quarto, pensava que seria tratado como criança. Enganei-me. Vejo que me querem adulto para poder referir-me com exatidão e consciência a respeito do meu drama. Não sei se terei facilidade em expor tudo o que penso a respeito, pois acho que fui mal agradecido ao Senhor e temo estar pagando o meu crime com o sacrifício de meus familiares. Se não, vejamos.



Quando encarnado, procurei amigo com quem pudesse estabelecer sociedade para exploração de negócio comercial. Fui muito infeliz na escolha, pois o coitado não tinha saúde e, em breve, veio a falecer. Como nós não tínhamos feito nenhum contrato, fiquei com a parte dele dos negócios e me neguei a distribuir o que a ele pertencera aos herdeiros. Foi assim que consegui vários inimigos. Mas não liguei, pois achava que a lei estava do meu lado.



Logo se conformaram, quando o juiz lhes negou direitos de jurisdição sobre os bens que estavam em meu nome, e juraram vingança, mas não me importei com suas ameaças, mesmo porque a soma que o seu progenitor tinha oferecido à sociedade era ínfima diante da que eu mesmo tinha depositado. Não sei por que, entretanto, fiquei com muito medo de ter de pagar a Deus o que não pagara aos homens. Por isso, fui procurar os desafetos e devolvi-lhes tudo o que achava que devia. Tudo assinadinho e devidamente comprovado.



Entretanto, não acreditaram em mim e me ameaçaram com mais e mais exigências. Aí procurei tenda espírita e pedi proteção aos santos. Durante muitos anos, pude viver em paz, mas os filhos de meu amigo, não. Eles cresceram em maldade e fiquei livre deles quando foram presos e, mais tarde, executados na prisão por quadrilha de malfeitores.



É por isso que acho que estou sendo condenado: por não ter agradecido a Deus toda a proteção que recebi. Quanto aos meus familiares, estão na pobreza, pois acho que os espíritos que me perseguiram em vida tudo fizeram para que se arruinassem. Não sei exatamente o que se passa com eles, mas presumo que seja assim. Nunca pude ir ver como estão...



Penso que não estou sendo bem orientado neste caso, pois, se os santos me protegeram antes, por que agora não estão fazendo a mesma coisa? Tudo o que me pediram, dei. Paguei contas muito grandes e ofereci sacrifícios imensos. Será que não terei sossego mesmo assim? Queria poder voltar à minha casa e nascer de novo para poder fazer com que tudo se renove em meu lar. Não quero conversar fiado. Nunca dei nada fiado. Tudo o que fiz foi comprado com o suor do rosto e com o produto de trabalho honesto. Não devolvi tudo? A intenção foi procurar apaziguar a consciência?! Então, quero ficar mais de bem com Deus.









COMENTÁRIO — HERMÍNIO



O amigo António João (esse foi o nome com que nos permitiu chamá-lo) foi alertado de início para o fato de ter de agir como adulto. Isso significa que se tratava de espírito refugiado em idéias infantis, como no processo psicológico da reversão, conhecido dos mortais. Tinha procedimento muito racionalizado, uma vez que qualquer pessoa podia perceber que tudo o que fizera tinha inteira relação com seu estágio consciencial atual.



Essa renitência em não compreender o próprio mal-estar está presente no espírito de muitos encarnados, que preferem jogar a culpa de tudo nos ombros dos outros, esperando, com isso, cair na graça dos pais, dos patrões, dos chefes ou responsáveis pela distribuição de tarefas, de recompensas ou de castigos. Deus, nesse caso, passa a ser, para os espíritos em débito, figura de pai terreno, que tudo pode mas que também tudo deve fazer para proteger os filhos. Esse procedimento é tão infantil quanto aceitar passivamente tudo de mau para poder atribuir a causa das desgraças a outros seres, no intuito de se safar da responsabilidade. Era o mal de que padecia o confrade.



Agora está sendo encaminhado para uma das instituições para tratamento e cura, o que só será possível se, judiciosamente, vier a convencer-se de todo o mal que praticou.



Quanto à história contada, não merece fé, pois tudo arquitetou no sentido de comover os ouvintes, fazendo-se de vítima. O que de verdade existiu é que espoliou o sócio e contratou malfeitores para dar cabo dele e da família. Sentimos ter de revelar a verdade, mas ocorre que é preciso fazer com que o leitor se condoa do sofredor, não pelo que aparenta, mas por aquilo que realmente é. Sendo assim, é preciso rogar ao Senhor por espírito empedernido, que muito mal praticou em sua derradeira encarnação e que se refugiou em disfarce muito sagaz para poder fugir ao real “castigo” de suas culpas. Desse modo, acabaria também por não receber a ajuda necessária e estaria condenado a prosseguir na escuridão das cavernas por largo tempo.



Essa a nossa tarefa mais importante: a de resgatar para o divino amor aqueles seres que se perdem nas profundezas do báratro. Por isso, o nosso agradecido abraço ao mediador, por ter-se oferecido ao trabalho. Deve ter percebido a extensão do problema de António João, por ter insistido no comentário, mesmo após transporte tão proveitoso. Vamos liberá-lo para as tarefas do dia, não sem antes elevar prece a Deus pelas luzes que nos são infatigavelmente trazidas pelos mentores.



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