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Erotico-->ANGÉLICA (conto) -- 20/04/2008 - 10:26 (Paccelli José Maracci Zahler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ANGÉLICA (conto)

Paccelli José Maracci Zahler

Asdrúbal estava cansado de tanta farra na zona e decidiu que era hora de tomar juízo, afinal, já estava com mais de 30 anos de idade e o pessoal já começava a questionar o fato de não ter se casado (com uma mulher, é bom esclarecer).
Pensou em vários caminhos e começou a, digamos assim, pesquisar o mercado. Depois de ter sido o primeiro homem de várias namoradas, algumas no primeiro encontro, acabava dispensando-as porque não eram mais virgens e pela facilidade encontrada.
- Se me dão no primeiro encontro, o que dirá depois. Não quero ser corno - dizia com freqüência.
Conversando com um amigo, este o aconselhou a converter-se a uma igreja evangélica. Lá, como as normas são mais rígidas, poderia encontrar a virgem que tanto sonhava.
Meio a contragosto porque um cara acostumado às farras noturnas não consegue manter-se sob cabresto por muito tempo, descobriu um templo evangélico perto de casa, freqüentou os cultos, participou de atividades sociais, escola dominical, grupos de jovens e conheceu Angélica.
Angélica tinha todas as qualidades que ele buscava em uma mulher: educação, cultura, amabilidade, simpatia, além disso, peito, bunda, coxas grossas e lábios carnudos.
Usando de todo o seu charme de galanteador, conseguiu aproximar-se de Angélica e engatar um namoro.
Era benzinho para cá, benzinho para lá, beijinhos mil, que ninguém é de ferro, porém, na hora da mãozinha lá, recebia como resposta:
- Só casando!
Asdrúbal cerrava os dentes desesperado. Nunca havia passado tanto tempo sem... bem, não é preciso entrar em detalhes, todos entenderam.
- Nós vamos nos casar, podes ficar tranqüila, mas a gente poderia ir adiantando alguma coisa, não é mesmo? Eu não estou agüentando mais.
- Então vamos ter que nos apressar. Eu também não estou em agüentando, mas só casando. Não quero fazer nada que contrarie os livros sagrados e a minha família – respondeu ela.
Asdrúbal consultou suas economias, alugou um apartamento, mobiliou-o e foi pedir a moça em casamento. Ela aceitou, com o apoio da família, e impôs uma condição: teriam que ter uma empregada doméstica.
Asdrúbal voltou a consultar suas economias. Ia ficar apertado, mas dava para contratar a empregada doméstica.
Marcaram o casamento e Asdrúbal não escondia toda sua felicidade. Iria casar com uma virgem recatada e muito gostosa. Um feito que nenhum dos seus amigos de zona havia conseguido.
O casamento aconteceu conforme os ritos tradicionais e foram para a lua-de-mel. Uma semana em um hotel resort na melhor praia da Bahia e Asdrúbal se sentiu no paraíso.
No retorno, já em suas atividades normais, aproveitava os intervalos no trabalho para ‘bater ponto em casa’.
Certa noite, Angélica perguntou para ele se ele já estava tomando providências para a vinda do primogênito. Asdrúbal levou um susto e pensou com seus botões: “Mas já? Eu imaginei que a gente fosse passar mais algum tempo tirando o atraso”.
Perguntou:
- Estás grávida?
Ela respondeu:
- Ainda não! Mas, de acordo com os livros sagrados, devemos providenciar isso logo afinal a ordem é: “Crescei e multiplicai-vos”.
- Eu pensei que a gente fosse aproveitar mais um pouco. Nossa lua-de-mel foi tão gostosinha – comentou Asdrúbal.
- O quê? Gostosinha? Na minha família, a gente só faz aquilo para gerar filhos, conforme os livros sagrados. Não fazemos nada para desfrute – disse ela contrariada.
Asdrúbal teve vontade de dizer um palavrão, mas, para manter a postura de convertido, controlou-se.
- E quando eu estiver necessitado?
- Terás que te controlar, orar muito. Não podes te deixar influenciar pelo Maligno – respondeu Angélica.
- Mas isso não é coisa do Maligno, é uma necessidade natural de todo ser humano – disse Asdrúbal.
- Não podemos transformar algo sagrado em desfrute – contestou Angélica.
- Tudo bem – concordou Asdrúbal, quase arrancando os cabelos e já pensando em alternativas.
Assim que Angélica ficou grávida, recebeu a notícia de que as obrigações conjugais ficariam suspensas até o momento da próxima procriação, ou seja, dali a dois ou três anos, quando o primogênito estivesse maiorzinho.
Asdrúbal engoliu em seco e pensou em romper todos os juramentos e ritos que havia praticado quando da sua conversão. Compreendeu, então, que já era tarde. Perderia a reputação e correria o risco de ser expulso da igreja. Entretanto, seus instintos e hábitos do tempo de solteiro, começaram a deixá-lo irrequieto. Nunca havia passado mais de três dias sem ‘trocar o óleo’ e agora teria que amargar longos e intermináveis três anos. Uma alternativa seria partir para métodos não ortodoxos; a outra, bem a outra poderia estar ali na sua frente lavando pratos, limpando o chão, cuidando das suas roupas e das suas coisas.
Foi chegando devagarzinho, papo vai, papo vem, Raimunda era solteira, não tinha tantos predicados, não tinha namorado, sonhava em voltar para sua terra, a Paraíba.
Usando de toda a sua técnica de galanteador, fez com que Raimunda sucumbisse aos seus desejos. Aumentou o salário dela, pagava sua viagem de férias em Campina Grande todos os anos e, em troca, recebia carinho, discrição e lealdade.
Quando o primogênito nasceu, fazia questão de ficar com ele para que Angélica pudesse participar das atividades da igreja. Enquanto o menino dormia, ia se refestelar com Raimunda.
Como sabia dos horários da esposa, unia o útil ao agradável e foi homenageado no “Dia dos Pais” como um pai e marido exemplar.
Angélica estava feliz por ter mantido o marido no caminho da retidão e Raimunda estava contente com a viagem que faria à Europa acompanhando a família do patrão.


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