SAINDO DO ARMÁRIO (miniconto)
Paccelli José Maracci Zahler
- Tive que sair rapidamente do armário...
- Hum, sei! Isso para mim não é novidade, bem que sempre te achei esquisitão.
- Estou falando sério!
- Eu também e aposto que já arranjaste um bofe para acompanhar-te na Parada Gay.
- Não é nada disso! Presta atenção, pô!
- Estou prestando e muita. O pessoal vai adorar tua história.
- Não brinca! Preciso desabafar com alguém. Sabe aquela gatinha que eu estava pegando?
- Sei! E pelo passado do verbo, já mudaste de opção.
- Que nada! Eu não sabia que ela tinha namorado. A gente estava na maior pegação quando ele, que estava supostamente viajando, chegou porque o vôo havia sido cancelado. Em um primeiro momento, me escondi no armário. Quando o cara se distraiu, saí rapidamente, pulei a janela, duas cercas e sumi. A gatinha tem me ligado diariamente desde então, mas não vou me arriscar. Já falei que não quero mais nada com ela e ela não acredita. Que faço?
- É uma situação complicada. Será que ela contou para o cara?
- Espero que não. Do contrário, ele já teria vindo tirar satisfações. Para piorar as coisas, ela é muito ciumenta.
- Então, meu amigo, tira umas férias, viaja, some por uns tempos, muda de celular, de apartamento...
Hildebrando optou por tirar umas férias, porém, no trabalho, por muito tempo, correu o boato de que ele havia largado a moça porque se apaixonara por um rapaz e havia ido em uma excursão gay pelo Caribe.
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