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Erotico-->A VIZINHA -- 03/09/2008 - 21:37 (Paccelli José Maracci Zahler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A VIZINHA

Paccelli José Maracci Zahler

Na madrugada, eu ouvia os seus gemidos e não conseguia distinguir se eram de dor ou de prazer.
Quando a via sair de manhã para o trabalho, com os cabelos molhados, percebia uma certa tristeza em seus olhos. Além disso, ela me cumprimentava com um sorriso amarelo. Ela sabia que eu a ouvia. No íntimo, ela sabia.
Eu a seguia com o olhar até ela entrar no carro. Antes de girar a chave da ignição, ela me olhava mais uma vez, sorria e partia.
Embora soubesse que nada tinha a ver com a vida dela, por vezes, ela não saía da minha cabeça por mais que eu tentasse exorcizá-la.
À noite, enquanto eu estava tentando conciliar o sono assistindo televisão e bebendo uísque, ouvia uma voz masculina, que sussurrava no corredor e entrava sorrateiramente no apartamento dela.
Como as paredes não eram revestidas, involuntariamente os diálogos travados entre ela e o amante, às vezes doces, às vezes ásperos, acabavam chegando aos meus ouvidos, como se estivessem sendo ditos na minha sala, no meu sofá. Dessa forma, eu acabava participando da vida dela sem querer.
Com o tempo, fui entendendo a sua maneira de ser , conhecendo seus hábitos, suas preferências, suas crises.
Como vizinho, tive ímpetos de oferecer-lhe algum tipo de ajuda. Porém, como a conhecia muito, temia que ela pensasse que eu estivesse bisbilhotando a sua vida.
Determinada noite, fui acordado com música oriental. Pareciam mantras. Era um som monótono, cantado com a voz grave de um coral parecido com o de monges tibetanos.
Estonteado pelo sono, imaginei que alguém estivesse tentando dormir com música e tocara acidentalmente o botão do controle de volume do aparelho de som. Todavia, incontinenti, ouvi gemidos sensuais. Conclui que ela e o amante praticavam a arte do kama sutra.
Em pouco tempo, pensamentos invasivos e lascivos tomaram conta da minha mente. Daí em diante, não consegui mais dormir e tive que admitir que a desejava, mais que tudo a desejava.
Os gemidos se intensificaram e duraram um tempo maior que o normal, diria, um tempo maior que o básico, até que ela gritou:

- Pára, não estou agüentando mais! Pára!

Dessa vez, somente o amante gemeu e pareceu relaxar.
Transpirando muito e com ela no pensamento, fui até a janela tomar um pouco de ar. Fechei os olhos para sentir o ar fresco da noite preenchendo meus pulmões ao inspirá-lo profunda e calmamente. Ao abri-los, vi as estrelas cintilando, a constelação de Órion, que sempre me despertou pensamentos místicos e me acalmava. Ao abaixá-los, vi que todas as janelas da vizinhança estavam abertas e as luzes acesas. Mais da metade dos moradores tinha saído para “tomar um pouco de ar fresco”.
No dia seguinte, não a vi saindo para o trabalho.
Ao retornar, o zelador me disse que ela havia se mudado às pressas, pois fora notificada do barulho da madrugada pelo síndico por ter perturbado o sono dos vizinhos.
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