Se tens um dever a cumprir,
na vetusta face deste mundo,
se dor, se tédio, se vaidade moram
do ser na inconsciência mais profunda,
do nada, que lateja,
não temas, porque nada paga a pena da realização em si,
comunga com a felicidade de saber ser.
Se sabes curta a vida e pouca a energia que possuis,
se tens em si capazes as sensações da matéria,
se concebes o ser eivado de não-ser,
se pensas no vazio universal,
realiza-te com toda tua força,
na suprema consciência do pouco que és,
procura saber que a humanidade sofre,
sê bom,
que a felicidade mais alta está
na própria concepção do si mesmo,
que a eternidade está
no momento mesmo que passa,
que a glória de viver está
no ato que se realiza,
que o poder ser está
na diabólica exaustão energética,
para que a matéria transcendente de Deus,
iluminada pela luz da consciência,
se revele em si mesma,
na augusta compreensão
dos que nada compreendem
mas parecem compreender.
Sejamos apenas nós mesmos,
vibração de vibrações,
e esqueçamos a existência.
Seremos felizes,
no sofrimento.
16.10.57.
|