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Cartas-->CARTA DE UM ESCRITOR SUICIDA AOS SEUS LEITORES -- 09/12/2001 - 17:10 (Paccelli José Maracci Zahler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CARTA DE UM ESCRITOR SUICIDA AOS SEUS LEITORES

Paccelli M. Zahler

Caros Leitores,

Nunca imaginei chegar ao ponto em que cheguei. Por muitos anos, procurei resgatar histórias que os ajudassem a pensar na estrutura e nos valores de nossa sociedade sabidamente hipócrita, onde as pessoas fingem ser o que não são e mentem para mostrar valores e virtudes que não possuem.Procurei, em vão, retratar tudo isso nos meus escritos.
Despendi horas, dias, meses, pensando, rascunhando, refazendo o que eu imaginava ser a minha obra-prima, com a intenção de desenvolver-lhes a consciência crítica. No entanto, vi meus textos mofarem nas gavetas, pois as editoras bateram suas portas na minha cara. Ao passo que os críticos convenceram-me a desistir de escrever.
Algumas pessoas sentiram-se ofendidas, outras retratadas nos meus textos.Confesso que não tive a intenção de retratar nem de ofender ninguém. A única coisa que eu queria era que as pessoas pensassem nos acontecimentos cotidianos e que se repetem, que se repetem, desde que o mundo é mundo, desde que o homem apareceu na face da Terra.
Não consigo conceber que, apesar de tantos anos de história, de guerras, de discriminações, de sofrimentos, o mesmo continue acontecendo no presente século.
Quantas vezes ouvi falar que no Futuro as coisas seriam melhores, que no século XXI, na Era de Aquário, o mundo viveria em Paz. Para mim, o Futuro já chegou e não vejo Paz em lugar nenhum.
Os mesmos pensamentos mesquinhos, os mesmos pecados capitais, as mesmas fofocas, as mesmas discriminações, a mesma fome, a mesma miséria, a mesma competição desleal.
A minha parte já foi feita. O meu “tijolinho diário” para a construção de uma nova sociedade, já foi colocado.
Não me conformo com o fundamentalismo religioso grassando por toda a parte, seja ele cristão, islâmico, judeu ou budista.
Não me conformo com a exploração das pessoas, com as humilhações sofridas diariamente tendo como causa o dinheiro. Por causa dele, as pessoas se prostituem, se drogam, se matam, se corrompem e nada acontece. É absolutamente normal!
Vivemos um ciclo vicioso e ninguém faz nada. Apenas senta-se e espera passivamente.
E os governantes? Só pensam nas próximas eleições, mesmo que para isso tenham que manter o povo mergulhado na ignorância e na miséria. Assim, têm motivos para alimentar-lhes a Esperança que, como diz o ditado, “é a última que morre”.
A minha Esperança já morreu, não acredito em mais nada e em ninguém, e peço licença para deixar este mundo.
Não sei o que me espera do outro lado, contudo, como gosto de desafios, estou partindo para mais um.
Tenho certeza de que tudo ficará esclarecido no momento da transição, da passagem.
Vocês não notarão a diferença nem sentirão a minha falta. Alguns talvez fiquem impressionados com o requinte e com o ritual que eu pratiquei no momento da partida quando lerem o meu obituário. Todavia, uma semana depois, não notarão a diferença e tudo voltará a ser o que era.
Agradeço o apoio dos amigos leitores e simpatizantes. Talvez, algum dia, nos encontremos em algum lugar no tempo e no espaço e espero que seja um encontro agradável.
Aqui me despeço no momento da partida para a Eternidade.
Adeus!


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