Vendo melhor as montanhas,
suas formas, suas curvas,
sem olhar suas entranhas,
sem que vistas fiquem turvas,

qualquer superfície da terra,
acidente natural,
você vê que algo encerra
de objeto florestal.

A tal de topografia
dita a vegetação,
no clima influencia,
a tudo dá direção.

Por isso, é estudada
de três modos bem distintos;
para ser analisada
observamos seus recintos.

Altitude, elevação:
quanto maior, menos ar,
ou seja, rarefação,
pouco ar pra respirar

e mais frio o lugar.
Mais encorpado, o vento
pode se acelerar.
Lá em baixo é mais lento.

Entre dois morros uivantes
há sempre longo sopé,
os vales são propagantes
do fogo de dar no pé.

Sol nascente é do leste,
à direita da montanha,
sol poente, no oeste,
lusco-fusco arreganha.

A montanha que se preza
fica voltada pro norte,
é lá que a gente reza
pra merecer melhor sorte,

pois ela quer energia
de frente, pra compensar
a face de trás, mais fria,
que costum"até gelar.

E, assim, vai propagar
incêndio, mais amiúde
que outra que se prostrar
com a mesma altitude,

pr"outro ponto cardeal.
Isso é exposição;
num incêndio florestal
facilita combustão,

pois material de risco
seca logo, evapora
sua água, como cisco
que avoa d"uma tora.

Fogo de morro acima
pega mais velocidade
que mulher que desanima
manter a fidelidade.

Fogo de morro abaixo
custa mais pra alastrar,
como quem perdeu o facho
e não sabe mais achar.

As massas de ar mais quentes
tendem a subir o morro,
os materiais mais rentes
ficam a pedir socorro,

quando as chamas alcançam
o nível em que estão;
é aí que eles "dançam",
e sofrem por convecção.

Declives e aclives são,
portanto, partes do tema
que vimos, da inclinação,
brincando com velho lema.

Veja antes===>>>Grandes labaredas