Sexta - feira passada fui até o ponto de ónibus, que fica na esquina da minha casa e minha mãe ficou no portão observando. De repente surgiu um mendigo, suado, com uma bermuda larga e alcoolizado, que parou na minha frente e disse:
- Boa - tarde!
- Eu sou pedreiro, jardineiro, pintor e estou procurando emprego.
- Você precisa de alguém para estes serviços?
Então eu respondi:
- Não.
Assim ele perguntou:
- Sabe de alguma pessoa que precisa de alguém para fazer estes serviços?
Desta maneira, eu comentei:
- Tem um mercado há algumas quadras daqui, lá eu acho que eles estão precisando.
Deste jeito, o rapaz disse:
- Eu não sou vagabundo, pois sou trabalhador. Eu até tenho uma cicatriz na coxa por causa de um acidente de trabalho que eu tive.
Após falar isto, ele abaixou uma parte da bermuda, mostrou a marca e continuou:
- Também tenho uma cicatriz no peito por causa de um outro acidente de serviço.
Então, ele ergueu a camiseta e mostrou a marca.
Com estas atitudes fiquei ruborizada.
Depois destas palavras, o moço falou:
- Eu possuo uma outra cicatriz na virilha...
Naquele instante eu interrompi e gritei:
- Não!
- Não precisa mostrar, pois eu acredito em você!
Com a intenção de me livrar do constrangimento, indaguei:
- Você quer uma moedinha de um real?
Então, o rapaz esbugalhou os olhos e gritou:
- Eu não estou pedindo esmola, eu estou pedindo emprego!
Naquele instante tentei manter a calma e não demonstrar medo. Desta maneira, ele comentou:
- Obrigada por me escutar.
- Até logo!
Quando o mendigo se afastou, minha mãe veio correndo em minha direção e perguntou:
- O que ele queria?
Assim respondi:
- Pedir emprego.
Ela ralhou:
- Cuidado com estes mendigos, pois eles são perigosos!
Naquele instante o ónibus chegou, entrei no coletivo e pensei:
- Tomara que este moço, mesmo sendo mal encarado, consiga um emprego.
Luciana do Rocio Mallon