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Cronicas-->MEMÓRIAS DE PIRACICABA -- 26/02/2000 - 22:42 (Paccelli José Maracci Zahler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MEMÓRIAS DE PIRACICABA

Paccelli M. Zahler

Eu havia visitado a cidade em 1991, porém minhas incursões tinham ficado restritas à universidade. Essa é uma das desvantagens de se viajar a serviço. Tudo é programado. Tem de se estar no lugar estipulado em uma determinada data e retornar em outra pré-estabelecida. Como resultado, dificilmente se conhece os lugares visitados como se desejaria. Mesmo assim, tive a oportunidade de visitar a Catedral e o Mercado Público.
Uma das cenas que me marcaram aconteceu na Estação Rodoviária, enquanto eu esperava o ónibus para São Paulo.
Um rapaz havia adquirido uma ficha para tomar um copo de suco na lanchonete de um japonês. Como o suco não lhe agradara, ele estava reivindicando a devolução do seu dinheiro ao que o dono do etabelecimento não concordava.
- O suco estava horrível!
- "Non" estava!
- Estava, sim, e eu quero meu dinheiro de volta!
- O suco está "bon" e "non" devolvo "dinhelo"!
- Então, eu levo o copo!
- "Non" leva!
- Levo!
O rapaz saiu correndo com o copo na mão e o japonês correndo atrás dele.
Fiquei um pouco impressionado e, de onde estava, era possível ouvir os gritos:
- Devolve copo!
- Não devolvo!
- Devolve copo!
- Não!
- Devolve!
Ouvi, então, o ruído de algo quebrando e o japonês xingando enraivecido.
Minutos depois, o japonês voltou cabisbaixo à lanchonete e um conhecido lhe perguntou:
- O que aconteceu, "japa"?
- "Fataputa" quebrou meu copo!
Não resisti e desatei a rir, assim como todos os que esperavam o ónibus para São Paulo naquela manhã.
Tempos depois, voltei à cidade e, para variar, novamente a serviço.
Próximo ao meio-dia, meu colega e eu demos uma volta pela cidade e nos deparamos com uma ponte pênsil o que, para mim, foi uma grande surpresa.
Maravilhado com o Engenho Central, passei pela experiência mística de senti-lo em pleno funcionamento como no início do século.
Meu colega sugeriu almoçarmos no restaurante Parque do Mirante. Entre um gole de cerveja e outro, fiquei observando da janela o santo do rio Piracicaba e três garças esperando por um longo tempo o peixe que não vinha. Segundo me informaram, anos atrás não faltava peixe. Hoje, no entanto, o volume das águas baixou, há um leve cheiro, não muito agradável, de dejetos de esgoto e, em alguns pontos, pode-se observar a formação da espuma característica da poluição.
Um passeio pelo bosque do Parque do Mirante, com suas escadarias e suas árvores de troncos grossos, foi capaz de me transportar para o início do século XX. E lá, quantas moças casadoiras passearam com suas famílias e sonharam em encontrar um namorado, fosse ele um funcionário do Engenho Central ou um estudante da Escola Superior de Agricultura; quantas pessoas não haviam caminhado por aquelas calçadas, à sombra das árvores, admirando as águas límpidas e piscosas do rio Piracicaba?
Pois é, o rio pode estar morrendo ou até secando pelo mau uso de suas águas. Ainda assim, tenho a esperança de retornar àquela cidade muitas outras vezes e desfrutar a vista do salto do rio Piracicaba, já imortalizado pelo cancioneiro sertanejo. Quem sabe até tomar um suco de laranja na lanchonete do japonês da Estação Rodoviária.
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