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Cartas-->GOTAS (amargas) DE AMOR -- 09/03/2006 - 17:24 (Ivone Carvalho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
GOTAS (amargas) DE AMOR
(Ivone Carvalho)

Não direi que estou calejada, vez que descobri que até nesta fase da vida, em que me encontro, me deparo com enganos, decepções, erros crassos ao acreditar que sou capaz de enxergar a alma e os sentimentos das pessoas às quais me apresento de coração aberto e com entrega total e, somente o tempo (muito tempo) acaba me mostrando o quanto errei ao crer na sinceridade do que ouvia e dos atos que eu julgava serem praticados com lealdade e amor.

Descobri que sou incapaz de conhecer alguém verdadeiramente, porque acredito na ilusão dos meus olhos, dos meus ouvidos, do meu coração.

Eu seria capaz de garantir, sem pestanejar, que reconheceria, em qualquer lugar deste planeta, o ser que materializasse tudo que sonhei, porque cria piamente que aquele que soubesse interpretar a minha alma, que revelasse extrema identidade com o meu modo de ser, de pensar, de agir, sentisse por mim tudo que eu lia nos seus olhos, que ouvia da sua boca, que encontrasse nos seus gestos.

Errei e como errei! Descobri que a sensibilidade e até o amor podem ser teatralizados quando existe platéia, tietes, paixão.

Descobri, tristemente, que algumas pessoas, sob o manto de pretensas carências afetivas, de sonhos que completem seus mais íntimos sentimentos, de demonstrações efusivas de realização pessoal, esquecem que do outro lado existem seres humanos de verdade e que brincar com sentimentos, em qualquer fase da vida, pode causar rombos incorrigíveis e feridas incicatrizáveis, em corações eivados de boa fé, repletos de amor sincero para ser doado em toda sua dimensão ao ser que se dispôs a recebê-lo. Descobri que o anonimato também é um manto protetor da maldade, de espadas que são fincadas em nossas costas, para que sequer vejam os nossos tristes olhos derramando suas lágrimas de dor.

Encontrei pessoas que demonstram crer firmemente, que o tempo muda sentimentos, cura feridas sentimentais, faz esquecer, colabora com o fenecimento do amor, apresenta outras pessoas capazes de fechar chagas, abertas por punhais insensíveis que cutucam o fundo de nossa alma, até perfurá-la, abandonando-a ao sangramento.

A essas pessoas deixo o meu sorriso amarelo, apenas em atenção à predisposição de tentarem aliviar a minha dor ou de demonstrarem o seu divertimento com ela. Mas, deixo claro que não me convencerão, pelo simples fato de desconhecerem uma ferida tão aberta e tão machucada. E desconhecerem, também, a extensão do sentimento que se viu tão ofendido.

Encontrei pessoas que jamais deixaram de se divertir com o sofrimento alheio, muitas das quais foram armas bem calibradas utilizadas para o vaticínio.

A todas elas eu dedico minhas orações. Tanto quanto as dedico ao meu algoz. Sei que todos passarão a vida buscando a mesma felicidade que eu havia encontrado e que me foi extirpada como se fosse um câncer maligno, tendo o feitor buscado destruir cada célula da minha alma. Oxalá a encontrem!

Não, eu não direi que estou calejada. Direi, apenas, que o meu coração endureceu, que um único ser foi capaz de me transformar, primeiramente plantando um jardim perfumado dentro de mim, e, depois, arrancando cada galho, cada flor, cada semente, sem anestesia, até remover toda a terra capaz de reproduzir, deixando, enfim, um terreno árido, improdutivo.

Ninguém conseguirá compreender o que isso significa verdadeiramente. Nem mesmo o jardineiro que também assumiu o papel de destruidor. Destruidor de sonhos, de crenças, de esperanças, de magias, de encantamento, de ilusões.

É bem verdade que a vida continua e que dela devemos absorver o que há de melhor e que o melhor é produzido por nós mesmos. Somos os únicos responsáveis por isso. Mas não é verdade, que a vida seguirá seu caminho com a mesma alegria e a mesma felicidade para quem amou de verdade, solitariamente.

09/03/2006


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