O Passarinho do Interior Que Foi Tentar A Vida Na Cidade Grande
Eu sou a Fada da Natureza Na Cidade , minha função é proteger os animais que moram nas grandes metrópoles , por isto eu também moro numa cidade grande .
Semana retrasada , eu estava na minha casa , escutando os cantos e as vozes dos pássaros :
- Bem – te – vi !
- Quero – quero !
- Qüi – qüi !
- Piu – piu !
- Arara ! ( Sim , agora nas grandes cidades existem araras livres , também )
Quando de repente , escutei um som de um pássaro diferente :
- Chuá – chuá !
Então , eu pensei :
- Este é um canto de um pássaro do interior , que não existe na cidade .
Assim , fui até a janela e vi este pássaro interiorano , que me falou :
- Bom – dia , Fada da Natureza na Cidade !
Deste jeito , eu disse :
- Bom – dia , pássaro do interior !
Desta maneira , esta ave , exclamou :
- Por favor , preciso da sua ajuda !
Então , eu perguntei :
- O que aconteceu ?
Assim , o pássaro desesperado , falou :
- Eu sou um pássaro do interior , que veio tentar a vida na cidade e só se deu mal .
Deste jeito , eu indaguei :
- O que foi que aconteceu ?
Desta maneira , o pássaro disse , bem afobado :
- Primeiro , eu vim visitar o meu primo joão – de – barro , mas a sua casa foi tomada pelas andorinhas sem - teto . Depois , eu fui procurar emprego , mas não existiam vagas , por causa do excesso de população na cidade . Para piorar , fiquei sabendo que várias pombas da praça central foram envenenadas por seres humanos egoístas ...
Então , interrompendo a conversa , indaguei :
- Você não gostaria de entrar na minha casa , comer um prato de alpiste e me contar esta história com calma ?
Assim , a ave entrou em minha casa e contou toda a sua história , as palavras deste pássaro foram estas :
- A minha vida estava muito complicada no interior , então eu escrevi uma carta para o meu primo joão – de – barro dizendo que iria visita –lo e que pretendia arranjar um emprego na cidade grande .
- Não tive resposta , mas mesmo assim , resolvi investir na visita . Chegando na casa do meu primo , bati na porta e algumas andorinhas vieram me atender . Deste jeito eu perguntei :
- Por favor , o joão – de – barro se encontra ?
Então , uma das andorinhas falou :
- Ele não mora mais aqui , pois nós somos as andorinhas sem - teto , as novas donas desta casa .
Desta maneira , indaguei :
- Vocês sabem para aonde ele foi ?
Assim , uma das andorinhas respondeu :
- Não sabemos do paradeiro dele .
Então , como já estava tarde , resolvi achar uma árvore para passar a noite . Mas , em todas elas existiam ninhos e casinhas já com os seus donos . Investiguei árvore em árvore . Até que um bem – te – vi , perguntou :
- Você não é daqui , né ?
Assim , eu respondi :
- Sou um pássaro do interior . Eu iria passar esta noite na casa do meu primo , o joão – de – barro , mas as andorinhas sem – teto tomaram a casa dele . Então , procurei um canto de uma árvore para dormir , mas todos os cantos de todas as árvores estavam lotados .
Desta maneira , o bem – te – vi , falou :
- Se quiser , você pode passar esta noite na minha árvore , pois ela sempre tem um canto reservado para algum viajante .
Assim , passei a noite na árvore do bem – te – vi .
No dia seguinte , ao amanhecer , cumprimentei o bom pássaro :
- Bom – dia , bem – te – vi !
- Obrigada pela hospedagem !
Deste jeito , o bem – te – vi , disse :
- Bom – dia !
- O que você irá fazer hoje ?
Então , respondi :
- Procurarei emprego !
Desta maneira , o bem – te- vi , falou :
- Espero que tenha sorte , pois a situação aqui , na cidade grande , está difícil .
Assim , eu falei :
- Mas , sempre tem uma vaga para quem é bom profissional .
Deste jeito , o bem – te - vi , disse :
- Você é que pensa ...
- Boa – sorte !
Então , comprei o jornal , fui procurar emprego e o primeiro anúncio que eu me interessei foi :
- Precisa – se de vendedor de alpiste !
Ao chegar no local , havia uma fila enorme . Assim , esperei , até que chegou a minha vez e o entrevistador perguntou :
- Quantos anos de experiência você tem , em carteira assassinada , como vendedor de alpiste ?
Assim , eu falei :
- Nenhuma , mas eu estou ávido para aprender ...
Deste jeito , o entrevistador falou :
- Então , você não serve para a função !
Desta maneira , li o jornal novamente e eu achei outro anúncio , que dizia assim :
- Precisa – se de recepcionista com excelente aparência , não se exige experiência para a função .
Assim , eu pensei :
- Bem , pelo menos para ser recepcionista , não precisa ter experiência .
Chegando lá , tive que enfrentar outra fila enorme . Mas , esperei a minha vez e consegui entrar na sala do entrevistador . Lá , ele me olhou de cima a baixo e falou :
- Você leu o nosso anúncio no jornal ?
Deste jeito , eu respondi :
- Sim , senhor !
Desta maneira , o entrevistador perguntou :
- Você se lembra do que estava escrito ?
Então eu falei :
- Sim !
- Precisa – se de recepcionista com excelente aparência , não se exige experiência para a função .
Assim , o entrevistador disse :
- Nós queremos funcionários com excelente aparência !
- Você parece estar velho , abatido e este seu terno não combina com os seus sapatos .
Então , desanimado , eu procurei outros empregos , que estavam anunciados no jornal . A procura foi inútil , porque uns exigiam anos de experiência , e , outros exigiam beleza , duas coisas que nunca tive .
Eu estava sobrevoando a praça , muito faminto , quando vi no canto da igreja , um amontado de alpistes com umas bolinhas vermelhas . Assim , me aproximei para fazer a refeição , quando de repente apareceu o meu amigo bem – te – vi , que exclamou :
- Não coma isto !
Deste jeito , eu indaguei :
- Por que ?
Desta maneira , o bem - te – vi , explicou :
- Porque esta comida para aves está com veneno !
Então , eu me espantei :
- Verdade ?
Assim , o bem – te - vi , disse :
- Sim !
- Tem humanos maus que colocam venenos em alpistes e em pipocas para matarem as inofensivas pombas !
Deste jeito , eu me espantei .
Então , o bem – te – vi , apontou para umas pombas mortas e falou :
- Aquelas pombas morreram porque comeram pipocas com veneno .
Deste jeito eu falei :
- Então , o melhor que tenho a fazer é sair da cidade para voltar ao interior . Mas , o problema é que não sei o caminho de volta .
- O que devo fazer ?
Assim , o bem – te – vi , disse :
- Procure a Fada da Natureza na Cidade , que ela terá a solução .
Bem , após o pássaro do interior ter contado esta história toda para mim , que sou a Fada da Natureza na Cidade , eu mandei o pobrezinho de volta para o interior . Mas o que ele não sabia era que , enquanto tentava a vida na cidade grande , a sua árvore foi invadida por pássaros sem – ninho . Neste caso , o problema é que nem a natureza tem a solução para este tipo de situação .
Pobre pássaro do interior ...
Luciana do Rocio Mallon .
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