Usina de Letras
Usina de Letras
237 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62073 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10302)

Erótico (13562)

Frases (50482)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Humor-->UMA FÉ NEM TÃO FIRME -- 30/05/2008 - 09:59 (ANGELA FARIA DE PAULA LIMA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UMA FÉ NEM TÃO FIRME ASSIM...

Escancaram-se nos dias de hoje, com a mídia até tendo um aparente prazer nos índices de Ibope, os dramas das Isabellas da vida... Tenho imensa tristeza, mas esse fato é antigo, e acredito que se faz necessária, e muito mais, a ação antecipada de cada um de nós, e bem menos a nossa piedade sobre o fato consumado!

Meus pais pensavam assim. E praticavam assim. Sempre que possível estavam tentando se antecipar àquele futuro previsto para várias pessoas que, muitas vezes, só precisavam de uma ajuda nem tão complicada. Nunca deram esmolas. Preferiam dar um trabalho e pagar por ele. E mais que isso, davam atenção, faziam as pessoas se sentirem importantes por serem humanos e iguais, em tudo, a todos. Seguidas vezes, os vi acolhendo desabrigados, provendo pessoas carentes das necessidades básicas, oferecendo um chuveiro para um banho de dignidade incluindo uma roupa nova e limpa. Mas tudo isso depois de terem oferecido algum serviço que justificasse o ganho, conscientizando essas pessoas, de que não estavam devendo nenhum favor, pois aquilo tudo era fruto de um trabalho honesto. Como diz o ditado: DAVAM A VARA E ENSINAVAM A PESCAR. Não faziam POR eles, faziam PARA eles.

Quando mudamos para Pirapora, no norte de Minas, meu pai, então Delegado, recebeu um garoto chamado Vítor que vinha fugindo de seu pai, que ao beber, dava-lhe violentas surras de vara!...Chegou com o corpo cheio de escoriações, quase nu, esfomeado e evidentemente desamparado. Acostumado que estava a prestar socorro, meu pai nem pensou duas vezes, e levou o menino para nossa casa para perguntar à minha mãe o que eles poderiam fazer. Ao olhar o abandono total e a carência, minha mãe tratou de arrumar um quarto fora de casa, para que o garoto passasse a noite ali. Providenciou comida, banho, roupa limpa, e acomodou o rapazinho, para pensar no dia seguinte, o que fariam com ele.

E Vítor foi ficando por ali, mostrando ser uma pessoa de boa índole, confiável, embora moleque como qualquer criança de sua idade. Devia ter uns doze anos. Acabou sendo incorporado à família, e então passou para um quarto dentro de casa, sendo acolhido como filho. Foi matriculado na mesma escola em que eu e meu irmão estudávamos, e para todos os efeitos, passou a ser conhecido como filho do delegado.
Tanto foi incorporado, que meus pais se esforçavam para que ele freqüentasse a Igreja Presbiteriana conosco. Mas isso ele recusava, e dizia que não mudaria de religião. Por fim, deram-lhe sossego e não insistiram mais.

Estudávamos os três, em um colégio de freiras, o melhor da cidade naquela época. Como éramos protestantes, não éramos obrigados a freqüentar as aulas de catecismo. Somente Vítor as freqüentava, dada a sua condição de católico. Mas moleque que era, vivia criando problemas com a irmã que ensinava religião.

Um dia, depois de fazer alguma arte, a professora colocou-o de castigo dando-lhe a obrigação de escrever cem vezes um dito de um santo do qual nem me lembro mais, tanto tempo já passado!

Vítor voltou para casa e nada contou a meus pais, pois sabia que ia levar uma reprimenda a mais... Quieto, pegou duas folhas de papel carbono, inseriu-as entre as folhas do caderno e começou a escrever a dita frase pensando que assim sua preguiça passaria despercebida. Por azar dele, minha mãe passava na sala, quando percebeu aquela situação estranha. O carbono entre as folhas do caderno! Perguntou o porquê daquilo e ele teve que explicar a situação. Ela quase morreu de pena, mas achou o castigo merecido. E, na intenção de livrá-lo, encontrou uma alternativa surpreendente.

Olhou firme para ele e perguntou:
-Você é católico ou protestante?

Ele quis entender o porquê da pergunta e ela disparou:
-Quero saber, por que, se você for católico, vai ter que tirar esse carbono e sofrer o castigo imposto de maneira correta! Mas se você for protestante, amanhã mandarei um recado para a diretora da escola dizendo que a partir de agora não mais freqüentará as aulas de religião, como todos os de casa!
Vítor coçou a cabeça, pensou, olhou para o caderno e respondeu:

-DONA WANDA... NESSE CASO EU FICO NA FÉ PROTESTANTE!...

E não é que permaneceu a vida toda nela?....
29/05/2008


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui