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Teses_Monologos-->Atração elementar -- 29/05/2004 - 00:49 (CARLOS CUNHA / o poeta sem limites) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





Atração elementar



Gosto de sentir o calor da terra no meu corpo. Apetece-me deixar que a terra me incorpore como sua, enquanto te espero no limbo de cada noite, nestes tálamos nossos onde somos, meu amor, a origem e o fim de todas as nascentes.
Imagino-me uma raiz cravada no húmus, caule presumido de terra, tronco ereto saindo do seu leito telúrico para me abraçar na eternidade de te querer.
Corre mansamente o ribeiro dos sentidos na volúpia da espera. As minhas mãos são já folhas e os meus braços troncos, toda eu telúrico desejo de esmorecer na brandura fértil dos teus braços.
Despertarei com a seda do teu toque que me seguirá a curva do seio, até à concha do ventre, parando nesse lugar onde mora o segredo de uma mulher. No estio do sonho, na sua crina azul ao vento, estremeço como superfície da água que uma pedra perturbasse.
São círculos concêntricos dos teus dedos em redor de uma epigrama, inventado pelos teus caprichos de amante.
Não paras de tocar o meu corpo com a doçura do violinista pelo seu velho violino, tão alheado de mim, como se a minha pele te contasse histórias que só tu lês,
um Braille inscrito no meu corpo que tateias.
E eu fundo-me com a Terra mãe e sou por ti arada, revolta, aberta, lavrada para a sementeira. Ah, meu amor, a suavidade única dos teus dedos esse arrepio que me rasga os sentidos em mil bocados de papel incandescentes!
O meu corpo suspenso nas tuas mãos, depois na tua língua e então as bocas procuram-se e selam o silêncio dos corpos.
Soergues-me para ti e crava no meu sexo a tua boca sequiosa, em murmúrios de sofreguidão e sede. De terra passo a Fogo, à medida que as tuas mãos me moldam para o teu gozo.
Na impiedade da tua boca, incandescências mil ocorrem no epicentro do meu corpo, enquanto o magma dos teus dedos se precipita na minha pele, rápido, voluptuoso,
com a voracidade e a urgência das madrugadas que perdemos.
Sou então a própria árvore da vida ardendo de braços eretos para o céu.
O fogo atinge a mancha breve dos cabelos, eu desprendo-me em murmúrios inconcludentes, e procuro na tua pele a frescura que me salvará. Penetras-me com súbita urgência, ficando então ambos a planar abraçados, como se invisível tapete mágico nos levasse pelos ares em direção aos quatro pontos cardeais: uma espiral por onde se escoa o próprio tempo. Somos agora a leveza do Ar rarefeito nos sentidos e caímos de cascatas de cor azul, onde o arco-íris se decompõe nas cores do nosso riso. Poucas pessoas riem enquanto fazem amor. Mas tu ris. E fazes-me rir, com as coisas que me dizes. Somos o próprio teto do mundo na leveza do riso. Então, em espasmos, em ondas, em vagas, em remoinhos, num dialogo de corpos e de sons, semeamos o ar com o harpejo das vozes subitamente enrouquecidas, vindas de um ponto distante do olhar, tu suspiras, eu suspiro e somos de novo a Água primordial da vida, nos corpos exaustos, transpirados, aguados de doces fluídos.
Adormecemos terra nos braços da ternura. O sonho nos recolherá em seu cadinho de alquimista e de novo as duas gotas que sobraram da transmutação dos elementos se transformarão no perfume raro do desejo... O ciclo do amor uma e outra vez em nossos corpos se renova, noite após noite, enquanto a paixão nos elevar a essa atração elementar que sempre uniu e unirá um homem e uma mulher.






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CARLOS CUNHA/o poeta sem limites

dacunha_jp@hotmail.com







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