Tudo se fez silêncio e solidão...
tudo se fez pequeno e vão.
A falta de motivação
descoloriu -me a tez.
O tédio, desinibido,
tomou conta de mim.
No dia amanhecido
sem brilho, sem graça,
nem o riso da rua disfarça
meu pesar incontido.
O tempo não cristaliza a alma,
que se lanha e desgasta
e consigo leva os entremeios
e a pluralidade dos anseios.
O que era múltiplo unificou-se
e o uno possui as limitações
de uma inútil expectativa.
O fundo do prato trincou,
o sabor arrefeceu...
Tantas colheres em ação
desandaram o mingau,
transmudaram-lhe a cor.
O petisco é página virada.
Ora espero um verso novo.
Que se achegue com o sabor,
da elite ou do povo,
do peão ou do doutor.