Tio Serafim
maria da graça almeida
Ai de mim, tio Serafim,
Sinto pena de você
Que me olha e não me vê!
Seu olho pequenino
Cegou-se desde menino.
Sua canela branquinha
Tem a cor da nuvenzinha
Que encobre o seu olho!
Quando um dia for embora,
Ficarei só, aqui fora,
Querendo vê-lo outra vez!
Ai, ai de mim.
Ai, tio Serafim.
Hoje os olhos velhinhos
Fecharam-se bem de mansinho.
Não tenho nuvens nos olhos,
Nem olhos velhinhos assim.
Por que não posso mais vê-lo?
Responda, ó tio Serafim!
Agora, só vejo no céu,
Uma estrela sem nuvem por perto,
Uma estrela piscando, por certo,
Olhando e sorrindo pra mim!
Ai, saudade sem fim.
Essa estrela piscando assim,
Uma estrela sorrindo pra mim...
É você, tio Serafim?
de Maria da Graça Almeida
Do livro Espelho -Poesias sem Mistério
|