MEU CONSCIENTE
O emaranhado de pensamentos perturba-me a calma:
já não sei pensar nem escrever.; estou farto.
Sinto-me cansado e distante, como se fora outro
ou como se nunca pudesse reconhecer-me.
Fujo e fico: nada resolverá meu problema
porque é exclusivo meu, de minha natureza.
A tudo pretendo dar valor, embora saiba disso.
É estranho: há algum tempo que não me angustio,
que não sinto a dor profunda, a aflição da existência,
como se eu já tivesse conhecimento da verdade
e não precisasse mais correr atrás dela.
Sou místico, mas subconscientemente.
Adeus, mundo velho, sempre jovem, sempre o mesmo:
dentro em breve partirei para novos desesperos,
pois a felicidade completa é apenas energia que se esvai,
que se perde na impressão do movimento.
12.05.58.
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