Lá no Piauí, entende-se por mangalheiro qualquer vendedor de magalhos: produtos da indústria doméstica ou de pequenas lavouras.
Nas regiões de Santo Antônio de Lisboa, Francisco Santos e Monsenhor Hipólito os mangalheiros são bons vendedores. O povo conta que ao pisar na lua Neil Armstrong foi abordado por Zebedeu, um mangalheiro de Francisco Santos que lhe ofereceu uma réstia de alho.
Antigamente os mangalheiros viajavam tangendo tropas, levando o carregamento em lombo de jegues. Depois passaram a viajar trepados em cargas de caminhões
conduzindo em suas bruacas de palha chamadas surrão, uma boa quantidade de alho, cebola, pimenta do reino, chocalhos, cinturão, apitos para chamar passarinho e outras quinquilharias.
Apenas a cebola e o alho eram produzidos em suas vazantes e mais tarde,a partir da década de 70 o alho passou a ser adquirido em Francisco Sá - Minas Gerais.
Os outros produtos que fazia parte do comércio ambulante eram comprados em Juazeiro do “Padim Ciço”.
Com o surgimento de uma lei federal que proibia viajar em cima de carrocerias, os mangalheiros ocuparam os ônibus nas linhas para o Maranhão, Pará, Goiás e quase todo o Brasil.
Vendendo mangalhos durante muitos anos, Zebedeu foi acometido de uma doença fatal que lhe abateu as forças. Prostrado em seu leito de morte. Certo dia - quase último de sua vida – recebeu a visita do compadre Zeferino, que, resolveu prestar ao amigo o último favor.
- Cumpade Zebedeu, nois num vai se vê mais. Eu quero saber se você quer ser enterrado aqui nos Pico ou em Francisco Santos?
