Na peça do meu teatro não haveria barulho, mas tão somente o silêncio das vozes sem voz. Pura voz, amarga no caldo das palavras ditas sobre um papel que fala e escuta o silêncio noturno das estranhas criaturas devoradas pelo criador. Criado mudo vive a falar sem nada a dizer visto que pelo que disse, não ousa conviver ou incomodar. Vegeta sobre a vegetação a que tem direito não sendo o dono do verde que passeia sobre córregos e rios sem nada a declarar. Segue o fluxo sem contemplar as paragens naturais ou de gente disfarçadas que pecam sem pecar, vive sem viver e morre sem nunca ter nascido.