Preciso começar já, não importa o quê.
Mas começar,
firmar o que sou e o que possa ser,
libertar-me das preocupações que estão para além de minha individualidade
e ser apenas eu.
Poesia é o que escrevo,
mas não sou poeta:
tenho-lhe apenas o espírito,
como algo que ansiasse por completar-se e não pudesse.
É impossível — determinadamente impossível —.
Vivo a remexer minha dor e a atestá-la,
não na transmitindo.
Sofro porque não posso
e porque quero poder.
Sinto um vazio enorme em tudo o que desejo.
Tudo por realizar-se.
Entretanto, eu só desejo a essência,
apenas isso.
15.08.58.
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