Alcancei a esquina da esperança, mas estava com depressões salientes na calçada da harmonia que era limítrofe à rua por onde a troça carnavalesca passava. Alegria mascarada em versos de quem só conhece o dilema e a dor. Encontrei a porta aberta numa casa e pensei estar sendo convidado a sentar e beber um pouco de água, pois o dia estava quente enquanto minha boca seca implorava por um copo de água. Não consegui nem estacionar um pouco na calçada, que estava sendo monitorada por um enorme esquema de segurança. Tive que ir para a rua juntar-me à troça carnavalesca que já estava bem adiante aproximando-se da ponte Buarque de Macedo, uma das mais extensas do Recife. Nessa época, eu era menino de calças curtas e visitava a cidade com meu pai. Foi quando visitando a biblioteca pública, li:
Recife.
Ponte Buarque de Macedo.
Eu, indo em direção à casa do Agra,
assombrado com a minha sombra magra,
pensava no destino, e tinha medo. (Augusto dos Anjos)
Mas não absorvi de imediato a mensagem delineada pelo autor que, somente hoje percebo seria alguém que tinha no sentir, uma enorme visceralidade, acreditando que o nascimento e a morte deviam ser fatos químicos. Mas... como fatos os químicos poderiam causar tanto medo?
Hoje, já compreendo o medo, entretanto mais insegurança e receio tenho quanto à indiferença de vivo estar e morto estar.