Não dava para ver muito à frente. A neblina cobria tudo de branco. Eu não lembrava o por quê de estar ali caminhando sem rumo. Eu me lembro que estava lendo. Será que adormeci? Será isto aqui um sonho? Se isto não fosse um sonho, eu deveria lembrar do que lia. Mas se fosse não deveria estar tão real. Eu continuava andando querendo achar algo. Onde eu chegaria?
O caminho por onde eu andava, de pedras soltas, era difícil de andar. Meus passos produziam barulho, fazendo as pedras rolarem. Em meio aos meus pensamentos confusos, escutei de repente, outros passos às minhas costas. Quem seria? O que seria? Seria? A neblina não me deixava ver. Mas poderia ser a minha imaginação. Deitei no chão e coloquei minha orelha no mesmo. Se houvesse alguém, eu escutaria. O barulho cessou. Um silêncio profundo se fez. Eu escutava meu coração. Eu escutava meu coração? Não! Minha respiração! Nenhum som. Só as pedras produziam som.
Começava a ficar nervoso. Eu estava nervoso. Eu piscava sem parar. Um suor escorria da minha testa. Um vento bateu e o senti esbarrar em algo. Folhas balançavam. Uma árvore. Havia uma árvore por perto. Eu tinha que encontrá-la! Segui o barulho. O vento! Meu Deus! Não! Não pare. Por favor, não se vá. Se foi, e quando voltaria eu não sabia. Teria que esperar. A neblina não deixava o lugar. Estas pedras barulhentas, redondas querendo me derrubar. O que acontecera comigo. Deveria rezar? Sempre fui só, não me enlouqueceria pela solidão.
O que era solidão? Eu sabia? Quem sabia? Já estava mais calmo. Parecia não haver perigo nenhum ali. O lugar era a metáfora? E de quem mais? Será que depois da vida, vem o que você não conseguiu dela. Eu queria mais, mas estava preso ali. Um sono veio chegando e eu adormeci. Quando adormeci, comecei a sonhar. Neste sonho, eu voltava a viver, e era tão real!...