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Cartas-->A CARTA QUE NÃO FOI. -- 10/04/2010 - 16:04 (Ana Zélia da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A CARTA QUE NÃO FOI.

A vida é breve, breve, breve. ( Ana Zélia)

Manaus, 27 de abril de 1979.

Querido Bosco, um abraço.

Lembra-te do dia em que deixaste o nosso querido Projeto Rondon e que designada para homenagear-te expressei-me usando o mesmo termo, querido Bosco, permita-me tratar-te assim, hoje, novamente uso a expressão.

Meu amigo faz tempo que não o vejo, a distância é grande, mas “Adeus não existe, o que existe é uma grande saudade”. Nossas Operações tão excelentes estão paralisadas, você não pode, não deve deixá-las de lado, o Governo, o estado, o povo, precisa do incentivo das operações. Pense um pouco, vale a pena.

Já sou advogada, inscrição provisória na OAB/AM 394, começo agora a ver que escolhi uma profissão de aristocrático, de afortunados, de apadrinhados. Confio em deus e em mim, não sei bajular, não tenho nada além da vida e problemas, desculpa-me falarei um pouco de mim, estou revoltada, desculpa-me.
Em 1968 vim do km.82 da Manaus-Itacoatiara, onde era agricultora com a idéia fixa de ser advogada.

Tinha apenas a 7ª série, concluí o ginásio, o Pedagógico, fiz Vestibular para Direito em 1974, passei, em 1978 concluí o curso. Sou Advogada, oh! Desengano cruel. Não estou arrependida, é o meu eu. Mas, estou pagando caro a audácia. Por esta Faculdade, destruí meu lar, minha vida, tudo. Casada que Ra com um elemento analfabeto, que para prender-me usava a violência, tive que deixá-lo e até agora não consegui mover Ação de Separação, por medo, visto que, por várias vezes tentou matar-me.

Trabalho na SEDUC (Secretaria de estado da educação e Cultura), como Agente de orçamento, vencimento Cr$ 5.200,00, colega é de pedir esmola com anel, diploma, etc. Chance, já era, Secretário é estranho, ninguém conhece ninguém. Requeri que me colocassem em um setor jurídico, ou transferência para Técnico de Nível Superior, aproveitando as vantagens do Dec. 2082, faz mais de um mês, está na gaveta da secretária do Sr. Subsecretário aguardando oportunidade para despachar.

Creio que daqui para o final do ano pelo menos ele terá 200 despachos e não esteja concluso. Mas é a vida.

Fui batizada, mas não tenho padrinho. Aguardar concurso, até lá, talvez já tenha perdido as esperanças. Há promessas para Juiz substituto, delegado de polícia. Farei o que houver, neste caso, a ajuda de deus basta, o resto faço eu, aí, sim, mostrarei a conclusão final da minha audácia. Agricultora- Advogada.

Minha filha Romy Schneider, está cursando o 3º ano de Química e fará vestibular para medicina, tem 18 anos, meu filho conclui a 8ª série, Harlheinz Schneider, tem 16 anos a menor Amy, faz o 2º ano, tem 8 anos.
Por eles darei minha vida, se preciso for, eu os adoro..

É esta parte da minha vida; lamento até hoje, aquele caso em Maués, estava ansiosa para fazer algo, não me deixaram. É sempre assim. Mas eu amo a vida. Vou vencer. Chegarei lá, ainda que tarde.

Meu amigo, que o senhor te proteja, aí, neste centro do Brasil, que Ele te ilumine, pois queiramos ou não, ainda somos o fim do mundo, apesar da cobiça;
Um abraço da amiga rondonista.

Ana Zélia
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

O que chama a atenção nesta carta é que comecei com caneta azul, mas a tinta acabou e escrevi com tinta preta, você não começa uma carta para um senador coma frase A vida é breve, breve, breve. Só o destino pode dizer o que aconteceu.

Por que “A carta que não foi”, tinha escrito e estava nos correios para a postagem, quando ouvi num rádio que o Senador João Bosco ramos de lima tinha tido um infarto no Senado. Esta ma UTI, mas não havia esperanças. Chorei copiosamente, era um amigo, radialista que chegou a ser senador depois de ter sido deputado estadual, era Presidente do Projeto Rondon, do qual fui monitora. O discurso de despedida diante de mais de 300 alunos foi elaborado e lido por mim, era apresentadora do Coral Universitário e do projeto Rondon. Tinha sido convidada pelo então Vice=Governador do estado, radialista João Bosco ramos de Lima para ser cvandidata a deputado estadual pela Arena, acabara de chegar da Câmara dos deputados onde fiz o estágio a nível nacional tendo destaque, acontece que fui indicada pelo então deputado federal José Mário Frota, do MDB, não podia de formar alguma trair uma pessoa que confiou em mim sem me conhecer, apenas como aluna indicada pela Faculdade de Direito. Perdemos o amigo, mas eu tenho um padrinho poderoso São Benedito (Rei do Mar) e minha madrinha é Nossa senhora da Conceição, além de ser muito afoita, dizia: o que dependesse dos outros não tinha jeito, o que dependesse de mim, só deus tiraria, porque ia fundo, estudava desesperadamente dia e noite, na rua, nos ônibus em todo o canto. Bosco deve ter seu canto no céu, eu continuo lutando por filhos e por netos. Manaus, 10.04.2010 (Ana Zélia





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