A ausência de si próprio, marca um desfalque intencional ou não em que tudo mitiga-se, inclusive o respeito. Vivemos na nossa verdade, a instalar nas verdades alheias prescrevendo e ajuizando o destino delas. Conveniente e notoriamente absoluto, ela percorre espaços inapropriáveis e instala-se. Buscar uma presença aleatória, além do limite da ausência, presume-se mergulhar no vazio séquito do eu no universo alheio. Atiro e erro. Falo sem eco. Envio e não transmito. Há que se desejar sem direito a posse. O outro é outro. A ausência abre a guarda e festeja a invasão na presença tomada por empréstimo do outro em mim. Não haverá de ser permissão, o que se permite na ausência. Revelar-se no outro sem minha própria identidade, ausente completo do eu a imaginar-se no outro. Empatizar minha ausência permitida, sem anular o espaço a que de direito tem o outro sublimado no sofrer cotidiano de ausente estar. Estar tão somente momentàneo por entre esquinas e ruas, caminhando quarteirões, percorrendo bairros, imergindo na cidade vazia repleta de ausências consentidas.