Quando o vejo balofo a fazer sorrisos,
prometendo, prometendo
promessas sem fim.;
quando o vejo ridículo dentro de tanta banha,
como a personificação de um presunto.;
quando o vejo magríssimo a fazer carrancas,
esbravejando, esbravejando
gestos sem fim.;
quando o vejo ridículo dentro de tanta roupa,
como a personificação de um palito,
tenho vontade de chorar,
de chorar pelo povo,
pelos iludidos.
Todos são ladrões: não há exceção.
Todos somos ladrões:
padres, professores, políticos, pobres, poderosos...
E eu tenho vontade de chorar.
Mas não sou diferente deles.
Quando me vejo pequeno a fazer vidas,
soluçando, soluçando
soluços sem fim.;
quando me vejo ridículo dentro de tanta burrice,
como a personificação da inutilidade,
tenho vontade de chorar.
02.10.58.
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