Viviamos todos na caverna. Cada um remoendo seus próprios passados. Eramos muito magros, mas fortes. Os olhos esbugalhdos e vermelhos e uma certa inquietação de defesa. Faziamos luto a uma amigo que se havia ido. Um pouco mais de coragem e isso lhe aconteceu. Ele havia ido mas para onde?
Estávamos todos nos odiando, mas nada acontecia. A caverna era quente e pouco clara. O ar seco que entrava pelo nariz fazia sangrar. Nós bebiamos nosso sangue e alimentávamos nossa dor. Já não me lembrava muito bem o motivo de estar ali.
A única coisa que nos fazia felizes era ouvir um som irreconhecível. Não conversávamos entre nós, mas sabíamos o que queriamos. Entramos pelo mesmo motivo. Fomos obrigados a entrar. Uma força maior nos empurrou. - De repente um deles se levantou. Limpou o sangue do rosto e chorando ele disse: Adeus. Já me vou. E foi andando ainda receoso, e deixando a todos perplexos. Então fecharam-se os olhos para não verem sofrer e não sofrerem. Quando então abriram os olhos, ele já não estava mais ali. Tudo era como antes.